Prieten

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Hunter’s Pov

Prieten (adj.): almas amigavelmente apaixonadas; encanto fraternal.

— Se você não me considerar o melhor amigo do mundo depois disso, você poder ter certeza que você é a pessoa mais ingrata do mundo. — Eu disse, olhando meu cabelo pelo retrovisor do carro de Jenna, enquanto estávamos parados no semáforo a caminho de Roxbury-Um, um dos bairros mais pobre de Boston.

— Eu já considero você o melhor amigo do mundo. — a mulher ao meu lado respondeu, fitando o vazio à nossa frente. — De qualquer forma, você me odiaria se eu considerasse você o melhor amigo do mundo só porque está indo passar a virada do ano em uma festa de calouros.

— Provavelmente! — Exclamei, reconhecendo e saindo com o carro assim que o semáforo mudou para a cor verde. — Você tem que me considerar o melhor amigo do mundo por uma infinidade de outros motivos.

— Não precisa lista-los outra vez, Hunter. — ela disse, com bom humor. — Eles estão gravados no meu coração de tantas vezes que você já me fez escutar. — Jenna colocou as duas mãos teatralmente sobre o peito e, pela primeira vez em quase um mês, eu vi um sorriso sincero em seu rosto. — E olhe que eu tenho uma enorme dificuldade em gravar coisas no coração. Você sabe que é meu prieten.

— Olha só quem está sorrindo… — observei em voz alta sem querer e logo calei-me, percebendo que a observação exposta faria minha amiga recuar. — Você é meu prieten também.

Jenna sorriu fraco e resignou-se ao silêncio, fazendo-me amaldiçoar a mim mesmo por não ter controlado a língua. Cruzou os braços e repousou a cabeça no encosto do banco do carro, enquanto fixava seu olhar em um horizonte perdido à nossa frente.

— Seu carro é muito confortável pra dirigir. — Falei assim que encontrei em minha mente um comentário verídico e que desviasse o assunto para qualquer outro.

— Assunto errado. — Jenna falou, sem tirar os olhos do horizonte. — Falar sobre o meu carro não vai desviar a minha atenção dela.

"Dela", queria dizer a garota de olhos azuis, Emma.

— Me desculpe… — falei, finalmente observando a cor do semáforo mudar para verde e seguindo em direção à rua que procurávamos.

— Não é como se ela realmente tivesse saído da minha cabeça só porque eu ri de alguma coisa. — Jenna disse em um tom ameno, ainda fitando a rua.

— Eu não entendo… — falei, fazendo a curva para a direita, aproveitando para olhar Jenna.

— Não vamos discutir isso de novo, Hun. — Minha amiga falou usando um velho tom de desproteção que antigamente eu a ouvia usar com frequência, mas agora, raramente aparecia.

— Me desculpe, mas eu não consigo. — Falei, atento aos nomes das ruas, para não perder o endereço. — Você está triste assim há meses, Jenna. Tudo por causa de uma pessoa que, pelo menos aparentemente, também quer você. Isso não faz o menor sentido na minha cabeça.

— Uma pessoa que é minha aluna… — ela começou a responder.

— Isso nunca foi um problema pra você. Desde o início disso, o fato de ela ser sua aluna não impediu você, então nem tente usar isso como desculpa. Não comigo. — Parei o carro, assim que avistei a casa que procurávamos, no acostamento, bem à frente do endereço.

Jenna suspirou pesadamente e desviou o olhar da rua para mim.

— Eu fui atrás dela, deixei meus sentimentos expostos, expliquei-lhe como minha cabeça funciona, deixei mais do que claro que a queria quando a chamei para sair novamente. — Jenna disse, olhando-me fixamente. — E ela disse que achava melhor não. — minha amiga disse e aquilo pareceu doer-lhe tanto que teve dificuldade em piscar, de forma que seus olhos se abriram e fecharam lentamente demais. — Foi a decisão dela e eu aceitei isso. Além do mais, você sabe que eu tenho muita dificuldade em lidar com sentimentos. Estou fazendo o que sei fazer. — ela disse.

Wonderfall • JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora