rua de flores murchas > 16

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A primeira noite em anos que Changbin se sentiu estranho.

Não. Não estava se referindo ao fato de deitar-se com um homem o qual não era casado, talvez fosse pelo fato de ter se sentindo realmente uma soberana sob os braços e beijos vindo de um alfa, por Deus, algo estranho queimava-o trazendo a tona pensamentos estranhos, pois em toda sua vida o único amor que teve veio de sua mãe ômega e de Park, que nesse momento estaria arrancando os fios em desespero e preocupação.

Seo decidiu, por fim, levantar para lidar com as consequências de uma noite ao lado de um pirata, sentiu o quadril latejar quando fez um movimento brusco, deitou-se novamente gemendo em desgosto, Chan ainda estava ali.

Quando Changbin se situou, viu que o espelho ainda continuava no mesmo lugar e com uma pequena mancha, as bochechas avermelharam-se e ele virou o rosto encontrando o fim da cama, que pelo espaço do espelho tinha diminuído, para a duquesa com ou sem o objeto enorme continuava perfeitamente sob medida para si, porém cobriu a face encontrando os pés grandes do alfa para fora do leito, não pôde conter um sorriso estupidamente divertido com a aparência graciosa do alfa mais temido do oceano.

— Vejo que despertou de bom humor. — Changbin arregalou os olhos encontrando as orbes castanhas brilhantes, um brilho bom e carinhoso, mesmo que a voz fosse séria e rouca.

— A noite foi... — paralisou sem saber o que dizer, mordeu o lábio e virou o rosto vermelho e amassado. — agradável.

— Isso significa que na próxima terei a duquesa sentando no seu trono? — Chan via perfeitamente o ômega, enquanto deitado na cama, o azulado estava sentado. Sentia-se submisso diante da duquesa, Changbin estava com os fios azuis cobrindo os olhos redondos, estava nua diante dele com apenas a fina coberta sobre o peitoral.

— Estúpido. Entretanto, possivelmente isto acontecerá, a menos que o capitão não me conceda. — O quarto foi preenchido com risadas, ambos riram aproximando-se, Seo caiu sobre o peito grande do lúpus sendo acolhido com os braços ao redor do corpo sem o apertar.

— Minhas portas estarão sempre abertas para a princesa. — Os olhos se encontraram, ambos não perceberam que estavam se aproximando, porém quando notaram os lábios se chocaram lentos.

O sol estava no seu auge tendo uma visão de dois amantes, a vida era uma comediante medíocre. Sempre lutamos contra ou em favor de algo, porém nada do que queremos é o que será recebido e só nos cabe aceitar, há aqueles que lutam contra a correnteza. E os astros se divertem acompanhando os fracassos e acertos.

Seo Changbin nunca conheceu o que era o amor, ser amado por um homem era apenas história da sociedade Heresiana subjugada pela igreja que fazia apologia ao casamento forçado entre jovens ômegas, que infelizmente encontravam alfas e betas que machucavam pelo prazer e poder. Mesmo tendo amantes, satisfazer seus desejos era o mínimo, algo ordinário que lhe deixava em êxtase por minutos, mas acordar no dia seguinte e encontrar um homem ainda ao seu lado que tinha uma aura divertida era novo. Arrepiante. Inovador. Assustador.

Bang Chan era o sinônimo de deus dos mares, eufemismo de colossal, o antagônico de pacificador. Piratas amam apenas tesouros, os mais variados e suicidas de serem obtidos, porém o capitão do Esmeralda encontrou algo que o dinheiro não compraria, embora esse algo parecesse ganancioso o suficiente, assim como brilhante e que deixava o alfa rendido.

Mas por que infernos? Não. Amor não existia, nem no chão castigado pelo sol de Heresia, quanto nas ondas falíveis dos mares perigosos.

Se afastaram em um único movimento, a duquesa sentiu seu lado ômega querer chorar pela rejeição que também sofreu do alfa, mas pôs-se apenas a pegar seu vestido, mesmo com o quadril implorando por calmaria, Chan viu aquilo e levantou-se rapidamente revelando sua nudez, Changbin virou o rosto vermelho com aquilo, temia não resistir como fez na noite anterior e deitou-se com o pirata.

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