XV - Bem-Me-Quer

3.4K 234 1.2K
                                    

...


Gosto de atrelar meus capítulos à canções que transmitam a vibe, e esse em especial é tão caótico e doido, que só poderia ser título de Rita.

"Ah Victoria, Rita não era baiana, tampouco carioca" foda-se vocês.

"Há muito tempo uma mulher sentou-se e leu na bola de cristal/Que uma menina loira ia vir de uma cidade industrial/De bicicleta, de bermuda, mutante, bonita/Solta, decidida, cheia de vida etc e tal/Cantando o yê, yê, yê, yê, yê, yê, yê".

- Quando, canção do grupo Doces Bárbaros.

Sua existência era uma barbaridade. De início, se chamaria Caso Sério, mas a licença poética se afunilou para que fosse Bem-Me-Quer.

Ah, casualmente, uma letra dos Rolling Stones. Vale a pena a leitura da letra.

Digam que me odeiam, mas digam que não vivem sem mim. Boa leitura. 🤍

OBS: GOSTARAM DA CAPA?????? Digam que sim. 🥹

...


A corrida de Salvador até a Praia do Forte foi a mais intensa e corrida da minha vida. Se eu pudesse não ter passado pelo pedágio ridículo que sequer aceitava cartões de crédito, não passaria.


Eu estava morrendo de medo de um homem que era um rato. Mole, fraco, tonto, idiota, eu tinha medo daquele, e medo da realidade com aquele. Isso me fazia em outros termos menos educados, uma mulher tão mole, tão fraca, tão tonta e tão idiota.


Sou uma mulher à beira de um ataque de nervos. O passado me atormenta, o presente me alucina, e o futuro me preocupa. Viver na minha casca é um mal delirante.


Ignorei todas as outras mensagens de Irina. No carro alugado e agora, plenamente capacitado e sem firulas que poderiam levar à uma explosão eminente, tocava Start Me Up, dos Rollings Stones, em modo repeat, porque eu não tinha o mínimo de paciência de trocar a trilha sonora já existente no carro em meio ao pavilhão de pensamentos que, de forma impaciente, me comiam o resto do cérebro, neurônio por neurônio, sinapse por sinapse.


You make a grown man cry, disse Mick Jagger. Mas um homem adulto era quem tinha me feito chorar. Enfim, sem mágoas.


Pensava em como poderia fugir daquela situação, mas só me encontrava mais afundada nela. Me perguntei onde tinha pecado tanto nessa vida. Numerei os pecados, como fazia de praxe:


- Xingava em voz alta, e em notas mentais;


- Mentia na cara dura, por muitas vezes;


- Não gostava de dividir, odiava dividir;


- Ignoro propositalmente algumas pessoas em específico pra seguir minha vida melhor;


- Sou muito obstinada na vida. Ambiciosa;


- Parti o coração de um homem que estava apaixonada por pura encrenca;


- Comprei minha carteira de motorista ao invés de fazer uma prova de validação;


- Fingia que gostava de cerveja só pra beijar na boca.


Porra, até na lista de pecados, Alexandre me atormentava insistindo em demonstrar o quão eu estava errada em todo e qualquer segmento da minha vida.

Esotérico - Uma Doce e Bárbara Viagem.Onde histórias criam vida. Descubra agora