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- Pov Rafaela -

Uma semana depois...

Desde o incidente, houve um revezamento entre eu, DiVincenzo, William e minha mãe, pra cuidar da Lari.

Ontem ela foi colocada na enfermaria. Quem tava lá era o William. Agora eu tô chegando pra trocar de lugar com ele.

Entro no quarto e eles estão conversando.

Rafaela: Oi ! E aí, como você tá se sentindo ? - pergunto a ela.

Larissa: Bem. E seu ombro ?

Rafaela: Quase 100%.

Larissa: Você não deveria estar aqui...

Rafaela: Eu me joguei em cima de você, enquanto um cara armado apontava uma arma pra você. Por que eu não deveria estar aqui ?

Larissa: Você ainda tá machucada e por culpa minha.

Rafaela: Ninguém liga pra isso. Se eu tivesse uma arma, tinha dado um tiro nele. - eu brinco.

Percebo que ela ta se sentindo culpada.

Em meio ao silêncio, o William fala.

William: Já que você está aqui, vou embora. Precisando de qualquer coisa, me liga.

Rafaela: Tudo bem.

O William pega a mochila dele, se despede da Larissa e vai embora.

Rafaela: Quer falar sobre isso ou podemos falar sobre outra coisa ?

Larissa: Você levou um tiro por culpa minha. Precisamos falar sobre isso.

Rafaela: Tudo bem.

Larissa: Existe uma parte da minha vida que eu costumo fingir que nunca existiu. Há anos eu trabalhei como Sugar Baby. Em um dos bailes que eu ia, conheci um empresário da minha cidade, que tinha envolvimento com os bandidos de um dos morros que eu costumava ir.
Em resumo, comecei a me envolver com ele. Na época, ele não usava drogas pesadas. Pelo menos não na minha frente.
Eu tinha uma amiga da escola que também fazia isso (era baby). Nós tínhamos um combinado de uma avisar a outra onde tava, pra se caso algo acontecesse, a gente ter informações pra passar.

Rafaela: Era com o mesmo cara ?

Larissa: Não. Mas num fatídico dia, eu estava com o cara no motel, quando ele começou a cheirar cocaína. Ele tinha começado com isso há pouco tempo. Antes era só maconha. Eu já tinha transado com ele e tava vestindo minha roupa. Minha amiga me mandou mensagem avisando onde tava e falou que aquela noite o cara tinha levado muitos brinquedos pra eles e a noite seria quase um 50 Tons de Cinza. Eu dei um breve sorriso e respondi ela.
De repente o cara virou pra mim e achou que eu tava tirando foto dele. Por ele estar usando drogas, eu achei que ele poderia tentar algo pior comigo.

Os olhos dela se enchem de lágrimas ao contar...

Rafaela: Lari, não precisa contar, se isso te faz mal.

Larissa: Preciso sim. - ela seca as lágrimas e continua - Enfim... Saí correndo pelo motel e fui embora sem olhar pra trás. Corri até próximo a uma cabine da polícia e depois peguei uma moto pra casa. Fingi que nada disso aconteceu. No dia seguinte quando eu estava na escola, a minha amiga não foi pra aula. De repente a diretora entra na sala e diz que ela foi encontrada esquartejada. Eu pirei. Achei que o Luís pudesse fazer o mesmo comigo. Acabei desmaiando na escola e minha mãe foi me buscar. Em casa eu acabei contando tudo pra ela, dei o dinheiro que eu tinha guardado pra gente mudar de cidade e ela decidiu me mandar pra cá pro meu tio.

Again, Jordan Poole.Onde histórias criam vida. Descubra agora