39_ Biscoitos de gengibre.

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LILY

Esfreguei minhas mãos umas nas outras, encarando o céu pela janela me perguntando qual momento em que a neve iria cair.

A chuva já tinha passado, mas o céu completamente fechado e o vento extremamente gélido demonstrava que a qualquer momento a neve poderia cair e fazer a cidade inteira ficar coberta. E eu estava louca para isso e, ao mesmo tempo, não.

O Natal estava chegando e, consequentemente, as férias de fim de ano também.

De repente, senti dois braços rodeando minha cintura e ele encostou sua cabeça em meu pescoço. Respirei fundo, sentindo seu corpo encostando no meu e meu coração batendo fortemente.

ㅡ Já podemos ir? ㅡ A sua voz suave soou na minha orelha, causando um arrepio pelo meu corpo inteiro.

ㅡ Já? ㅡ Mordi meu lábio inferior, hesitando, com um pouco de vergonha.

A ideia de conhecer alguém que é importante para ele, mesmo que não seja os pais dele, eu me sentia um pouco nervosa. Nervosa, envergonhada, com medo e várias emoções ao mesmo tempo.

ㅡ Sim, surtadinha. Tia Clarice já ligou perguntando que hora vamos chegar lá. ㅡ Ele tocou em minha cintura e me virou para ele. Abracei seus ombros, com meu coração acelerado. ㅡ Além disso, eu quero que você conheça logo ela.

ㅡ Er... ㅡ Dei um passo para atrás, esfregando minha testa. ㅡ E se ela não gostar de mim?

ㅡ Por que tá preocupada com isso, surtadinha? ㅡ Christian perguntou, com um olhar preocupado. ㅡ Surtadinha, tá tudo bem. Não se preocupe, ok? Não tem como não gostar de você. Você é incrível.

ㅡ Mas... ㅡ Ele me interrompeu.

ㅡ Tia Clarice é um amor de pessoa, surtadinha. Tenho certeza que ela gosta de você e que tudo vai correr bem. ㅡ Ele pegou em minha mão e entrelacou nossos dedos. Sorri. Eu gostava muito da sensação de estar perto dele daquela forma. ㅡ E eu vou estar lá com você. Independente de tudo.

Assenti, puxando a minha bolsa e então nós dois pudemos sair de casa.

Eu confiei nas suas palavras, mas ainda sim não conseguia suavizar minhas emoções.

****

Encarei a estrutura antiga e bem aconchegante da casa, sorrindo abertamente ao ver que a loja de biscoitos era debaixo da casa e ainda estava fechado. Eu estava louca para comer aqueles biscoitos de novo.

ㅡ Aqui. ㅡ Christian colocou meu casaco por cima dos meus ombros, em seguida deu um beijo estalado na minha bochecha. ㅡ Não colocou o carro na frente do hidrante, né?

ㅡ Óbvio que não. ㅡ Neguei. ㅡ Ainda não estou louca, imprudente. ㅡ Baguncei seu cabelo, com o tom de provocação.

ㅡ Surtadinha. ㅡ Ele me roubou um selinho rápido, antes de pegar em minha mão e me puxar para entrarmos no portão ao lado da loja e começar a subir as escadas que tinha ali.

Meu coração começou a pular.

Assim que paramos na frente da porta, Christian bateu ali e eu comecei a ficar nervosa novamente.

Eu sabia que teria que conhecer ela a qualquer momento. Até porque mesmo que ela não seja família dele de verdade, ela era alguém importante para ele e consequentemente faz parte da vida dele.

ㅡ Oi, meu menino! ㅡ A voz doce dela soou assim que ela abriu a porta e sorriu ao ver Christian. ㅡ Nossa, você tá muito grande! E ainda mais lindo!

ㅡ Tia! ㅡ Christian abraçou ela, sem ao menos soltar a minha mão.

Sorri, timidamente, ao vê-los se abraçado. De repente, assim que puxei o ar com as narinas senti um cheiro familiar vindo de dentro do apartamento.

ㅡ Você tá cada vez mais lindo. ㅡ Ela beijou a testa dele, em seguida notou a minha presença. ㅡ Essa é a Lily?

Minhas bochechas ficaram quentes de repente.

ㅡ É sim.

ㅡ Oh, meu bem! ㅡ Ela me puxou para um abraço repentino, o que me fez sorri mais pela surpresa. ㅡ Quando ele me falou, achei que não pudesse me surpreender mais. Você é linda demais!

ㅡ O... Obrigada. ㅡ Gaguejei, retribuindo o abraço. ㅡ É um prazer conhecê-la.

ㅡ Eu que lhe digo isso! ㅡ Ela me soltou, em seguida deixou um beijo na minha testa também. ㅡ É um prazer conhecer a garota que tá fazendo a diferença na vida do meu menino.

ㅡ Diferença? ㅡ Ergui a sobrancelha encarando o Christian, que sorriu tímido.

ㅡ Entrem! Entrem! ㅡ Ela nos puxou para entrarmos.

Assim que entrei pude sentir mais o cheiro familiar. Sorri ao lembrar sabendo que era os famosos biscoitos de gengibre com chocolate.

ㅡ Estou assando uma fornalha especial para vocês experimentarem os biscoitos. ㅡ Clarice falou assim que fechou a porta. ㅡ Podem se sentar, já estou quase acabando lá dentro.

Encarei a sala extremamente aconchegante. Tinha um sofá com lençol de croche, algumas almofadas, um tapete abaixo de uma mesa com dois vasos de flores, outra mesinha ao lado do sofá com telefone e um quadro.

Caminhei me aproximando da parede, vendo que tinha uma tábua de madeira empendurada ali com vários porta-retratos. Passei meu dedo por ali, observando o porta-retrato que tinha ali.

Havia três pessoas, duas mulheres e uma criança com terno e gravata. Analisei atentamente, percebendo que uma das mulheres era a Clarice. Não demorou muito para que eu reconhecesse a criança com os traços asiáticos e o mesmo sorriso.

ㅡ Nesse dia eu estava tão feliz. ㅡ Christian pegou na minha cintura, me abraçando de lado. ㅡ Foi o meu primeiro baile de inverno na escola, mas eu estava sem par nenhum.

ㅡ Sério? ㅡ Encarei-o.

ㅡ Sim, mas a minha mãe se arrumou toda e dançou comigo a noite inteira. ㅡ Ele respondeu em seguida.

Olhei para a foto de novo, olhando para a segunda mulher que sorria com os olhos fechados.

ㅡ Aquela era sua mãe?

Christian balançou a cabeça concordando.

ㅡ Ela era linda. ㅡ Me virei para ele e toquei em sua bochecha. ㅡ Assim como você.

Christian abriu um sorriso tímido, com as bochechas ficando vermelhas e tocando a sua outra mão em minha cintura.

ㅡ Eu sinto tanta falta dela. ㅡ Ele suspirou, com um tom triste na voz. Engoli em seco. Odiava ver ele daquele jeito. ㅡ Mas, ela me deixou junto com a tia Clarice. Uma segunda mãe que cuida de mim até hoje.

Assenti, abraçando seu corpo encostando minha cabeça em seu peito.

ㅡ Você merece o melhor, Christian. ㅡ Esfreguei minha bochecha em seu peitoral, ouvindo seus batimentos cardíacos. ㅡ E a Clarice é uma mãe que não lhe deu a luz, mas ainda sim é importante na sua vida.

ㅡ Muito importante. ㅡ Ele retribuiu o abraço, passando suas mãos pelas minhas costas.

ㅡ A fornalha tá pronta! ㅡ A voz da Clarice fez com que a gente se separasse. ㅡ Querem provar?

ㅡ Os melhores biscoitos de gengibre com chocolate? ㅡ Abri um sorriso enorme.

ㅡ Por favor, sim! ㅡ Christian implorou me puxando para a cintura até a cozinha enquanto eu só fazia sorrir abertamente.

•••

Lily e Christian, Um Amor em Nova IorqueOnde histórias criam vida. Descubra agora