Emma’s Pov
Aquiver (n.): trêmula, vibrante, fulgente.
"Nunca mais", a frase repetia-se em minha mente como se fosse um objeto que Jenna usava para esculpir a minha alma e em seguida, encaixava a sua própria alma, irremediavelmente e para sempre à minha.
A sensação era a de estar tendo a alma aberta ao meio e Jenna colocava-se dentro de mim, abrindo-me os espaços e mergulhando dentro de mim, tornando-se, não somente uma parte de mim, mas eu mesma e naquele instante… naquele instante de uma promessa de "nunca mais", especialmente íntima, senti o meu coração e a minha mente tornando-se uma coisa só. Tornando-se Jenna. Foi como se eu não existisse mais nada para além dela, como se eu tivesse encontrado o meu lugar e a minha própria natureza me ordenasse ficar ali.
E o meu lugar, era Jenna.
— Você está tremendo. — a mulher mais velha observou, enquanto segurava a minha mão e deslizava por seu próprio rosto.
Ela guiou a ponta dos meus dedos, lentamente, por cima de seus lábios levemente inchados que brilhavam em um tom de vermelho vibrante. Minha mente perdeu-se no movimento que ela fazia com que meus dedos fizessem em sua boca, em sua delicada tatuagem no dedo que segurava o meu, na expressão calma de seu rosto e no quanto os seus olhos fechados significavam mais do que eu, provavelmente, poderia ler se estivessem abertos.
— No que está pensando? — Jenna perguntou, largando a minha mão sobre o meu peito nu, delicadamente e fixando o seu olhar ao meu.
"Que você é linda", respondi para mim mesma. "Que eu não acredito que isso aconteceu", pensei novamente e senti um sorriso involuntário se formar em meus lábios. "Que estou feliz".
— Estou pensando que eu não acredito que isso realmente aconteceu. — falei a verdade, quase desconcentrando-me no processo de organizar as palavras coerentemente quando senti sua unha contornar carinhosamente meu seio direito, nu.
— Está arrependida? — ela parou o dedo e concentrou toda a sua atenção em mim, olhando-me com uma urgência tão grande em receber a minha resposta que senti-me urgente em responder.
"Como eu poderia me arrepender disso?", perguntei mentalmente, como uma resposta a mim mesma, para aquela pergunta para a qual se podia obter resposta apenas se ela observasse o subir e o descer eufórico de meu peito.
Levei as duas mãos ao rosto da mulher que tinha o seu corpo pesando sobre o meu e a puxei ligeiramente para cima, movimento este que ela acompanhou e parou seu rosto na direção do meu, com seus cabelos caindo completamente para um lado só. Não me contive e cedi ao desejo de tocar delicadamente todo o contorno de seus olhos, sentindo o movimentar de seus cílios longos na ponta de meus dedos, enquanto os olhava firmemente e recebia de volta o olhar que nunca tanto implorava por acesso ao meu espírito.
— Estou… — disse baixinho, enquanto passava os polegares pelas sobrancelhas perfeitamente desenhadas de Jenna.
Suas sobrancelhas se uniram e sua expressão quase fechou, debaixo de meus dedos. Percebi seu peito pesar ainda mais sobre o meu e quase senti o coração de Jenna bater dentro do meu próprio peito, de tão pesadas que tornaram-se suas batidas.
— Está falando sério? — ela perguntou e não pude deixar de notar toda a apreensão sendo revelada em seu tom de voz e sendo expressa em seu corpo.
— Sim. — afirmei e imediatamente puxei seu rosto, movimento o qual ela acompanhou e assim, minha boca se colou ao seu ouvido. — Estou arrependida por termos demorado tanto a fazer isso. — falei e em seguida colei os lábios com delicadeza atrás de sua orelha. — Estou arrependida por ter feito você se afastar quando o que eu mais queria era que você se aproximasse. — completei, explicando-lhe enquanto subia e descia as unhas por suas costas.
O corpo de Jenna se contorceu ao movimentar de meus dedos por sua pele nua e senti sua pele arrepiar-se sob o meu toque. Ela afastou o rosto do meu, voltando a fitar-me com um olhar tão intenso que quase senti-me ser empurrada contra o sofá.
— Você não tem culpa total por isso. — Ela disse e ia continuar, mas a interrompi, colocando o indicador sobre seus lábios.
— Shhhh… — ela beijou a ponta de meu dedo, depois de sorrir para o meu gesto de calá-la.
— Tudo bem… — ela disse e nos olhamos por longos segundos.
— No que está pensando? — perguntei, observando seu olhar se perder do meu por um breve segundo.
— Estou pensando que eu gostaria de passar a eternidade aqui, mas que precisamos voltar. — ela disse. — Suas amigas, com certeza, sentiram a sua falta e podem estar preocupadas.
— Elas, com certeza, entenderão. — eu disse, sem conseguir sentir culpa alguma por não ter estado com elas na virada do ano.
— Contará à elas? — Jenna perguntou, sem expressar qualquer sinal que me desse uma pista de como ela se sentia sobre aquilo, então, decidi responder simplesmente a verdade.
— Sim…
Jenna encarou-me por cinco segundos antes de falar. Cinco segundos que me pareceram cinco anos. Seu silêncio se dissipou em um sorriso doce que fez brilhar seus olhos e por um instante acalmar o meu coração apreensivo.
— Eu fico feliz com isso. — ela disse, finalmente.
— Fica? — perguntei, sentindo meu coração disparar desvairado, para então, começar a se acalmar. — Por que?
— Porque assim sei que me quer na sua vida tanto quanto a quero na minha.
As palavras fugiram-me da boca e da mente, mas não precisei de palavras para explicar a Jenna o que meu coração estava gritando, o enrubescer de minhas bochechas que arderam em resposta ao disparar de meu coração foram o suficiente para que ela entendesse o que minha boca jamais conseguiria explicar.
— Contará a Hunter? — perguntei rapidamente, tentando preencher o vazio vergonhoso que minha ausência de resposta havia criado. "Oh, MEU DEUS! HUNTER! A INSULINA!" — Oh, meu Deus! Esquecemos de Hunter! — Falei, alarmada, antes mesmo que ela me respondesse.
Jenna riu de minha exasperação por algum motivo desconhecido, mas eu continuei preocupada.
— Não se preocupe, Hunter está bem. — ela afirmou e deu espaço entre nossos corpos, levantando-se em seguida.
Meus olhos perderam-se nas curvas delicadas e perfeitas de suas pernas, cintura, quadril… Todas as linhas de seu corpo eram tão perfeitas que pareciam confluir para um único ponto, tornando seus movimentos todos tão sensuais e desconcertantes que senti meu corpo reagir àqueles movimentos como se elas os fizesse dentro de mim.
— Como sabe que ele está bem? — perguntei, percebendo a minha voz soar falhada.
— Apenas sei… — ela disse, pegando o vestido que estava jogado por ali.
Senti-me subitamente envergonhada de minha nudez tão exposta para ela e trazendo a tona as minhas inseguranças que até então, haviam sido suprimidas por um desejo intenso. Sutilmente sentei-me no sofá, escondendo o meu corpo o máximo que podia, pensando na melhor forma de levantar e ir buscar as minhas roupas sem que ela pudesse ver o meu corpo tão claramente. Fechei os braços à minha frente e percorri os olhos incansavelmente pelo ambiente.
— Como tem tanta certeza? Combinou isso tudo com ele? — perguntei a primeira coisa que me veio à cabeça, estando mais interessada em encontrar uma forma de tirar Jenna da sala, para que eu pudesse me vestir, do que realmente interessada em saber de onde vinha a certeza dela.
Jenna já havia colocado o vestido e apenas o fechava, puxando o cabelo para fora, onde o tecido o havia coberto.
— Pouco antes de você chegar, percebi que a insulina dele não estava aqui e lembrei que lhe disse para colocar no bolso da calça, quando chegamos aqui. No exato momento em que você entrou na sala, eu estava buscando em minhas memórias de visão periférica e lembrei-me de vê-lo colocar no bolso da calça. Então, a insulina está com ele e se Hunter a mandou vir aqui, ele com certeza já havia achado a insulina. — ela disse, ajeitando o bracelete em seu braço e depois virou-se para mim. — Hunter é sagaz.
Encolhi o corpo instintivamente, quando Jenna parou seus olhos sobre mim e, embora a informação fosse absolutamente incrível em seus detalhes por revelar a esperteza de Jenna, o meu incômodo por estar nua era absolutamente arrebatador, o que não me permitia pensar adequadamente nas informações ou dar-lhes a devida importância.
"Peça a ela para pegar água!", minha mente respondeu, finalmente. "Ela não sairá daqui sem você, seja corajosa e esqueça isso… ", o outro lado da minha mente respondeu." Ela já viu seu corpo nu, já tocou você inteiramente, não há o que temer", outro pensamento otimista surgiu e eu quase levantei para buscar minhas roupas. "Se ela lhe ver de longe, ficará horrorizada com seu corpo. Seu corpo não é bonito. Sua barriga não é malhada. Suas pernas são cheias de…".
— Emma… — a voz de Jenna soou longe. — Emma! — ela exclamou um pouco mais alto e caminhou até mim, sentando-se ao meu lado. — O que houve? O que há de errado? — Jenna perguntou, tirando a minha mão do meio das minhas coxas e segurando-a.
"Minta!".
— Estou com um pouco de frio. — disse e até fui convincente, até onde eu pude discernir.
A mulher mais velha levou a mão ao meu queixo e fez-me virar o rosto, para assim, olhá-la. Tentei trancar as entradas de meu olhar que davam acesso ao meu interior, mas parecia impossível ocultar as minhas emoções dela. Normalmente eu conseguia omitir os meus sentimentos com facilidade, mas com Jenna, era quase impossível. Ela me vasculhava até achar o que queria e era isso o que ela estava fazendo naquele exato momento.
— Diga-me a verdade. — ela disse com firmeza, fazendo-me desistir da ideia de convencê-la de qualquer coisa que não fosse a verdade.
Suspirei e deixei os ombros caírem, entregue à vergonha de meu corpo, à vergonha de ter que dizer a ela e ao medo do que aconteceria depois.
— Não tenha medo, diga-me o que há de errado… — ela falou com doçura e entrelaçou os dedos nos meus, mantendo o olhar fixo em mim, mesmo quando eu não conseguia olhá-la.
— Como sabe que estou com medo? — perguntei, tentando desviar do assunto o máximo possível.
— Quando você está com medo, você trava a mandíbula, sua respiração fica mais curta, seus olhos tendem a correr para o canto direito e você morde o canto direto do lábio inferior. — ela detalhou coisas que nem eu fazia a menor ideia que fazia.
A olhei, unindo as sobrancelhas, extremamente curiosa e chocada com o fato de ela saber tantos detalhes sobre mim.
— Como sabe dessas coisas? — perguntei, voltando a olhá-la.
— Não é como se você nunca tivesse sentido medo de mim, não é? — ela falou e sorriu com o canto dos lábios e senti os meus próprios lábios sorrirem junto com os dela. — E não é como se eu não estivesse constantemente observando você. Mas não quero que mude de assunto, o que está incomodando você, Emma?
Levantei a mão livre e deixei o braço cobrindo meu seio direito, levando a mão ao pescoço. Desviei o olhar institivamente do dela e Jenna me fez olhá-la novamente, fixando o olhar firmemente ao meu, passando-me tanta confiança que não precisou falar nada, seu silêncio bastou.
Enchi o peito de ar, esperando que aquilo me desse o mínimo de coragem e…
— Estou com vergonha. — falei, de uma vez.
O olhar da mulher mais velha mudou de contemplação confiante para uma curiosidade séria, de tal forma que suas sobrancelhas se uniram delicadamente.
— Com vergonha de que? — ela perguntou, cautelosamente.
— De levantar e me vestir… — falei baixinho e desviei os olhos outra vez.
Dessa vez, Jenna demorou a puxar o meu rosto e fazer-me olhá-la outra vez. Houve silêncio, mas não por tanto tempo que pudesse me incomodar. Senti sua mão ajeitar cuidadosamente os meus cabelos atrás de minha orelha e então, ela falou.
— Por que está com vergonha de levantar e se vestir? — ela perguntou, usando o mesmo tom calmo e natural, sem dar peso ao que eu havia dito.
A olhei pelo canto dos olhos e logo voltei a encarar o rasgado do sofá do outro lado da sala, permitindo-me um silêncio que Jenna não interrompeu, apenas esperou. Tomei o ar profundamente quando minha consciência se encheu de uma coragem que havia surgido da simples presença dela e falei de uma vez.
— Vergonha do meu corpo. — falei simplesmente e baixei o olhar para as minhas próprias pernas.
Os dedos de Jenna apertaram-se entre os meus e sua respiração saiu pesada, quase como se o que eu havia falado a tivesse incomodado profundamente, mas meus pensamentos opacos não me permitiam pensar adequadamente para discernir o que, realmente, aquela reação significava. A neblina causada pela vergonha, dificultava qualquer raciocínio.
A mulher ao meu lado soltou os dedos dos meus e levantou-se calmamente, sem dizer absolutamente nenhuma palavra e caminhou até onde havia deixado as minhas roupas caírem. Calmamente, juntou minhas roupas íntimas e meu vestido e caminhou de volta até mim, deixando as roupas sobre o sofá, onde estava sentada anteriormente.
Jenna estendeu as duas mãos para mim, sem tirar os olhos do meu rosto por nenhum segundo. Mordi o lábio inferior, sem entender exatamente o que ela estava fazendo e, usando toda a coragem que havia em mim, dei as duas mãos para ela e subi, lentamente, esperando que a proximidade não deixasse meu corpo tão visível para ela. A mulher à minha frente soltou as minhas mãos assim que fiquei em pé e levou as mãos ao meu rosto, colocando mechas do meu cabelo atrás de minhas orelhas, carinhosamente. Em seguida, inclinou-se ao meu lado, sobre o sofá e pegou a minha calcinha, voltando novamente para a minha frente.
Minhas pernas tremiam seus músculos e eu sentia meu corpo gelar intensamente a cada movimento que ela fazia. Apertei as mãos em punhos, sentindo-me totalmente insegura com o que quer que ela estivesse fazendo. O medo de que seus olhos percebessem todas as minhas imperfeições correu de baixo para cima, como as águas furiosas de uma represa, rompendo e desembocando em meus olhos que encheram-se de lágrimas de insegurança no momento em que Jenna ajoelhou-se de frente para mim. Suas mãos desceram por meu corpo, acompanhando as minhas curvas e pararam na altura de meu quadril. Jenna beijou-me carinhosamente debaixo do umbigo e respirou profundamente, como se estivesse absorvendo e decorando o meu cheiro. Em seguida, afastou-se ligeiramente de meu corpo e abaixou-se, posicionando a minha calcinha para que eu colocasse as minhas pernas dentro.
Sentindo os meus joelhos falharem, esforcei-me para levantar minhas pernas que pareciam ser de chumbo e, apoiando-me no ombro dela, coloquei os pés no local apropriado. Jenna subiu delicadamente a roupa por minhas pernas e a encaixou no lugar adequado, em absoluto silêncio. Silêncio de boca, mas seus gestos falavam textos belíssimos que gradativamente transformavam minhas lágrimas de medo em vergonha em lágrimas de um sentimento preenchedor… arrebatador… quase como se fosse am…
Jenna voltou a ficar de pé e inclinou-se novamente ao meu lado, pegando o meu sutiã, que em seguida, colocou em meu busto com atenção delicada. Sem tirar os olhos do meu corpo. Sem deixar escapar nenhum detalhe de mim. Fez o mesmo com meu vestido, que tive que participar mais, movimentando-me adequadamente para poder vesti-lo completamente. Jenna virou-me de costas para ela e fechou o zíper por um tempo mais longo do que era, realmente, necessário.
A mulher mais velha, virou-me de volta, de frente para ela e aproximou-se o suficiente para que nossos corpos estivessem colados. Suas duas mãos deslizaram sobre meu rosto e seu olhar acompanhava o movimento dos dedos por onde quer que passassem em minha pele, parando em meus olhos para limpar as lágrimas que escorreram teimosamente. Seu olhar finalmente focou-se no meu e eu, busquei por seus pensamentos.
— Jamais, em toda a minha vida, em todas as minhas experiências, em todo o meu conhecimento e em tudo o que meus olhos já viram, eu vi ser humano, obra de arte, construção, genialidades, criações da natureza ou qualquer coisa nesse mundo e fora dele, que seja mais bela que você. — ela disse e meus olhos estavam tão vidrados nos dela que eu podia ver o movimento de sua íris e as pequenas listras que a formavam. — Emma Myers, você é a composição de toda a perfeição que pode existir e eu não posso descrever o quanto a sua beleza é capaz de comprimir o meu pulmão a ponto de eu não conseguir respirar.
— Você está dizendo isso por… — tentei falar, mas ela me interrompeu.
— Você é bela, Emma e eu tenho sorte por estar olhando para você.//
Eae meus capetas! O Wattpad não quis enviar o cap ent tô aqui tentando outra vez. Como vocês estão?
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Wonderfall • Jemma
RomanceSe a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito. Os amores impossíveis são o caminho mais curto para alcançar o infinito e elas sabiam disso. Jenna queria alcançar o infinito. Emma queria ser o in...