Capítulo 18 - Planos frustrados

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Bella

Hoje acordei mais cedo do que o normal, na verdade não dormi quase nada, além da briga com Eliot e falta que ele fez no quarto me deixou um pouco aflita já me acostumei com a sua companhia. Desço para tomar um café da manhã antes de todos, hoje resolvi que passaria o dia fazendo algo, vou pensar em alguma atividade, quem sabe até retomar meus estudos. Quando chego a sala vejo Anna tomando seu café da manhã:
- Bom dia Anna - digo e sento me juntando a ela
- Bom dia, cadê o Eliot? - pergunta Anna
- No quarto - respondo normalmente
- Huum, bom acho que vou te deixar tomando café sozinha, eu preciso resolver umas questões hoje, talvez passe o dia inteiro fora - diz Anna levantando da mesa
- Sério, posso te acompanhar? - pergunto, preciso sair um pouco
- Você quer vir? - pergunta ela entusiasmada
- Claro, se você quiser minha companhia - digo sorrindo
- É claro que eu quero, eu vou adorar - responde Anna
- Ótimo, vou só pegar minha bolsa no quarto - digo e subo para buscar minha bolsa.
Anna está me esperando na sala, entramos no carro e ela me disse que iria resolver algumas questões da faculdade que ela quer fazer, fazia pouco tempo que ela havia completado seus dezessete anos e estava pensando em cursar Arquitetura e Urbanismo. Fomos até a universidade que ela iria cursar, que por sinal é uma das melhores da cidade, Anna queria conhecer a instituição então fizemos uma breve tour:
- Que incrível, não vejo a hora de começar a estudar - diz Anna admirando toda a estrutura do local
- Você gosta do curso de arquitetura? - pergunto, tive essa dúvida se essa era sua vontade ou de seus pais
- Eu amo, sempre tive talento com desenhos e design, acho que puxei esse lado artístico da minha mãe que também desenha - diz Anna e fico surpresa
- Mary desenha? O que? - pergunto curiosa e ela para ficando de frente pra mim
- Vou te contar um segredo, mas se algum dia te contarem você vai ter que fingir surpresa - diz Anna baixo e olhando para os lados - A minha mãe desenha as joias da joalheria e meu pai assina como se os desenhos fossem dele - diz Anna um pouco triste
- Que horror, mas se ela desenha as joias é ela quem merece todo o reconhecimento pelo seu talento - digo revoltada ao saber disso
- Eu sei, mas na joalheria alguns sócios também fazem parte da máfia então seria um pouco embaraçoso- diz Anna, mas ainda acho uma desculpa esfarrapada para não dar os créditos a verdadeira artista que é Mary.
               Damos um ponto final no assunto pois já estava me deixando furiosa, assim que terminamos a tour pela universidade Anna me chamou para irmos a papelaria comprar alguns materiais, ainda faltava alguns meses para ela começar as aulas mas já estava muito ansiosa, ela recém completou 17 anos e já conseguiu uma vaga em uma boa universidade, Anna é muito inteligente e diferente das outras meninas da máfia, claro que não por ser filha do chefão mas ela é mais dela, sai pouco com as amigas e é bastante centrada em seus estudos, percebi que ela odeia mudança de planos isso a frustra totalmente. Chegamos a papelaria, Anna estava como uma criança em um corredor cheio doces, mas no lugar das guloseimas eram materiais escolares, ela escolhia várias coisas e entre elas tinha uma caneta de girassol:
- Gostou Bella? - pergunta Anna sorrindo
- É lindo - digo seca
- Vou levar - ela diz e seleciona mais coisas.
Eu não tinha contado minha história com riqueza de detalhes e ela não sabia essa cisma com girassol que fiquei desde a época do abuso, quando vi logo me lembrei do pesadelo, um mal estar começou a tomar conta de mim e fui la para fora tomar um ar, os flashes começaram a vir na minha cabeça arrepiando a minha pele e me deixando em inércia:
- Bella, Bella tá me ouvindo? - diz uma voz e volto para a realidade - Está tudo bem? - pergunta Anna
- Sim - sussurro ainda voltando para a realidade- Por que? - pergunto assustada
- Você estava aqui parada olhando pro nada - diz Anna
- É só um mal estar, deve ter sido algo que comi, vamos para casa? - pergunto e Anna concorda.
Seguimos o caminho conversando mas o mal estar continuava comigo, acho que preciso de um banho e me deitar um pouco, ficar quietinha no meu canto. Chegamos em casa e Anna vai direto para o seu quarto para tomar um banho e eu resolvo ir para o meu fazer o mesmo mas me surpreendo ao encontrar Eliot no quarto:
- Não foi para sede? - pergunto colocando minha bolsa sobre a cama, ele estava na varanda de costas para mim e se vira quando faço a pergunta
- Não, fui apenas assinar alguns documentos na joalheria e voltei, não consegui me concentrar em nada, eu preciso conversar com você - diz Eliot
- Pode see depois, eu não estou me sentindo bem - digo
- Claro, mas o que você está sentindo? - pergunta Eliot aparentemente preocupado
- Só um pouco de frio e ânsia de vômito, deve ter sido algo que comi no passeio com Anna - digo disfarçando o real motivo
- Tudo bem, mais tarde conversamos então - ele diz e eu assinto entrando no banheiro.
Tomo um banho demorado, na verdade eu fiquei alguns minutos na banheira tentando relaxar a minha mente, apesar do trauma, nas últimas semanas venho conseguindo controlar, quando bate a ansiedade logo tento a técnica da respiração e é algo que tem me ajudado bastante. Estava conversando com a Mary esses dias que me sugeriu que eu fizesse terapia, talvez um profissional poderia me ajudar a lidar melhor com esse trauma e eu venho pensando bastante sobre isso. Saio do banho e vejo que Eliot colocou sobre a mesinha de apoio da cama uma bandeja com um chá e alguns comprimidos:
- Eu trouxe um chá e alguns comprimidos para ânsia de vômito - diz Eliot e eu sorrio
- Obrigada - digo e entro no closet procurando uma roupa de dormir, ainda era duas horas da tarde mas eu não pretendia mais sair de casa hoje, Eliot permaneceu sentado na cama a minha espera
- Você quer me falar algo? - pergunta ele quando saio do closet e o olho sem entender
- Por que a pergunta? - digo pegando somente o chá da bandeja e dou um gole
- Algo me diz que esse seu mal estar não foi algo que você comeu, me falar o que aconteceu - pergunta Eliot, ele me conhecia como ninguém apesar dos poucos meses de convivência, resolvo abrir o jogo
- Tudo bem, Anna resolveu passar em uma papelaria pra comprar alguns materiais para a faculdade, quando estávamos lá ela pegou uma caneta com um girassol na ponta, muito parecido com aquele que tinha no estilete que eu acertei aquele miserável. Foi inevitável não lembrar daquele dia, eu me senti mal por que me deu um certo receio dele me achar sabe - digo como a mão massageando meu peito, só de imaginar isso meu coração já acelera
- Isso nunca vai acontecer, vem aqui - diz Eliot e me chama pedindo que eu sente em seu colo e eu faço, ele passa as mãos ao redor de minha cintura - Enquanto eu tiver vida aquele maldito nunca te fará mal algum, eu sempre vou te proteger - diz ele e deito a cabeça em seu ombro, sinto uma paz inexplicável quando estou com ele, fico mais aliviada.

Eliot

               Após Bella me falar sobre o que estava acontecendo senti que ela ficou mais tranquila, a deixei no quarto dormindo, iria levar Bella para jantarmos fora mas acho que ela quer ficar em casa, mas darei um jeito de ter nosso momento a dois, vou até a cozinha e chamo a governanta da casa:
- Quero que me faça um favor, ligue para o melhor restaurante da cidade e encomende um jantar a dois completo, quero que eles mandem entregar aqui em casa - ordeno
- Sim senhor, para qual horário- pergunta a governanta
- 19:00 horas - digo e a mesma assente
              Saio da cozinha e vou para o meu escritório aqui na mansão, não quero deixar Bella sozinha, as horas passam e quando me dou conta já são quase 19:00hrs, vou para o quarto e vejo que Bella está olhando algumas coisas relacionadas a um evento que vai acontecer na máfia a alguns meses, ela como primeira dama da máfia precisa acompanhar toda a organização de perto e claro está recebendo todo o apoio e instrução da minha mãe:
- Meu amor, o jantar vai ser servido daqui a pouco - digo
- Claro, nem vi o tempo passar - diz Bella e levanta da cadeira.
Ela entra no closet enquanto eu tomo um banho, após trocarmos de roupa vamos em direção a sala de jantar, mas eu seguro sua mão antes que ele entre na sala de jantar:
- O que foi? - pergunta Bella sem entender
- Não vamos jantar aqui hoje, vem comigo - digo e a guio até o o jardim próximo a piscina, local estava todo organizado o nosso jantar, Bella olha para toda estrutura supresa:
- Foi você quem fez isso aqui? - pergunta ela sorrindo e apontando para a decoração
- Bem eu solicitei a comida, a decoração foi com a Anna e minha mãe que me deram uma força - digo e ela apenas sorri - Senta - digo e puxo a cadeira para ela sentar.
Um garçom vem até a mesa e nos serve, começamos o nosso jantar, trocamos alguns olhares enquanto comemos mas nenhuma palavra, ela continua olhando todo o ambiente atentamente:
- Por que fez tudo isso? - pergunta Bella enquanto toma um gole de suco
- Como assim? - pergunto
- Por que esse jantar? No jardim? O que você quer? - pergunta Bella me olhando atentamente, essa mulher não sabe o quanto sou apaixonado por ela
- Eu não sei como te provar que eu não fui aquela boate atrás da Maddy, eu não preciso de nada e de ninguém além de você - digo e ela continua me olhando calada - Fala alguma coisa - digo, aquilo estava me deixando angustiado, ela respira fundo antes de falar
- Eu não quero que me prove nada Eliot, eu pensei em muitas coisas, você tinha uma vida completamente diferente antes de nos casarmos, você era livre, fazia o que queria, saia com as mulheres que quisesse, e por um momento eu esqueci disso tudo e me entreguei a um sentimento que talvez nunca deveria ter acontecido - diz Bella, sua voz era calma, passando uma impressão de que estava conformada com aquela situação - Então se as coisas forem ser dessa forma eu prefiro que você se afaste de mim, sei que não podemos nos separar e eu estou disposta a cumprir o papel de esposa perfeita mas a única coisa que eu te peço é que não minta mais sobre seus sentimentos, não tenta me enganar de novo - diz Bella
- Em nenhum momento eu tentei enganar você, eu nunca senti isso antes, eu nunca amei nenhuma outra mulher como amo você, não quero que finja ser uma esposa perfeita eu quero que sejamos felizes um ao lado do outro, eu não quero um casamento de fachada. Eu entendo que é mais fácil pra você acreditar no que viu aquele dia mas eu não preciso de ninguém além de você, a sua companhia e amor é tudo que eu preciso, eu não preciso mais viver a vida de antes, eu quero viver o agora e com você - digo tudo que estou sentindo.
Bella continua calada, eu resolvo não falar mais nada, o garçom retorna trazendo uma garrafa de vinho e duas taças, eu coloco o vinho em nossas taças, Bella toma enquanto olha para piscina:
- Eu vou te dar uma chance, vou fingir que nada aconteceu - diz Bella, isso em deixa tão aliviado - Mas quero voltar aos poucos, te dar uma chance não significa que eu esqueci o que aconteceu
- Tudo bem, eu espero o tempo que for necessário, eu só quero ficar bem com você - digo e pego sua mão - Eu faço o que for preciso pra te reconquistar, você não imagina o quanto é importante pra mim - completo e ela me olha dando um leve sorriso.
Terminamos a taça de vinho e ela levanta da cadeira indo para beira da piscina, ela tira suas sandálias e senta na borda da piscina com os pés na água, me levanto e me junto a ela. Bella olha o movimento da água causado pelos seus pés, fico ao seu lado e passo a mão em seus cabelos, ela fecha os olhos enquanto recebe meu carinho, viro seu rosto para mim e beijo seus lábios, tudo que mais desejo é que ela me perdoe de verdade.

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Presa ao mafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora