NAVIA ENCAROU AS MONTANHAS DE Areia a sua frente, pensando que poderia se afogar se desse um passo mais a frente. Seus cabelos vermelhos voaram para trás, mas Arthur fez questão de prendê-los em um coque rápido depois de sair da água ao lado de Mera e Marcell Havilliard, o novo guarda-costas da irmã mais nova de Navia. Ele tinha cabelos castanhos e uma barba um pouco grande, assim como a do Curry.Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo pequeno e seus olhos eram amendôados. Um sorriso estava estampado em seus lábios masculinos. Ele parecia ter alguma ideia de onde estavam e a finalidade para tal destinação. Mas Arthur não tinha o interesse de perguntar. Talvez estivesse com ciúmes de Navia, por ter o recebido de coração e braços abertos, mas ele jamais iria admitir isso para si mesmo. Bom, de qualquer forma, poderiam confundir Marcell e Arthur facilmente.
Não pelo rosto, entretanto, se ambos estivessem de costas um para o outro, ninguém notaria a menor diferença há não ser pelos músculos imensos do Curry e suas íris amarelas. Navia acabou perdendo o foco quando percebeu que estava olhando demais para o peitoral de Arthur. E céus, aquele homem era a personificação do próprio pecado em carne e osso. A tentação a qual Navia não queria ceder, mas que já havia adentrado todos os caminhos do seu coração e deslizado para o fundo de sua mente. Agora, Arthur não saia mais de seus pensamentos e seus batimentos cardíacos disparavam quando ele estava perto dela. Perto o suficiente para beijá-la com aquela boca e fazê-la sufocar em seus próprios desejos.
Arthur se tornará a profanação de Navia. A mágia de um sentimento proibido. O fruto da maldição de Atlântida. A salvação do seu povo. Um resquício de esperança para a sua existência e um amor que não podia ser correspondido por ambos. Mas eles sabiam que sentiam algo um pelo outro. Isso estava lhes matando pouco a pouco por dentro. Cada dia que se passou ao lado um do outro. Sem dúvidas o Curry estava encantado por sua beleza, por sua astúcia, bravura, coragem, equilíbrio, a sua natureza...
Ela era tão preciosa para Arthur, mesmo que ele disse-se que não, e que insistisse no oposto do que seus sentimentos lhe diziam. Estava apaixonado por Navia Shebella Shalla e aquilo não era mais uma questão de vida ou morte. Não era mais uma opção e também não era questionável. Estavam juntos naquela jornada difícil, enfrentando a Deus e o mundo, mas eles não ousariam abandonar um ao outro. Estavam determinados demais para dar para trás.
── Gostou do que viu? ── Mera perguntou, enquanto passava a mão na frente do rosto de Navia, acordando-a de seus devaneios.
── Concerteza. ── ela confessou para a irmã. Mera sorriu com a resposta.
── Quem sabe vocês dois não possam ficar juntos, sabe, depois que tudo acabar. ── Mera comentou, Navia negou com a cabeça. ── Porquê não? Você sabe que sente alguma coisa por ele é está disposta a esquecer isso em troca da felicidade dos outros. ── Mera tocou os ombros da irmã mais velha, fazendo-a focar em seu olhar ── Navia, me escuta. Não vale a pena sonhar acordada, se você não estiver disposta a dormir.
── Não sei se poderia. ── Navia cerrou os pulsos e cruzou os braços. ── Deixar o nosso povo, o meu reino, a minha coroa em troca da minha felicidade. ── ela exclamou ── Isso nunca significou nada para mim, mas a partir do momento em que eu e ele nos cruzamos, tudo isso mudou. ── ela apontou com os seus olhos para Arthur, que a fitava um pouco mais de longe, enquanto escutava as palavras abafadas de Marcell em seus ouvidos. O homem tentava aconselhar o Curry a confessar suas emoções para Navia e a se declarar para a rainha.
Ambos estavam de braços cruzados para as suas expectativas de vida, abandonando qualquer ideia de viverem juntos em um futuro próximo. Isso era algo incerto, e Navia gostava de ter a amplitude de tudo o que poderia acontecer. Quais seriam os riscos de se envolver romanticamente com um mestiço? Não que isso importasse.
Arthur também podia se tornar um rei, mas Navia achava improvável que ele tomasse essa decisão e quisesse isso. Arthur era um espírito livre, odiava se sentir preso a tudo e qualquer coisa. Ele jamais abriria mão da sua liberdade e do seu compromisso com a superfície. Afinal, ele era uma ponte entre os dois mundos, como poderia escolher somente um para cuidar, quando na realidade, os dois lugares precisam dele? De sua atenção, perseverança, confiança.
── Desista, Mera. ── Navia exclamou, segurando as duas mãos de sua irmã ── Vamos usar o GPS de Atlântida para encontrar as ruínas do deserto. ── a ruiva mais velha pegou o pequeno objeto do bolso de seu traje verde com escamas esmeraldas ── Esse tridente tem que estar aqui em algum lugar. ── ela começou a andar e Arthur passou a acompanhar Navia lado a lado.
Depois de muito caminhar e andar pelas montanhas de areia do Saara, Arthur resolveu convocar uma ajuda de um amigo seu, após ligar para Zac e pedir para que ele desse uma carona para os quatro, em meio a uma viagem em busca do tridente perdido. Nem mesmo seu amigo acreditou naquela história, porém, depois de uma hora de espera ansiosa e puro cansaço, eles subiram no helicóptero e pegaram passagem para descansar nos bancos da "coisa voadora" como Navia começou a chamar.
Ele sorria para ela sem perceber. Ficava encarando-a sem perceber, na verdade, ele não percebia que estava dando sinais de paixão por ela, assim como Navia também lhe dava sinais, mas Arthur não conseguia notar quais eram. Marcell e Mera fixavam os olhares nos dois apaixonados, apesar de também estarem sentindo uma atração especial e inexplicável um pelo outro, eles iriam admitir isso a qualquer minuto.
Contudo, Navia e Arthur eram um assunto delicado e muito mais profundo. A relação deles era intensa e tinha um grande valor sentimental e emocional. Marcell e Mera conseguiam sentir a tensão do clima no ar. Quando o Curry finalmente levantou e caminhou até o banco do lado de Navia, Mera se surpreendeu com a sua ação e pensou que ele diria o que estava guardando em seu peito, mas as suas esperanças foram por água baixo com a pergunta dele:
── Não acha que deveria viver por si mesma e dar uma chance ao mundo humano? Por que não tenta ter uma vida só pra você? Por que insisti nisso? ── ele a questionou com as mesmas perguntas que ecoavam pela mente de Navia há muito tempo atrás.
── Minhas responsabilidades como rainha Arthur. Não se trata de querer, se trata de fazer. E se viver por mim mesma, significa dar as costas para o meu povo, eu prefiro morrer por eles.
── E vale a pena? ── ele a fitou com os olhos brilhantes.
── Não sei. Mas...Bom, é como o meu pai costuma dizer, ── ela comentou ── Não se trata daqueles que você perde, mas sim, daqueles que você salva. ── um sentido de compreensão se acendeu na mente de Arthur ── Isso não fazia sentido pra mim na época da minha infância, mas agora eu entendo a importância de ser rainha e não posso deixar os meus súditos para trás. Isso seria hipocrisia da minha parte. Querer salvar a humanidade que habita a superfície, mas deixá-los morrer sabendo que a minha consciência pesaria para sempre. ── ela negou com a cabeça ── Não é esse mundo que eu quero pra mim. Creio eu, que você também não quer, mesmo que eles sejam culpados por atrocidados. Cometer esse pecado, nós faria melhor ou pior do que eles? ── ela o encarou com dúvida.
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𝑫𝑼𝑺𝑲 𝑻𝑰𝑳𝑳 𝑫𝑨𝑾𝑵 ᵃʳᵗʰᵘʳ ᶜᵘʳʳʸ Em Revisão
Historical Fictionᶜʳᵉᵖᵘ́ˢᶜᵘˡᵒ ᵃᵗᵉ́ ᵒ ᵃᵐᵃⁿʰᵉᶜᵉʳ 𝐘'𝐍𝐚𝐯𝐢𝐚 𝐂𝐡𝐞𝐛𝐞𝐥𝐥𝐚 𝐂𝐡𝐚𝐥𝐥𝐚 É a irmã mais velha de Mera, e diferente da irmã, ela já é uma rainha em ascensão. A primeira do trono, que não gostava e nem permitia a ideia de deixar Orm causar guerra entre...