JENNIE KIM

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Eu me apoio pesadamente em minhas mãos,colocando todo o meu peso sobre a bancada do banheiro. Meu pulso está batendo tão forte que posso ouvi-lo dentro de meus ouvidos, e tentar respirar profundamente queima os meus pulmões, como se alguém tivesse provocado um incêndio dentro deles. Talvez seja isso o que ele fez. Ou talvez ele tenha misturado todas as partes de mim, e agora meu corpo teve que trabalhar para colocá-los em um só outra vez. De todo modo, eu sinto que alguém me rasgou em dois pedaços. Há uma parte de mim que quer dar a Taehyung tudo o que ele quer. É a parte que, desesperadamente, quer mostrar a minha alma para ele por inteiro, dizer a ele todos os meus problemas. Ele iria levá-los para dentro de si mesmo e, em seguida, expirá-los, e todos os meus problemas desapareceriam, como em The Green Mile.Eu sei que ele faria isso. Mas os meus problemas são grandes demais para ele. Eles o comeriam vivo. E eu não posso deixar isso acontecer, porque há a outra parte de mim que sabe que preciso correr como nunca. Eu preciso deixá-lo antes de machucá-lo.

Eu toco meus lábios com as pontas dos dedos. Eles estão vermelhos e inchados por causa de seus beijos. Eu nunca fui beijada assim antes. Eu nunca tive um homem que me beijasse assim tão apaixonadamente. Eu nunca tive um homem que tentasse realmente mesclar-se comigo, que me beijasse profundamente por dentro, enquanto tocava apenas em meus lábios. Mas isso é o que Taehyung fez.

Eu preciso ir lá, pegar minha guitarra, e depois ir embora. Isso seria a coisa mais justa a fazer. Mas ele colocou a tatuagem no pulso dele. Colocou a minha marca em seu corpo, e a mudou. As lágrimas inundam meus olhos novamente, e eu controlo-as, piscando os olhos e usando uma toalha de papel umedecido para limpar a mancha de delineador abaixo deles. Eu pareço um guaxinim.

Suspiro. Não é de admirar que o gerente me olhou como se eu merecesse toda a simpatia do mundo. Eu disse a ele que alguém importante tinha morrido. É por isso que eu estava assim. Mas, na realidade, eu sou a pessoa que morreu. Quando saí de casa, eu morri. Eu gosto da existência pacífica que fui criando aqui. Eu sei o que esperar. E espero enfrentar a vida sozinha. Agora, Taehyung está arruinando a minha existência quase perfeita. Eu não sentia esperança há muito tempo, mas estou esperançosa. E isso não é uma coisa boa.

Eu paro de me apoiar na bancada, e arrumo meus cabelos. As mãos dele passearam pelo meu cabelo, e parece que eu acabei de sair de uma máquina de secar roupa. Risos saem de meus lábios, de uma forma completamente espontânea.

Eu volto para a mesa, e ele está lá. Ele está comendo um pedaço de pão, e olhando para mim, silencioso como ele normalmente é. Eu me sento em frente a ele, encostando-me contra o assento do banco.

- Você está bem? - ele pergunta.

Faço que sim com a cabeça. - Eu estou bem.

Eu fecho os olhos com força, tentando encontrar as palavras certas para explicar. Ele toma meu queixo em seu punho, e abro meus olhos para olhar para ele.

- Você não tem que me dizer nada - diz ele.

Eu nego com a cabeça. As palavras estão ali, na ponta da minha língua, mas não consigo fazê-las passarem por meus dentes.

- Eu quero conversar com você - eu começo. Mas, então, me contraio, e mordo a parte interna de minha bochecha.

A garçonete caminha em nossa direção com dois pratos quentes, e coloca-os na nossa mesa. Ela enche nossos copos com cervejas novamente, e sai.

Taehyung olha para a comida dele e sorri. Ele dá uma mordida no frango, e está feliz. Ele aponta para o meu prato com o garfo. Eu não quero comer agora. Quero colocar tudo isso para fora.

- Estou feliz por você estar aqui - ele diz, enquanto eu encho a minha boca com o alfredo. - Eu estava com medo que você fugisse.

Eu estava com medo disso, também. E eu, provavelmente, ainda irei fazê-lo. Eu giro meu garfo, juntando uma pilha de macarrão, e o levanto, mostrando-o para ele.

TATUAGEM, TOQUES E SENSAÇÕES- Kth&KjnOnde histórias criam vida. Descubra agora