Resiliência

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-- Você tenha bons modos em Aurora, seja uma boa mocinha - Olhei pra criança a minha frente, que ria de tudo o que eu falava

Hoje é o dia de colocar o plano em jogo, e eu não vou arriscar deixar a Aurora aqui no morro nem a pau

Combinei com a Vó, de levar a Aurora pra passar esse tempo com ela. RD que me deu a ideia, a Vó é uma pessoa que eu tenho confiança e que me ajudou muito quando eu precisei

-- É sério filha - Voltei a falar, enquanto colocava a fralda dentro da bolsa dela -- A mãe promete que não vai demorar, se tudo der certo, vai ser só uma noite, tá?

-- Minha velha vai cuidar bem dela, fica tranquila

-- Eu sei né, mas eu fico sentida, nunca fiquei muito tempo longe da Aurora - comentei enquanto encarava a pequena que dormia bem serena na cadeirinha

-- Quero ver quando ela começar a ir pra escolinha

-- A escolinha que vai vim até ela - Respondi séria, e o RD começou a rir

Chegamos na casa da vó, e as lembranças foram inevitáveis, cumprimentei a mesma e ficamos um bom tempo conversando, eu falei sobre a minha experiência na milícia e da minha experiência como mãe, inclusive ela ficou encantada com a Aurora

-- A beleza dessa menina é surreal - Se referiu a pequena, que agora estava entretida com o cachorro

-- Ela é linda mesmo - Sorri

-- O tanto de menino que vai vim atrás dessa garota quando ela crescer, você não tem ideia - Falou e eu arregalei o olho -- Ela vai ser muito inteligente também

-- Sabe o que eu Tenho medo? - Perguntei e ela fez sinal pra mim continuar -- Tenho medo da minha criação não ser o suficiente e ela errar no caminho, se envolver com coisa errada e não se tornar a mulher que eu tanto almejo que ela seja

-- Não quer que ela siga seus passou? - Perguntou e eu neguei na hora

-- Nunca, que mãe eu seria se apoiasse uma coisa dessas? Não quero ver minha filha ser caçada por aí e perder a liberdade, ela já vai se privar de muitas coisas por ser minha filha - Respondi com os olhos marejados

-- Fica tranquila, sua criação vai ser o suficiente, a Aurora vai ser uma menina muito dedicada e esforçada, mas também vai ter uma marra difícil, tenho dó de quem comprar briga com essa daí - Comentou e eu ri olhando pra Aurora

Depois de mais alguns minutos de conversa, a gente voltou pro morro, não sei se o tempo estava nos favorecendo ou pregando uma peça, porque a hora passou muito rápido

A noite caiu e o nervosismo começou a bater, de cinco em cinco minutos eu conferia os armamentos e calculava a rota 

Mas na verdade, eu já não aguentava mais esperar, o combinado era sair as meia noite em ponto, já são meia noite e quarenta e tá um enrolação do caralho da parte do Júlio

-- Adianta Júlio, tá indo casar é caralho?

-- Você que tá apressada de mais

Eu, Hugo, Rato, RD, Júlio, Cabeça e Duzin

Geral junto agora a noite pra fazer a " busca " pela Roberta, eu optei dividir o grupo em dois carros, Eu, Rato, Júlio e Cabeça, vamos em um carro, enquanto os outros irão em outro veículo

Quando finalmente o Júlio terminou, cada um entrou em seus devidos veículos e seguimos por rotas diferentes, achamos melhor pra não levantar suspeitas

Imagine, dois carros pretos, blindados, rodando essas horas pelas ruas principais? O enquadro é certo!

Fui dirigindo tranquilamente, enquanto os outros três não paravam de conversar por nenhum minuto

-- Aê Alice, a gente tá indo procurar ela aonde? Aqui é mó bairro de pleiba - Cabeça perguntou

-- Acho que ela possa ter vindo pro meu Apartamento, depois do último acontecimento que teve aqui, eu deixei ele totalmente isolado, inclusive nem tem nenhum segurança mais

Mentira

-- A Roberta seria tão burra ao ponto de vim em um imóvel da mulher que quer pegar ela? - Júlio rebateu

-- Eu acho inteligente - Menti novamente -- Quem imaginaria que ela poderia tá lá?

Por reflexo, olhei pro retrovisor e vi dois carros seguindo a gente, voltei a olhar pra frente e já percebi outro vindo na contra mão

-- Tão seguindo a gente - Falei e eles já ficaram alerta

-- Acelera Alice -- Júlio gritou puxando a arma e atirando contra os carros que vinham atrás

Mudei a rota e entrei na primeira esquina que eu vi, mas pro azar, veio outro carro de frente e fechou a gente. Todos os homens, estavam vestidos de preto e com capuz na cabeça, dificultando o reconhecimento

-- A gente desce e atira? - Júlio perguntou ofegante

-- Tá louco? Olha o tanto, é a gente atirar e eles metralharem a gente -- Rato respondeu

-- O melhor é a gente se entregar - Cabeça comentou

" É melhor vocês descerem numa boa, se não a coisa vai ficar feia "

-- Não dá pra se entregar - Júlio voltou a falar

-- Você tem outra alternativa? A gente demorando de chegar no lugar combinado, o Hugo vai dar nossa falta e acionar os outros pra virem atrás da gente - Falei e eles concordaram

-- Quem vai primeiro? - Cabeça perguntou e eu respirei fundo

-- todo mundo junto - Falei e destravei a porta do carro

Assim como eu havia dito, todo mundo saiu junto e os caras de preto vieram todos nos segurar. Senti uma furada no braço e direcionei o olhar até o local que doía, identifiquei uma seringa, mas nem tive tempo de questionar. Começei a me xingar mentalmente, assim que a vontade de fechar os olhos se fez presente e eu fui deixando o sono me consumir lentamente