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Dois dias após a coisa toda, e acredita que os dois ainda estão vivos no galpão, mesmo sem comer ou beber alguma coisa? Aquele ditado é verdade, vaso ruim não quebra fácil

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Dois dias após a coisa toda, e acredita que os dois ainda estão vivos no galpão, mesmo sem comer ou beber alguma coisa? Aquele ditado é verdade, vaso ruim não quebra fácil

-- Tio, o senhor sabe o que tá fazendo?

Olhei por cima do balcão e vi o Benicío me encarar curioso, negócio é que eu tô varado de fome, e minha coroa não tá em casa, então resolvi colocar meus dotes culinários a tona

-- É claro que eu sei, tá desacreditando é? - Perguntei e ele concordou -- Vai ser a comida mais saborosa que tu comeu na tua vida

Tô fazendo coisa simples, até porque não sei fazer uma parada muito elaborada. Tô aqui fazendo aquele arroz, feijão e terminando de frita o bife

-- Aê moleque, tá pronto, come aí que eu vou te levar num parceiro meu

Papo que meu rango é diferenciado, comida simples com sabor de comida estrangeira, bota fé?

Moleque comeu tudo e ainda repetiu, gosto de criança assim, boa de boca, que come todo o tipo de comida sem frescura nenhuma

Arrastei o Benicío pela mão e fomos descendo a favela, trouxe ele pra dar um trato no cabelo, parece que tem anos que esse cabelo viu uma máquina

-- Iaê Joca, suave? - Cumprimentei o barbeiro

-- Suave, o que tu mando hoje?

-- Lança o americano aqui nesse sem tamanho - Falei passando a mão na cabeça do Benicío

O Americano no Benicío vai ficar foda, cabelo dele é aquele cacho meio ondulado, bonito de mais

Não demorou muito e o corte já tava pronto, paguei o corte dele e carreguei o menor pra praça, pagar um sorvete pra ele. Movimento da praça tá fraco, só criança brincando mesmo

-- Tio, olha lá a tia Alice - Apontou

Vi a Alice conversando com um rapaz que eu nunca vi por aqui, observei ela se despedir dele com um toque e virar me vendo a encarando. Alice veio na minha reta e eu me fingi de sonso, olhei até pras formigas que andavam pelo chão

-- Iaê Ben, o Hugo tá cuidando bem de você?

-- Tá, olha meu cabelo tia, tá bonito?

-- Tá lindo - Apertou a bochecha dele

-- Cadê a loirinha? - Puxei assunto

-- Com a babá dela - Olhou em volta -- Ben, vai lá brincar no parquinho enquanto a tia conversa com o tio Hugo

Moleque nem questionou, só partiu

-- Falou com o pessoal da ONG?

-- Falei, tem que esperar surgir vaga, a diretora falou que nesses últimos anos entrou muitas crianças

-- Vamo fazer o quê então?

-- No momento só tem a opção de continuar com o moleque, vou contratar uma pessoa pra ficar com ele também, não posso tá vinte quatro horas na bota dele

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