Capítulo único

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Acordei exausta, devo ter dormido um total de 8 horas nos últimos quatro dias. Ao abrir os olhos, percebo que é a casa de Anna e lembro que noite passada ela me obrigou a ir em outra festa. A rotina era essa dia após dia. Meu pai já estava querendo me matar por não voltar mais pra casa e só Deus sabe o quanto festas me cansam física e psicologicamente, mas se eu estava irritando meu pai, então, estava tudo certo.

Ao recordar os sentidos eu me levanto, sinto o sol bem forte no rosto entrando pela janela e lembro da dor de cabeça por conta da ressaca. Não me lembro de muita coisa. Olho para Anna e ela está dormindo em um sono leve pelo tanto que mexia as pernas.

– Bom dia, Isabella, querida.
– O que a gente fez ontem?
– Muita coisa, você bebeu e beijou um menino aleatório e depois disse que ele não era seu tipo – Anna riu. – Que ele não parecia uma estrela do rock.
– Meu Deus, coitado! – senti profundamente, queria que ele estivesse tão bêbado pra não se lembrar disso.
– E hoje tem uma festa alternativa simplesmente incrível, Isa.

Revirei os olhos. Eu não entendia tão bem a ideia de Anna de que precisávamos viver a faculdade dessa forma, mas como amiga dela desde os 13 anos de idade, sentia que eu estava ausente demais nos últimos anos.

Passamos o dia na casa de praia de Anna. Era o verão de 2009 e eu me sentia mais viva do que nunca. Anna me ensinou diversos truques de beleza que fizeram eu me sentir ainda mais bonita e feliz com meu cabelo tom de castanho escuro cortado em V. Eu amava Anna, mesmo ela tendo um jeito mais despojado de ser, sendo este um traço que eu estava começando a adquirir por passar tanto tempo com ela. Uma extrovertida adotando uma introvertida que sempre foi a filha certinha, até entrar na faculdade com ela.

Anna e eu passamos o dia na praia tomando sol e ouvindo Oasis. Era a banda favorita de Anna. Ela tinha toda a discogradia da banda em discos de vinil que seu pai dara no seu aniversário de 15 anos, junto a sua casa de praia que estamos agora. Temos 22 anos, a mesma idade, e estudamos juntas nos primeiros anos da escola. Anna sempre foi mais rica do que eu mas nunca agiu como uma patricinha idiota e eu gostava de sua personalidade despreocupada.

No fim da tarde, voltamos para a casa de praia para se arrumar para a festa alternativa e Anna fez uma maquiagem incrível em mim e escolheu um vestido preto ousado, curto e com um decote que meus seios nem sequer preenchiam direito. Mas ela achou que eu estava maravilhosa e eu confiava nisso. Eu estava com um delineado e um batom vermelho escuro que realçou meus olhos castanhos. Anna sabia como combinar cores e realçar traços.

– Você está linda, Bella! – ela disse, orgulhosa do que tinha feito em mim.
– Tô me sentindo uma piranha – eu ri alto, Anna riu comigo.

Depois de me maquiar, Anna se aprontou rapidamente usando um vestido verde escuro com mangas curtas ainda mais ousado que o meu, mas lindo, cheio de pedrarias que realçavam seus cabelos loiros compridos e modelavam seus seios que eram muito maiores que os meus. Anna tinha o corpo perfeito, eu queria ter 1% da beleza dela, mas nunca a invejei por isso, sempre a admirei em todos os sentidos.

Estava chegando a hora da festa, pedimos um táxi e chegamos lá quando tudo já tinha começado. Segundo Anna, nós nunca abrimos festas, nós chegamos no auge porque somos o auge.

Quando entramos, eu não pude deixar de perceber o ambiente. Uma enorme bola de espelhos protagonizava o teto, o chão era de um piso espelhado também que refletia diferentes tons de roxo e o DJ e a discoteca estavam aos fundos tocando uma música de rock que as pessoas pareciam gostar, pois dançavam harmonicamente ao som das batidas. Anna foi até o bar e pegou dois drinques. Fui bebendo aos poucos porque não queria ficar descontrolada, não naquela noite.

A festa estava rolando, Anna encontrou uns amigos da cidade e eu fiquei mais no meu canto dançando e curtindo a música sozinha, pois sempre amei ter um momento só meu para apreciar a arte. Até que uma música desconhecida tocou e eu fiquei apaixonada pelo tom de voz do cantor, era um tom angelical, doce e tranquilo. A música parecia ser um rock alternativo e eu estava quase jogando minha timidez e introversão no lixo para ir perguntar ao DJ.

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