Capítulo 7

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Os membros se separaram em pequenos grupos logo que adentramos a sala do Clube de Mídia, um espaço surpreendentemente grande e confortável, com seus sofás de couro escuro, grandes estantes abarrotadas de livros, móveis de mogno imponentes e até mesmo um espaço para cafés e chás. Parecia um salão comunal equipado especialmente para atividades criativas. Em um dos cantos, três computadores se dispunham em uma mesa comprida, com confortáveis poltronas, onde alguns membros do grupo, inclusive Debrah e Cassie, pareciam desempenhar um trabalho árduo planejando as etapas do projeto que tínhamos em mãos; em outro canto, um tanto mais caótico, cavaletes e telas mostravam alguns projetos em andamento, enquanto outros concluídos se penduravam nas paredes ao redor; e ao fundo da sala, ao lado de uma grande e escura estante, um piano de cauda reluzia sob a luz amarelada que vinha da janela, e ao seu redor, os mais variados instrumentos pareciam aguardar o início de uma bela apresentação de jazz. O lugar era o sonho de qualquer estudante a fim de relaxar e praticar suas habilidades.

-Você tem alguma composição pra gente começar a trabalhar? – Jordan sentou-se ao contrário na cadeira ao meu lado, girando uma palheta entre os dedos.

-Bom, como eu disse, não são grandes composições. – eu respondi, alcançando o caderno amarelo no bolso – A maioria não está completa.

-Eu posso dar uma olhada? – ela estendeu a mão e eu, relutante, entreguei a pequena agenda.

Após alguns minutos, que pareceram uma eternidade, indo e voltando em minhas anotações, Jordan se virou de repente na cadeira e chamou alto.

-Leo, Peter, Kevin!

Os três se reuniam em volta de um sofá próximo aos equipamentos de pintura. Kevin e Leonard abraçavam algumas almofadas, conversando alegremente com Peter, que se deitava de costas no tapete escuro, encarando o teto, os cabelos exageradamente longos se espelhavam como as raízes de uma árvore. Com o chamado, os três se juntaram a nós, ansiosos.

-Deem uma olhada. – ela entregou a agenda nas mãos de Kevin, que a girou nas mãos antes de entender do que se tratava.

O rapaz ajeitou o terno escuro, me olhando intensamente, como se pedisse permissão. Apenas depois do meu discreto aceno de cabeça, ele começou a folhear as páginas, enquanto os outros dois espiavam sobre seus ombros estreitos. Leonard era um cara bastante expressivo e me entretive observando suas sobrancelhas fazerem diversos movimentos curiosos enquanto passeava os olhos pelas minhas anotações. De algum modo, aquilo me distraiu do desconforto de tantos estranhos estarem lendo coisas que nunca havia mostrado a ninguém.

-Você é bem poético. – Peter sorriu quando o colega me devolveu a agenda.

-Com certeza sabe lidar com as palavras. – foi a vez de Leonard opinar – Mas é difícil entender só lendo. Você poderia apresentar alguma?

-Estão longe de estarem prontas, mas posso mostrar o que tenho até agora. – engoli a sensação de nervosismo que começava a travar minha garganta.

Caminhei em direção ao piano, seguido de perto pelo grupo de músicos e também pelo olhar de alguns dos membros do outro lado da sala. Acariciei as teclas, tentando conter o tremor das mãos.

-Relaxa. – Kevin se apoiava sobre o piano, ainda me olhando daquele jeito intenso – Ninguém vai te julgar aqui. Pelo menos não em voz alta.

Sorri para ele, apreciando a tentativa de deixar o clima mais leve com a brincadeira.

-Qual vocês querem ouvir?

-A última que você compôs tinha uma letra interessante. – Jordan trocou olhares com os outros, que assentiram.

Três DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora