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Sacudindo, sua consciência retorna como um soco no seu rosto. Mas antes que Átila pudesse levantar, as mãos firmes e ásperas do pai o mantem deitado e quieto na espuma.

-Tá tudo bem, filho. -Apesar da voz dele estar calma, ainda parecia incomodada nos ouvidos dele. Os dedos de Ceú deslizavam lentamente pelo seu cabelo e as vezes por suas bochechas extremamente sensíveis. Era quase impossível continuar tenso por muito tempo. Com o polegar, ele levanta as pálpebras do filho, até que ele conseguisse sozinho deixa-las abertas- Ele acordou...

-Nós estamos vivos, não estamos? -o rosto dele se contorce em uma careta quando sente o gosto do remédio da boca e os pontos vermelhos doloridos no peito e no estômago. Um cateter preso ao seu braço deixava gotas de um líquido amarelo desbotado pingar em gotas gordas pela mangueira.

"Eu consegui!"

Ele não consegue conter um pequeno sorriso de orgulho, quando olha ao seu redor e se contempla no interior da nave rebelde. Mesmo que todo o seu corpo doesse com as irritações, ele força os braços para se recostar no travesseiro fino que colocaram para ele descansar. O interior era quadrado e o chão era azul como do lado de fora, mas no momento, ele estava coberto com faixas sanguinolentas, baldes de água, kits salva vidas e outros colchões, com mais pessoas deitadas imóveis neles. Todos estavam acordados, com uma máscara de choque que se repetia nos rostos.

As paredes brancas refletiam as luzes fortes que saíam de dentro delas, a não ser nos lugares em que havia figuras coloridas de estrelas, planetas e de triângulos em degrade, escorriam por conta da tinta fresca que foram pintados.

Na passarela de alumínio alta sobre sua cabeça, o segundo andar do transporte cheio de portas trancadas, estava escrito uma frase em garrancho de uma tinta branca que ainda não foi retocada.

- "Vitórias são feitas de choro e de mentiras. O resto é utopia" -ele lê em voz alta, chamando a atenção do pai para onde estava olhando. Uma sensação ruim passa pelo corpo dele. "O líquido no cateter estava quase acabando, com certeza é isso". Átila era bom demais em se consolar sozinho quando se assusta com alguma coisa. Porém, mesmo com o êxtase de estar dentro de uma espaçonave de verdade, era uma espaçonave rebelde que possivelmente foi roubada de um deque ou de um mecânico pobre.

Acorrentado em um canto escuro nas escadas cor de bronze, um greco. Tão jovem quanto Átila, os cabelos curtos e crespos estavam manchados de sangue, a pele clara do rosto cheia de hematomas. Ele estava acordado e os olhares dos dois se cruzaram por segundos, fazendo Átila saltar se surpresa com a hemorragia neles.

Céu aperta seus dedos.

- Está preocupado com o que?! Suas pupilas estão grandes de novo.

-Ou talvez ele esteja apaixonado. -uma mulher, sorriso caminhando na direção deles. Ela tinha um copo nas mãos enluvadas, e diferente dos outros, ela estava toda vestida de preto, com calças justas, botas lustradas e um casaco grande cheio de bolsos. - Respira bem forte pra mim. Você foi corajoso salvando aquelas pessoas, um pouco idiota também, mas quem sou eu pra acusar você...

- O que colocaram naquela fumaça ?!

Se vira para que ela olhasse as manchas nas costas. A água era um bálsamo e parecia muito mais deliciosa do que era de manhã cedo. Seu goto era ligeiramente mais limpo.

-Uma substância muito irritante. Nada demais. O seu corpo se desespera tanto quando entra em contato que você vira uma bolinha inchada de pus. Igual quando uma formiga te pica. Só que o formigueiro inteiro. - Ela bate na mão dele, quando vê que ele coçava as erupções. - Tira essa mão suja daí! Não vai continuar bonito assim se coçar.

Áve Cesar.Onde histórias criam vida. Descubra agora