𝔫𝔬 𝔪𝔢𝔲 𝔭𝔦𝔬𝔯

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Ao som da batida na porta, minhas mãos deixaram o controle no mesmo instante que também encerramos a partida. Limpei o suor na calça.

— Quer ou não? - perguntou Dean, de pé, me encarando.
— O quê? - respondo confuso.
— Você nunca perde, perdeu feio pra mim e agora não escuta o que eu falo. - riu — Você tá a fim da minha irmã?
— Eu não. - respondi rapidamente.
— Bom mesmo, mas se tiver melhor desencanar. Ela e Taehyung provavelmente vão ser aqueles casais que namoram, se casam, tem um par de gêmeos e ficam juntos pra sempre. Ele é perfeito, minha mãe o adora e Anne continua que nem boba, e olhe que já são dois anos de relacionamento.

Engoli em seco, sentindo aperto no peito.

— O que eu quero dizer é que você tem zero chances, e ela não gosta nem um pouco de você.
— Cara, relaxa, não gosto da sua irmã. - ele deu de ombros.
— Então você vai querer a pipoca ou não?
— Jeon Jungkook nunca nega comida. - sorri sem humor.

A verdade é que eu não parava de pensar em Anne naquele vestido, com as costas nuas e a fenda até o início de sua coxa. Ainda podia sentir o perfume da garota quando respirava. E o que eu não queria pensar era nela não voltando pra casa e no que isso significava.

— Posso dormir aqui? -  soltei sem pensar. Não seria a primeira vez que dormiria aqui mesmo.
— Mi casa, su casa. Temos mais uma hora antes da minha mãe chegar do turno, depois nada de barulho.
— Beleza.

Tia Mary trabalhava de garçonete até tarde, incluindo finais de semana e feriado, quase não a via em casa e nós nos preocupávamos em não perturbar sua paz quando estava. Ela merecia descanso.

Alcancei um punhado de pipoca e recomeçamos uma nova partida. Tentei de verdade me concentrar, meu corpo permanecia preguiçoso naquele sofá. Eu aparentava não me importar, mas a débil realidade era outra. Eu sabia, como meu amigo disse, que eu não tinha nenhuma chance com Anne, mas isso não me impedia em nada de a desejar e que irritá-la era, é e será sempre meu melhor passatempo.
Estava tão mergulhado nela e ocupado tentando esconder que nem tive força de lhe dizer nada antes que saísse.

Será que eu nunca, nem uma vez, passei pela cabeça dela?

— Ei, Jkey que maré de azar. Cansei de ganhar.
— Deixe de se vangloriar, essa é minha. - retruquei.

O loiro já roncava em sua cama, enquanto eu encarava o teto deitado no colchão jogado no chão ao seu lado. Quando tinha certeza que passaria a noite, trazia meus tampões de ouvido ou os fones mas não tinha nenhum dos dois comigo agora. Bufei me virando pro lado, taquei o travesseiro na orelha na tentativa de abafar o som do soninho do gigante do pé de feijão.

Levantei e saí com o travesseiro em mãos, passei pelo quarto dela, a porta aberta e tudo escuro mas nem sinal de Anne. Me deitei no sofá e cochilei, acordei com som de panela vindo da cozinha.

— Oi, querido. Te acordei?
— Não, tia. Tenho sono leve - sorri pra ela que apertou minhas bochechas
— Não consegui dormir então resolvi fazer um bolinho. Que acha de um lanche da madrugada?

Madrugada? Me virei para o relógio redondo da cozinha, o fundo era uma foto de Mary, Anne e Dean ainda crianças, marcava 1:30am.

— Claro.

Depois de comermos, insisti para que ela fosse descansar e deixasse a limpeza comigo. Estava lavando a forma do bolo na ocasião que ouço um risinho de trás de mim.

— Que doméstico.  - disse Anne, com os cabelos bagunçados e o vestido amassado. O lado do pescoço estava avermelhado.

— Se divertiu, hm?
— Fale o quanto quiser, Jeon. Nada vai tirar meu bom humor.

Vibrações - jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora