O rio que nasceu no Éden

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Escolheu a noite mais escura,
na qual o céu se apresentava imerso em uma escuridão profunda,
onde as estrelas, tímidas e distantes, lançavam apenas um leve brilho.

Me mostrou como reconhecer a lua mais bela.
Guiou-me pelo emaranhado da floresta,
Revelando onde seu coração estava escondido,
Um coração que jorrava uma nascente,
Fluindo por todo o bosque.

Você me convidou a dançar de mãos dadas ao seu redor,
Acreditando que nossa dança transformaria a nascente em um majestoso rio.
Por dias a fio, retornamos ao mesmo lugar,
Bailando para a lua e bebendo da água daquele lugar.
A nascente crescia gradativamente,
Enquanto nossa dança consumia minha energia.
Sem forças, deixava a floresta,

Mas um dia, quando a lua estava plena,
Voltei ao bosque e você não estava lá.
Em seu nome, dancei sozinho,
O vento me envolvia e a floresta me silenciava.
Meus pés calejados enfrentavam as pedras ásperas,
E ao término de minha dança, diante de mim, havia um grandioso rio.

Exausto, saí da floresta sem energia,
E lá fora, você me esperava,
Acompanhado de uma multidão portando tochas.
Acusado de bruxaria, fui condenado à fogueira,
No entanto, o fogo acariciando minha pele,
Da dor surgia um prazer indescritível,
E no meio das chamas, sorri e dancei.

Inconformado com minha alegria,
Você sugeriu que me afogassem no rio que eu mesmo criei.
Enquanto meus pulmões se enchiam de água,
Eu sorri e mergulhei completamente.
Agradeci a você por me ensinar a dançar,
Um dom que lhe faltava grandemente,
Pois a magia não lhe pertencia,
E consumido pela inveja,
Você se perdeu nas próprias chamas e se afogou em suas próprias atitudes.

Agora, vive solitário, sem o bruxo que antes lhe abençoava,
Enquanto eu sigo meu curso, fluindo como água neste mundo de rios e mares

Lágrimas de uma noite sem fimOnde histórias criam vida. Descubra agora