45_ Vai atrás dela!

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CHRISTIAN

Merda. Merda. Merda.

Eu só faço merda!

Puxei meus cabelos com força, apertando meus olhos e mordendo meu lábio com a mesma intensidade enquanto eu caminhava pela calçada das ruas do Brooklyn.

Eu sabia que tinha estragado tudo. Eu sabia. Eu sentia.

Meu peito apertado sentia.

Apressei meus passos pela calçada, correndo até a casa da tia Clarice, abrindo o portão e subindo as escadas. Bati várias vezes na porta esperando que ela pudesse me atender.

Suspirei, me sentando no chão controlando a minha vontade de me socar por inteiro.

De verdade, por que? Eu estava um pouco irritado pelo que a Lily tinha feito, mas ainda sim sentia que precisava de uma explicação.

Só que, como sempre, estraguei tudo. Sai de lá correndo antes que eu pudesse pensar.

Apertei meus olhos, sentindo meu coração bater mais rápido ao sentir as lembranças me invadirem.

<<<...

11 anos atrás...

Eu tinha apenas 14 anos na época.

Eu estava no ensino fundamental e nunca pensei que crianças da minha idade, ou como eles preferem se rotular, pré adolescente poderia ser tão cruel ao ponto de fazer bullying.

Limpei minhas lágrimas repetitivas, entrando calmamente em casa encontrando o cheiro familiar e uma música clássica saindo de um rádio bem antigo. A minha mãe estava ali.

ㅡ Filho? ㅡ Ela saiu da cozinha com seu sorriso. Engoli em seco jogando a minha mochila do sofá e me sentei lá. ㅡ Querido? O que foi?

Não aguentei e simplesmente desabei.

Eu sabia que não tinha condições suficientes para ter uma vida melhor, e também sabia que eu não tinha como ajudar a minha mãe e eu queria muito fazer isso.

ㅡ Eles me entregaram dinheiro. ㅡ Comecei a falar, em meio de soluços. ㅡ Me humilharam, mamãe. Falaram que eu não era digno da escola por ser pobre e não tenho como ajudar você.

>>>...

Atualmente...

ㅡ Chris? ㅡ Tia Clarice me encarou de um jeito confuso assim que abriu a porta e me viu. Ela estava com seu pijama, com seus cabelos na touca e seu rosto amassado. ㅡ O que tá fazendo aqui tão tarde?

ㅡ Eu estraguei tudo, tia. De novo. ㅡ Falei, entre soluços, sentindo as lágrimas escorrerem pela minha bochecha.

Eu tinha um bloqueio emocional.

Na escola, eu sofria bullying por não ter dinheiro e todo dia era uma coisa diferente. Na época eles me entregavam cédulas de dinheiro, roupas usadas, perfumes baratos e várias outras coisas acompanhadas de palavras como; " Quer uma ajuda? Eu posso fazer uma caridade, se quiser. "

Após a morte da minha mãe, quem foi que fez foram os que se alto denominava meus parentes. Pela frente eles agiam como se fossem bons samaritanos querendo ajudar um membro familiar, mas por trás era outra coisa.

Certo dia, escutei uma conversa entre dois deles: " Precisamos fazer alguma coisa. Christian está na pior, se eu quiser vencer a merda do contrato, preciso fazer caridade. Eu preciso fazer algo."

Aquilo doeu. Doeu como algo estivesse martelando em meu peito e perfurando meu coração em milhões de pedaços pequenos.

Eles não estavam tentando me ajudar de coração, e sim pelo bem deles mesmos. Naquele dia eu pensei que eu era um fardo, um atraso na vida de todos e não queria aceitar ajuda de mais ninguém.

Ajuda era a coisa que eu menos precisava.

E Lily fez isso. Lily quebrou a barreira que eu tinha e, de alguma forma, me ajudou e ajudou a Greta. Ajudou a biblioteca.

ㅡ Então, quer dizer que, você saiu correndo irritado pela Lily ter comprado a biblioteca? ㅡ Clarice perguntou erguendo uma das sobrancelhas, com a expressão um pouco confusa.

ㅡ Mais ou menos. ㅡ Afirmei, esfregando minha nuca. ㅡ Eu meio que me senti de volta no ensino fundamental, sabe? Ela, de alguma forma, me ajudou com o fato de ter comprado a biblioteca. Mas...

ㅡ Que merda, em! Você tá comparando a Lily com aqueles infantis?

ㅡ Não estou comparando, tia. Eu só... ㅡ Ela me interrompeu.

ㅡ Está sim. ㅡ Ela afirmou. ㅡ Olha só, das coisas que você poderia ter feito para chatear ela, essa foi a mais idiota! Chris, a Lily jamais faria isso por caridade ou por ter pena de você. Ela só queria ajudar você.

ㅡ Esse é o problema. Não queria que ela se sentisse obrigada a me ajudar.

ㅡ Você foi um idiota com ela. Pelo menos, daria alguns minutos para explicar a situação e não saísse feito um idiota! Ferrou com tudo você, né?

ㅡ Eu sei... ㅡ Abaixei a minha cabeça. ㅡ Eu sempre faço isso.

ㅡ Também não é assim, querido. ㅡ Ela pegou na minha mão. ㅡ Ela deve estar bem magoada agora, então aconselho que espere um pouco até a poeira abaixar. Depois você conversa com ela e pede desculpa, ou melhor, implora.

ㅡ Acha mesmo?

ㅡ Vai atrás dela, Christian! Porque eu tenho certeza que não vai encontrar ninguém como ela nessa vida. ㅡ Tia Clarice bateu em meu ombro, me fazendo sorri. ㅡ Até porque o amor da sua vida ela já é.

Assenti, sentindo meu coração pulsando.

Eu estava perdidamente apaixonado.

•••
Namaste!

Explicando; A parte difícil de escrever esse capítulo foi passar a imagem do bloqueio emocional que o Christian tem através de palavras.

Bem, eu posso esconder meus sentimentos muito bem, que dessa forma não. Eu sou muito sensível e sempre penso nos alheios antes de mim, e fazer com que o Christian fizesse ao contrário me doeu porque o eu senti a dor da Lily trilhões de vezes pior.

Então, se não estiver bom o suficiente, peço perdão antecipadamente!

Detalhando um pouco; A reação do Christian ao descobrir que a Lily " comprou " o imóvel foi que, na cabeça dele, a Lily fez a mesma coisa que as pessoas do ensino fundamental. Na cabeça dele, ela sentiu pena dele e resolveu ajudá-lo por pura caridade.

ENJOY!

Lily e Christian, Um Amor em Nova IorqueOnde histórias criam vida. Descubra agora