Capítulo 2

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O som da janela sendo aberta me acordou de repente e meus olhos protestaram sob a luz forte da manhã.

-Bom dia, raio de sol! – um Liam sorridente imitava (muito mal) o meu sotaque, enquanto escovava os dentes – Melhor você se levantar, já estamos atrasados.

Conferi o horário em meu relógio de pulso, apenas para constatar que, de fato, estava atrasado. Levantei-me em um pulo, pegando Liam de surpresa.

-Calma, jovem, você ainda tem uns quinze minutos.

-Que eu pretendia usar para descobrir onde fica o prédio de música. – retruquei, tirando a camiseta amarrotada e jogando de qualquer jeito em cima da cama.

-É aquele ali. – Liam apontou pela janela, do outro lado de um longo campo verde e algumas alamedas, um prédio com aparência moderna aparecia entre dois pequenos bosques – Eu te levo lá, ainda tenho um tempo antes do treino.

Cerca de dez minutos depois, Liam trancava a porta do dormitório atrás de nós, enquanto eu conferia minha grade de aulas do dia. Apenas duas matérias diferentes, não era tão mal – harmonia vocal-instrumental antes do almoço e depois, história da música.

-Então basicamente vocês vão ficar o dia inteiro cantando? – Liam examinava minha grade curricular, depois de tomá-la das minhas mãos, claro.

-No seu curso vocês ficam o dia inteiro correndo atrás da bola? – disparei, me divertindo com a expressão de surpresa no rosto dele.

-Não, nós também aprendemos a derrubar um oponente de 120 quilos sem acabar no hospital. – rimos distraidamente, enquanto saíamos sob a luz forte do sol, embora o frio aumentasse cada vez mais – E futebol americano é só o que eu pratico pela universidade para pagar pela minha bolsa. Eu estudo Desenvolvimento de Software.

-Então, você é um nerd atleta? – exagerei uma expressão de choque.

-Sim. Quebrei a Matrix.

Poucos minutos depois, atravessávamos a última alameda que levava até o prédio de música, passando entre os pequenos aglomerados de árvores que eu vira pela janela do quarto.

-Ah, merda. – Liam olhava o visor do celular, coçando a nuca – Cara, eu tenho que ir. O treinador tá uma fera porque não apareci para o sermão matinal. O prédio é aquele ali, sua sala fica no térreo, então é fácil de achar.

-Obrigado por me mostrar o caminho. – observei enquanto ele se afastava.

-Divirta-se cantando!

-Divirta-se correndo atrás da bola!

De fato, encontrar a sala foi bastante simples, o que agradeci em pensamento. Dois minutos depois de finalmente chegar ao prédio, eu já entrava em uma sala cheia de alunos conversando alto. A porta de entrada, ao lado da mesa do professor, ficava aos pés de uma pequena arquibancada em semicírculo, onde as cadeiras eram dispostas ao lado de pequenos suportes para partituras. As paredes eram equipadas com placas a prova de som e em um canto, alguns instrumentos musicais eram cuidadosamente apoiados contra a parede. Duas baterias, um teclado eletrônico, um piano um tanto antigo, alguns violões, guitarras e outros instrumentos de corda.

Encontrei uma carteira vazia na frente e me sentei, retirando o caderno amarelo do bolso da calça apenas para ler algumas das coisas que havia escrito no dia anterior. De repente, uma frase me chamou a atenção.

"Olhos com o brilho prateado da lua cheia"

Encarei as palavras por alguns segundos, tentando me lembrar do momento em que eu as escrevera. Mas a lembrança do olhar de Cassie parecia banir qualquer outro pensamento e imediatamente me senti nervoso. Fechei o caderno e o enterrei novamente no bolso, coçando a sobrancelha com um pouco mais de força do que o necessário e provavelmente deixando uma bela marca vermelha como prova disso. Se controla, Ethan, pelo amor de Deus! Até parece que nunca viu uma garota bonita na vida.

Três DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora