Capítulo 4

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- Quem é você? – Uma voz masculina, carregada de intimidação, interrompeu o silêncio em que eu permanecia a dias.

Finalmente, havia outra pessoa. Eu não estava mais sozinho naquele lugar desolado. A sensação de ouvir uma voz humana, após semanas de silêncio, trouxe um alívio reconfortante aos meus ouvidos.

- Daniel - respondi, minha voz carregada de esperança e cautela. – Meu nome é Daniel.

Conforme as palavras escapavam dos meus lábios, virei-me lentamente, curioso para descobrir quem estava por trás daquela voz intimidante.

Assim que me virei, meus olhos encontraram o homem que estava por trás daquela voz intimidante. Ele era alto e imponente, com uma postura firme que denotava confiança e determinação. Seus cabelos eram escuros e desalinhados, como se tivesse passado por várias adversidades. Uma barba cerrada cobria seu rosto, conferindo-lhe um ar de rusticidade.

Sua pele, bronzeada pelo sol impiedoso, mostrava sinais de experiência e resistência. Rugas marcavam seu rosto, linhas que contavam histórias de lutas árduas e sobrevivência em meio ao caos. Uma cicatriz discreta atravessava seu queixo, testemunho silencioso de batalhas passadas e superações pessoais.

Seus olhos, profundos e penetrantes, revelavam uma mistura de desconfiança e curiosidade ao me observar. Linhas de preocupação marcavam sua testa, mostrando os traços de uma vida difícil e cheia de desafios. Vestia roupas desgastadas pelo tempo e pela jornada árdua, refletindo a sobrevivência em um mundo pós-apocalíptico. Havia uma mochila, daquelas com estampa militar em suas costas, aparentemente cheia.

Apesar de sua aparência rígida, pude sentir uma centelha de humanidade em seu olhar.

- E você é...? - Perguntei, buscando obter alguma informação sobre a pessoa diante de mim.

Percebi uma breve hesitação no olhar do homem, como se estivesse ponderando se deveria compartilhar sua identidade comigo. Seus olhos se fixaram nos meus por um instante, como se estivesse avaliando se eu era alguém em quem poderia confiar.

Após um breve momento de silêncio, ele finalmente respondeu, com sua voz carregada de precaução e desconfiança:

- Me chamo Dante.

A resposta foi dada de forma sucinta, revelando pouco sobre quem ele realmente era. – Não é como se apenas dizendo seu nome fosse dizer muito sobre ele. – No entanto, era compreensível que em um mundo onde a confiança era escassa, cada palavra compartilhada exigia cautela.

- Nunca te vi nessa região – Continuou ele – O que faz por aqui?

- Procurando outros sobreviventes – Respondi. – Outras pessoas!

- Olha... – Ele prosseguiu, sua voz carregada de cautela. – Francamente, acreditar que isso é uma boa ideia é uma grande ingenuidade de sua parte. Este mundo... mudou. As pessoas mudaram. Você não deveria ir à procura de alguém.

Eu o encarava, perplexo com suas palavras sombrias. O que ele queria dizer com aquilo? Será que ele já havia encontrado outros humanos e testemunhado sua verdadeira natureza?

- Como assim? – Indaguei, minha voz carregada de curiosidade e preocupação. – O que quer dizer com isso?

Dante suspirou, como se estivesse prestes a compartilhar algo sombrio.

- Os humanos... podem se tornar perigosos. Estão dispostos a fazer qualquer coisa para garantir sua própria sobrevivência. – Ele continuou – Outros se deixam consumir pela loucura e pelo desespero, perdendo qualquer vestígio de humanidade que ainda possuíam. É um mundo selvagem agora, onde a confiança é valiosa e escassa. Sinceramente ficar sozinho é uma das melhores opções por aqui, não é em todo mundo que você deveria confiar.

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