Resiliência

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Mal consegui pregar o olho essa noite, ultimamente eu venho tendo uma insônia do caralho

Hoje o tal distribuidor chega aqui na favela pra tratar de negócios com o Hugo, fui designado pra poder escoltar o carro da tropa deles, até chegar no local onde vai ocorrer a reunião, vai ser em uma das casas que é só pra tratar esse tipo de assunto mesmo

Peguei o relógio e vi que já marcava seis e meia da manhã, aproveitei logo pra tomar um banho e ir comprar algum bagulho na padaria da rua de baixo

Fiz o percurso pela viela e esbarrei na Lorraine, mas nem olhei na cara dela também, só fui seguindo meu caminho em paz

-- Não fala mais comigo não? - perguntou me fazendo parar no meio da viela

-- Quem anda mudando de personalidade aqui é você, não eu - Rebati vendo ele revirar os olhos

-- Não mudei de personalidade, eu só... encontrei pessoas novas

-- Pessoas que sempre te apunhalaram pelas costas, bem legal isso aí - Fiz um joinha -- Papo tá massa, mas tu tá tomando o meu tempo - Respondi e continuei meu rumo

Tô assim agora, poucas ideias pra Lorraine, a mulher não sabe o quer da vida, só anda fazendo merda

Em falar em fazer merda, tô sem notícia da Alice a anos já, há dois anos atrás que eu fui na casa da vó, ela já não estava por lá, e a vó também não me contou pra onde ela foi, insisti pra caralho pra coroa soltar alguma pista, mas ela só soltou um " Foi fazer a vida dela "

Porém oito meses atrás recebi uma ligação no meu celular e adivinha? Era a Alice pô, maluca só falou que tava bem e perguntou da Lorraine, mandei a real pra ela que ficou um tanto surpresa pela situação da amiga, mas a galega não falou aonde estava, e nem com quem estava

-- Iaê RD, suave?

-- Suave, o Hugo já te passou o esquema de acompanhar tua tropa aí, né?

-- Ele deu a voz sim, apesar de não haver necessidade, mas o morro é dele, ele faz o que bem quer né não?

-- Foi como você disse, o morro é dele

Subi na minha moto e acompanhei os três carros pretos, juntamente com mais alguns vapores, guiei eles até onde vai rolar a reunião. Assim que chegamos, eu desci do carro e fiquei esperando o Magrão fazer o mesmo 

-- Bora entrando - falei apontando para o enorme portão em nossa frente

Hugo já tava no aguardo sentado na mesa, dois homens armados atrás dele só pra garantir a segurança

-- Só veio você? Cadê o distribuidor? - Hugo perguntou acendendo um cigarro

-- Tá chegando pô, é que rolou uns atrasos

-- E esse tanto de carro aí? Pensei que ele tava dentro - falei, chamando a atenção dos dois

-- Ai é só os capacho - respondeu simples, colocando uma dose de whisky no próprio copo -- Sabe como é né? Quando a pessoa é importante ela precisa ter mais seguranças do que o normal

-- Se fosse tão conhecido assim, a gente já devia ter ouvido falar - Hugo resmungou

-- E quem disse que vocês nunca ouviram? - falou pegando o celular que fez barulho de notificação -- Olha aí, chegou - Se levantou da cadeira -- Só peço que sejam educados, ela é muito exigente

A porta se abriu e eu fiquei paralisado quando eu vi, mas não tão em choque quanto ao Hugo

A Alice entrou pela porta com um olhar de superioridade pra cima do Hugo

E o Hugo?

Continuou paralisado, sem reação alguma 

Alice não mudou muita coisa, permaneceu com seus longos cabelos cacheados e com um tom dourado em algumas mechas do cabelo, também percebi uma nova tatuagem em sua perna. Alice havia ficado mais forte fisicamente também, ela já tinha um corpo grande, mas agora estava com um aspecto de malhado

-- Foi mal pelo atraso, tive que resolver um assunto mais importante no caminho pra cá - Falou enquanto encarava o Hugo -- Pra quê o espanto? Até parece que viu uma assombração... ou são os seus pesadelos que estão se tornando realidade?

Apareci do nadaaa

Alice voltou pra felicidade de alguns e tristeza de outros queridos...

Como algumas de vocês pediram, eu trouxe a foto do Magrão... A aparência faz jus ao Vulgo que ele tem