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   O punho dele começou a doer, mas ele não parou de martelar com força a porta de ferro. Um cheiro suave de ferrugem saia das dobradiças enquanto ele batia. No teclado velho tentava digitar, pela decima vez provavelmente, o código da porta. Os números estavam desbotados, mas ele sabia a senha de cor. Números simples que somavam a idade deles no final.
A porta sequer se mexeu. Alguém tinha mudado. De novo.
- Eu mato, mato ele...! -rosna e murmura para si próprio entre os dentes- Atila abre essa maldita porta!
Nenhum som veio do outro lado.
A raiva deixava o rosto de um tom vermelho e deixava as poucas sardas sobre os olhos castanhos bem escuros, ainda mais imperceptíveis. Os lábios sofriam com os dentes vorazes de ódio, unidos a mandíbula travada transformava seu rosto numa bela careta.
-Se você não abrir a porcaria dessa porta agora, eu vou arrombar, bater em você com ela e usar todas as suas coisas como combustível pra uma linda fogueira... –ele faz uma pequena pausa, esperando, a testa encostada no metal frio e oxidado.
Antes que pudesse soltar outra frase ameaçadora, o ferro se meche rápido o suficiente para bater no seu rosto, e o faz cambalear para trás e levando as mãos ao nariz. Era só desses segundo que Átila precisava para fugir, mas drusos não tinha a intenção de dar a ele. Seus olhos cruzam por segundos com os bicolores do irmão, trotando pelo pequeno corredor até o próximo cômodo., com suas botas barulhentas.
-Atila...Atila!!

Ignorando o rosto dolorido, corre atrás do mais novo e com a mão agarra o colete de couro surrado dele e o obriga a se virar e olhar de frente para suas sobrancelhas grossas e franzidas.

-Se estamos tão atrasados assim, imagino que não temos tempo pra você usar sua superioridade de irmão mais velho para me bater, Drusos. Eu estou cansado.

Ele interrompeu o início de um discurso cheio de palavrões e bofetadas que Drusos havia formulado tão bem em sua cabeça.

-O dia mal começou e você já quer aborrecer a mamãe com um hematoma pra tratar ?!
-Seu crianção, malcriado, você podia crescer de vez em quando?! Aborrecida ela ficou no dia que ela que achou no lixo.

Drusos o solta a gola do colete, agora alargado um pouco mais, embora não sem antes dar um belo tapa na orelha dele. Os dois tinham a mesma altura agora, por isso ficava cada vez mais difícil dar uma bronca efetiva nele.

Átila vez de responder, solta um gemido meio chateado e enfurecido, e meio dolorido por conta do assovio dentro do ouvido
Um cheiro parecido com barro entra nas narinas dos irmãos. Era o cheiro natural da casa, mas a cozinha por algum motivo, o foco era maior. Ela não passava de uma mesa retangular no centro, que era rodeada por armários embutidos nas paredes de pedra laranja ou no chão, esse coberto pelo azulejo imitador de mármore, que cobria toda a casa. Um refrigerador polido e com imãs antigos, mas pequeno demais para uma família de cinco pessoas, mais um gato.

A mascote, chamou a atenção do filho mais novo por seus olhos de cores diferentes e figura esquelética como ele. De pelo branquinho, nos dias que tomava banho, e personalidade dócil, no princípio, Jasão era apenas como mais uma boca para alimentar e depois se tornou um ouvinte para quem quisesse falar e um companhia para a mãe que muitas vezes fica sozinha.
- Bom dia.

Ainda repuxando a orelha avermelhada, afasta uma das mechas de cabelo castanho para deixar um pequeno beijo sobre sua bochecha também castanha. Ela tentava alimenta, sem muito êxito, uma garotinha, que era a imitação da mãe de pele um tom mais claro. Ela vestia um macacão azul que um dia pertenceu a ele.
-Bom dia, querido. - Brigando de novo?! Não são nem oito horas. -ela olha para as sobrancelhas ainda franzidos de Drusos e para a feição amarga de Atila. Se tom decepcionado, o próprio rosto formando uma careta cheia de rugas. Enfim consegue enfiar a colher na boca da criança e completa- Não seria uma surpresa muito grande!
-A culpa não e minha se ele quer bancar o espertalhão com aqueles livros até madrugada! No tempo em que eu e o pai já estamos acordados, ele ainda fica roncando que nem um motor! -Drusos alfineta e com uma chave escondida entre os poucos copos do armário, retira o cadeado da geladeira e procura algo para comer.

Áve Cesar.Onde histórias criam vida. Descubra agora