Naquela tarde eu passei ao lado das duas pessoas mais importante da minha vida. Eu comi a torta, depois de tanta implicância com o meu irmão, enquanto assistíamos.
Até que a minha mãe chegou e se juntou a nós. Quando eu vi, já estava na hora de ir e eu precisava esperar pelo Christian e a boa vontade dele de aparecer.
Infelizmente, ou felizmente, não tinha o número dele e não tinha como ligar para ele. Na frente do carro, após me despedir da minha mãe e do meu irmão, esperei pacientemente por ele enquanto batia meus dedos no capô do carro.
Alguns minutos, que pareciam horas, pude ver que Christian estava se aproximando com uma caixa marrom em mãos.
ㅡ Desculpa por ter te feito esperar. ㅡ Christian, se aproximou. ㅡ Precisei passar na melhor venda de biscoitos de gengibre da cidade.
ㅡ Você passou??? ㅡ Meus olhos, automaticamente, brilharam.
ㅡ Passei. Na verdade não foi um sacrifício, até porque eu morava com ela. ㅡ Christian deu de ombros. ㅡ Podemos ir?
ㅡ Ah... Claro. ㅡ Assenti ligando o carro.
Sentei no banco do motorista, em seguida pude ver que o Christian entrou no carro e continuou segurando a caixa.
ㅡ Não vai colocar o cinto? ㅡ Perguntei, curiosa, observando que ele não tinha colocado o cinto.
ㅡ Não tem como, Lily. Estou com as mãos ocupadas. ㅡ Simplesmente, ele segurava a caixa com uma mão e a outra ele segurava a mochila.
Por um momento, analisei aquela situação e me perguntei se eu faria aquilo mesmo que a minha consciência mandava eu fazer. E, simplesmente, no segundo seguinte eu fiz.
Respirei fundo me enclinando até ele, pegando o cinto na rapidez para não cruzar olhares com ele. Entretanto, não foi como eu esperava. Ao sentir a respiração quente dele entrando em contato com a minha bochecha, olhei para ele rapidamente em automático e vi que o seu rosto estava bem próximo ao meu.
Foi, literalmente, uma surpresa pra mim olha-lo e perceber que ele estava bem próximo do meu rosto do que eu esperava.
Não sei por quanto tempo aquilo durou, nem se durou segundos, minutos, horas... só sei que quando eu cai na real coloquei o cinto nele e me afastei rapidamente.
Dirigi, evitando contato visual, ao perceber que as minhas bochechas ficaram quentes e na minha cabeça aquele momento se repetia várias e várias vezes.
Dirigi calmamente, batucando meus dedos no volante, enquanto expulsava os pensamentos de alguns segundos atrás da minha cabeça. Até que eu estava passando pela Ponte do Brooklyn, e por alguns segundos olhei para o lado e vi que estava anoitecendo. Ou seja, o pôr do sol.
ㅡ Por que paramos? ㅡ Christian perguntou olhando para o lado de fora ao perceber que eu havia parado.
ㅡ Está na hora do pôr do sol, Christian. ㅡ Falei tirando o cinto e sai do carro rapidamente sem dá a chance dele responder.
Encostei-me na ponte olhando atentamente para o sol que já estava quase se pondo. O clima frio morno de Nova York deixava o ar mais bonito, o céu estava claro com alguns detalhes em tom alaranjado. Sorri automaticamente.
ㅡ É sério que você parou para ver o pôr do sol? ㅡ Christian questionou aparecendo do meu lado.
Olhei para ele na tentativa de respondê-lo, porém, eu fiquei totalmente sem palavras ao ver seu rosto. O sol fraco batia em seu rosto, deixando-o com um brilho diferente e destacando a cor dos seus olhos que eram castanhos escuros.
Engoli em seco.
ㅡ O que foi?
ㅡ Er... ㅡ Cocei minha cabeça voltando a olhar o pôr do sol, tentando disfarçar e evitar contato visual. Minhas bochechas ficaram quentes novamente. ㅡ Eu gosto de ver o sol se pondo, Christian, mas com a minha rotina corrida com os eventos eu não tô tendo tempo para pensar direito.
ㅡ Por isso que eu prefiro a minha rotina como bibliotecário pela manhã e pela noite entregador. ㅡ Christian afirmou, dando um sorriso de ladinho.
Aquele sorriso...
ㅡ Christian ㅡ Chamei pelo seu nome me virando para ele por completo. ㅡ Posso fazer uma pergunta pessoal?
ㅡ Claro. ㅡ Christian assentiu com naturalidade.
ㅡ Por que virou entregador e bibliotecário? ㅡ Perguntei, observando-o.
De repente, seu olhar mudou. Ele que estava com um olhar sincero e natural, mudou completamente para um vazio distante e sombrio.
ㅡ Se não quiser responder... ㅡ Me pronunciei, vendo que ele se encostou na ponte e olhou para bem longe.
ㅡ Eu tive um sonho uma vez. ㅡ Christian falou de repente, o que me fez observá-lo cada vez mais. ㅡ A minha família era problemática, e eu odiava todo mundo porque a maioria maltratava a minha mãe. Com 11 anos eu e a minha mãe nos mudamos para o Brooklyn, já que antes morávamos em Greenville. E foi então que conhecemos a mulher dos biscoitos de gengibre e ela nos acolheu.
ㅡ Então foi por isso que falou que passou na casa dela?
ㅡ Sim. ㅡ Ele assentiu. ㅡ Algum tempo depois a minha mãe adoeceu. E nesse tempo eu estava juntando dinheiro para pagar a faculdade, que eu estava lutando para conseguir. E eu já estava trabalhando como bibliotecário.
ㅡ O salário de bibliotecário é baixo, Christian. Como é que você fez?
ㅡ Comecei a trabalhar como entregador para ajudar, só que demorou muito para conseguir totalmente o dinheiro que eu precisava. ㅡ Christian juntou as mãos e começou a esfregá-las uma nas outras. ㅡ Só minha mãe ficou pior e eu precisava pagar o tratamento dela.
ㅡ E... ㅡ Me aproximei do mesmo na tentativa de perguntar cada vez mais, entretanto, assim que ele se virou para mim pude ver que os seus olhos estavam cheio d'água. ㅡ Christian...
ㅡ Eu não quero falar mais sobre isso. ㅡ Ele desviou o olhar e suspirou pesadamente. ㅡ Quero ir embora.
E foi isso que ele fez, saiu de perto da ponte e voltou para o quarto me deixando muda e um pouco pasma pelo que aconteceu a poucos segundos atrás.
Voltei para o carro, em completo silêncio, e assim fomos pelo resto do caminho até Manhattan. Em silêncio.
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Lily e Christian, Um Amor em Nova Iorque
RomanceLily sempre gostou da sua vida cheia de eventos chiques, casamentos, e várias outras agitações que sua vida profissional trazia. Sendo uma das melhores organizadora de eventos da sua cidade no momento, a paz que ela queria estava bem longe de aconte...