Mamihlapinatapei

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Jenna's Pov

Mamihlapinatapei (n.): "o ato de olhar nos olhos do outro, na esperança de que o outro inicie o que ambos desejam, mas ninguém tem coragem de começar".

"Quente, doce, úmido, gostoso, invasor, delicioso…", minha mente se afogava em palavras que descreviam a sensação de ter os lábios de Emma Myers enrolados aos meus, tão profundamente que nossas bocas pareciam ser uma coisa só. "Desfrutável, entorpecente, viciante, provocante".

Sua boca quente queimava a minha, mordendo-me quase que desesperadamente os lábios e sob minhas mãos, sua pele parecia desintegrar-se. Eu podia sentir os minúsculos pelos de seu rosto eriçados sob a pele sensível de minhas mãos. As sensações que eu percebia em Emma deixavam-me em completo estado de êxtase, como se todo movimento ou reação da garota fosse capaz de me levar à loucura, ao completo delírio.

Como se Emma fizesse minha alma gozar.

Meu coração, mero arquiteto de emoções alheias até aquele ponto, corria desenfreadamente por todo o meu corpo, fazendo cada milímetro da minha pele pulsar em um desejo ardente de me afogar nos lábios da garota que eu tinha sob meus toques; sendo, pela primeira vez, arquitetado pelo destino para um estado de profunda paixão.

"Paixão?!", a pergunta surgiu em minha mente e teve como resposta o ritmo desenfreado do meu coração que chutava o meu peito. "Paixão…", afirmei mentalmente para mim mesma, sentindo o meu peito incendiado, arder.

Apertei-lhe a nuca, puxando-a mais para dentro de mim, como se o ato de aperta-la fosse fazê-la se fundir ao meu corpo. Suas unhas apertaram os meus braços com mais força que antes, fazendo meu corpo reagir à dor prazerosa com um arrepio, que resultou em minha boca sugando ferozmente seu lábio inferior.

Quando o ar nos faltou, juntas, em perfeita sincronia, inspiramos oxigênio, mas sem descolar nossas bocas. Emma ainda apertava meus braços e eu não podia e nem queria tirar as mãos de seu rosto e nuca. Como se tivéssemos combinado, nossos peitos subiam e desciam em um perfeito compasso, acelerados, denunciando o desespero resultante de um beijo devastador.

Sentia-me invadida, como se Emma tivesse rasgado minha mente, corpo e coração ao meio, fazendo de mim, seu objeto de manipulação livre.

Nos dois dias anteriores, eu havia decidido que a trataria como fazia com todos os outros alunos e nada além disso. A minha ideia de ajudá-la em seus desejos com relação à arquitetura havia tomado proporções maiores do que eu esperava esperava para mim mesma. Meus planos não passavam de ajudar uma aluna que, visivelmente, merecia atenção por ter os olhos tão sensíveis à profissão que escolhera, mas no final das contas, me encontrei com a mente absorvida, vinte e quatro horas por dia e todos os seus minutos, segundos e milésimos de segundo, por Emma Myers e seu beijo repentino e gostoso; por Emma Myers e seu olhar possessivo sobre mim; por Emma Myers e seu cheiro de cachoeira em um dia ensolarado; por Emma Myers e sua pele branca e delicada; por Emma Myers e eu, Jenna Ortega, que de repente, pareceu-me ser o desejo mais consumidor, enlouquecedor e arrebatador que eu já tivera em toda a minha vida.

Todo o meu pensamento lógico e racional havia sido mandado para o espaço. Depois de cinco terças feiras e dois dias, não havia lógica ou razão que não cedessem à doce irracionalidade que era Emma, dentro de mim. Todos os meus esforços em agir maduramente com a garota eram destruídos no exato momento em que eu punha meus olhos nela. Nela e em seus olhos que me prendiam em correntes, como se eu fosse dela. Seus olhos eram como marretadas estrondosas nas minhas estruturas.

E ali, estava eu, caída aos pés de Emma, entregue aos seus lábios e emoções, entregue aos seus medos e confusões que tanto me intrigavam, que tanto me confundiam.

Wonderfall • JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora