𝕀𝕟í𝕔𝕚𝕠

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Era sábado. O último dia da semana que eu teria que fazer as tarefas no lugar do explorador do meu irmão.
No decorrer das duas semanas minha mãe me olhava questionadora e eu fingia não perceber, e quanto ao Dean, ele perambulava pela cozinha largando mais pratos sujos do que era necessário.
Fui até a geladeira checando qual era a última do dia de ambos:

Anne: Lavar os banheiros.
Dean: Jogar todos os lixos fora separando os recicláveis.

ÓDIO. Era tudo que eu sentia. Esqueci completamente que empurrei esse dever para o mais novo quando mamãe teve a reunião de divisão dos trabalhos domésticos.

Ainda tinha Tae, que eu não via direito fazia um tempo, nos víamos por vídeo chamada ou ele me ligava pra dar boa noite e conversar sobre como tinha sido o dia, mas sempre acabava dormindo primeiro e eu ficava lá escutando sua respiração até eu mesma deixar o sono me embalar. Morria de saudades dele. O estágio dele e nossos cursos não deixavam espaço para nós dois nessa rotina.

Depois de colocar o lixo pra fora fui lavar os banheiros, olhei meu estado pelo reflexo do box assim que entrei e a conclusão era deplorável. Eu fedia, estava suada, o cabelo saía do coque.
— Oh, nojeira.
Dean me encarava do batente da porta. O cabelo loiro foi recém aparado e retocado, o perfume exalava tão forte que me deu crise de espirros.
— Você devia usar menos perfume, né
— E você devia usar algum - juntou as narinas fazendo expressão de repulsa.
— Vaza logo, garoto ou eu vou deixar pra você fazer isso
— Nananinanão. Foi o nosso combinado, aliás sempre que quiser estou às ordens - um sorriso cínico brotou em seus lábios.
— Que tal deixar de ser amigo do Jeon?!
— Não vai dar, gracinha. - como se tivesse sido invocado ele apareceu do lado do meu irmão.
Seus olhos me analisavam de baixo a cima, o canto de sua boca se elevou, seus músculos tencionaram ao cruzar os braços.
— Espero que a barganha tenha valido a pena - chacoteou.
— Ah, valeu sim - meu irmão respondeu. — Foi ótimo ter empregada por duas semanas.  
— Vocês não iam sair? Estão engomadinhos demais. Vão logo. - insisto para que me deixem em paz.
— Sim, vou aproveitar um pouco do meu fim de semana ao contrário de certas pessoas.

Dean ri do comentário de seu amigo. Olho Jeon com desdém, será que ele não tinha noção do quanto ele era incômodo com sua presença?

— Você tá com ciúme de eu sair muito lindo desse jeito? - seu tom provocativo e a sobrancelha erguida me irritam
— Jeon, você é a pessoa menos atraente da face da terra. - respondo, controlando o impulso de rir da expressão que o garoto faz.
Empurrei os dois pra fora e fechei a porta. Meu encontro agora era com o vaso sanitário e a escovinha.

No resto do dia, fiquei deitada após terminar minhas tarefas. Só queria ouvir a voz de Tae antes de capotar.
— Tá tudo bem mesmo, linda?
— Não se preocupe, eu só tô com saudade
O ouvi suspirar do outro lado da linha.
— Que droga, eu também. Você conseguiu entregar aquele trabalho a tempo? - ele boceja.
— Por pouco. Estava tão estressada, era véspera e eu ainda não tinha terminado.
— Por que não me disse? Teria te ajudado.
— Você ajudou de alguma forma.
— Ajudei? - a confusão era explícita na voz sonolenta.
— O que você ta fazendo agora?
— Pintando um quadro, por quê?
— Ah… tá no viva-voz?
— Sim, mas eu to sozinho em casa. O que foi?
— Precisei de um orgasmo pra pensar melhor

Silêncio. Ri imaginando a cara dele processando a informação.

— Entendi - a palavra escorreu lentamente até meu ouvido
— Vou deixar você trabalhar, beijo
— Anne, sério que você vai desligar depois de falar essas coisas pra mim?
— Que coisas?
Antes sonolento e agora o sinto desperto, a voz era mais profunda, rouca
— Como foi?
— Você sabe… - suspirei
— Porra, Anne
— Algum problema?
— Você me deixou duro
— Não é a primeira vez, Tae - brinquei
Lá estava o pulsar na minha intimidade, só de pensar em Tae com tesão porque me masturbei pensando nele…
— O que você está vestindo?
Me arrepiei inteira, olhei pra baixo constatando minhas vestes
— Só calcinha e um blusão seu.
Me remexi na cama escutando ele gemer
— Amor, se toque também, estou pensando em você comigo agora

Oh, merda. O jeito que as palavras saiam sem força de sua boca, todas pronunciadas sem ar suficiente, era quente demais. Murmúrios me escaparam quando o obedeci.
— Me diz o que eu estou fazendo na sua cabeça
— Estou fodendo sua boca, você sabe como
— Tae… - soltei manhosa
— Continue, amor, estou quase lá
Acelerei minhas próprias investidas tendo como estímulo os arfares dele no meu ouvido, quase pude sentir seu hálito contra meu pescoço.
O grunhido poucos segundos depois me deu a certeza de que ele havia gozado
— Amor?
— Hm - gemi
— Prometo que vamos foder em breve, vou matar toda sua saudade, beijar cada centímetro da sua pele, vai ser tudo sobre você, tudo sobre fazer você desmanchar na minha boca.
Arfei uma última vez com sua promessa, eu sabia que era real e também sabia que ele queria me estimular até eu atingir o prazer assim como ele.
— Tudo bem? - indagou assim que minha respiração era possível de se ouvir normalizada
— Eu juro que se você não cumprir essa promessa…
Ele riu com gosto, céus, como eu amava aquela risada.
— Não duvide do seu artista favorito
— Nunca. Te amo.
— Eu amo mais, linda. Durma bem
— Depois dessa ligação eu vou hibernar.

Penteei meus fios úmidos ao mesmo tempo que cantarolava alguma música que tocava aleatória no Spotify. Nem o auê característico feito por Jeon Jungkook quando ele estava nessa casa - que por sinal era sempre, parecia que morava aqui - podia me tirar o bom humor, eu e meu namorado tínhamos um encontro depois de mais outra semana sofrida.
Internamente eu surtava mas tentava me manter plena. Coloquei o perfume que ele elogiava toda vez que usava, vestido preto com a saia longa rodada, as costas dele era nua. E isso nada tinha a ver com minha estratégia de sentir os dedos dele diretamente na minha pele.
Finalizei meu cabelo para que ele ficasse mais ondulado que o normal, as madeixas castanhas refletiam na luz, era normal eu me montar toda só pensando no momento que ele iria me despir inteira?
Rumei escada abaixo com os saltos na mão
— Vai sair é?
Dean não tirou os do jogo
— Como você soube? - fui irônica
— Senti o cheiro de gente asseada - deu de ombros
Rolei as orbes deixando um peteleco na testa do loiro de farmácia.
— Acho que não volto pra casa, por favor avise nossa progenitora.
— Eita como a noite vai ser boa…
Já estava calçando o último pé, abri a porta da frente e dei a língua como resposta.
Graças a Deus não ouvi um "a" de Jeon.





Vibrações - jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora