𝙲𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘 𝚘𝚒𝚝𝚘

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Jantamos todos em silêncio, Tommy não para de me olhar. Estou a ponto de enlouquecer, sou do tipo de pessoa que odeia ser observada. Fico completamente atrapalhada, nesse momento estou me esforçando para não derrubar nada sobre a mesa. Sinto seu olhar queimando em mim. Ele faz de propósito, certamente ele adora me ver nervosa.

Dentro de alguns dias vai completar um ano que moro aqui. Um ano desde que tive minha vida posta de cabeça pra baixo, foi um giro de trezentos e sessenta.

– Ada me ligou hoje, ela perguntou sobre você Arabela. – Tommy diz entre uma garfada e outra.

– Ah, que adorável. E como ela está? Quando vem nos visitar, estou com saudades. – Digo animada.

– Ela está muito bem, estávamos conversando justamente sobre isso. Ela quer que você passe um final de semana com ela em Londres, para matarem a saudade. – Tommy diz.

– Eu adoraria, assim que eu melhorar esse pé. Irei, se você concordar é claro.

– Claro que sim, faço questão. Vai ser bom pra você, não gosto de ver você só aqui na Arrow House e na casa de apostas. Você é jovem e precisa respirar novos ares amor.

– Certamente Tommy, mas não se preocupe comigo. Eu amo estar em casa, faz parte da minha personalidade antissocial. E além do mais eu não estou solitária, tenho Linda, Lizzie e Polly.

– Sabe, eu também tenho uma personalidade antissocial. Entendo perfeitamente! – Tommy diz terminando seu jantar, logo em seguida Charles e eu terminamos.

Subimos e levamos Charlie até o seu quarto. O garotinho se deita, eu sento em um lado e Tommy do outro de sua pequena cama.

– Quero ouvir uma história Bela, você conta? Por favor. – Ele junta as mãozinhas e implora, eu sorrio.

– Claro que conto meu bem.

Conto uma história totalmente inventada por mim, e dentro de alguns minutos Charlie adormece. Ao som de minha voz e da chuva que cai ao lado de fora da casa.

– Você é boa nisso. – Tommy diz enquanto me ajuda a sair do quarto. Saímos de fininho para não acordar a criança.

– Quando se cresce num orfanato, você aprende muitas coisas.

– O que quer dizer com isso? – Tommy me questiona curioso.

– Nunca tive ninguém para contar histórias para dormir, todas elas eu li em livros e muitas delas foram criadas pela minha imaginação fértil. Muitas crianças tinham dificuldade a noite, eu costumava contar histórias para que elas dormissem bem. .

– Certamente você será uma boa mãe, um dia. – Tommy diz, e eu fico mortificada por dentro. Suas palavras acendem algo antigo dentro de mim, e repentinamente me sinto mal. 

– Acho que não. – Digo adentrando meu quarto. – Boa noite Tommy, obrigada pelo jantar. – Agradeço ao mesmo, já que é muito raro ele comparecer aos jantares comigo e Charlie.

– Eu que agradeço, você tem sido muito boa com Charlie. – Ele diz olhando em meus olhos, ele olha minha boca. Ele fica estático pensando se deve ou não prosseguir. Alguns segundos mais tarde ele volta a si e se despede com um beijo em minha testa.

Droga

Porque ele tinha que ser mais velho?

Tommy pov

Deixo Arabela em seu quarto e me dirijo até o meu próprio. Sento na cama e olho diretamente para o pequeno porta retrato em cima da mesa de cabeceira. Grace e eu no dia do nosso casamento, sinto um desconforto dentro do peito e faço algo que nunca imaginei que teria coragem.

Coloco o porta retrato dentro da gaveta.

Desde que conheci Arabela, não usei mais ópio. Quando eu a conheci, estava afundando no vício. Era o meu paraíso particular, ou inferno. Não sei definir, mas a questão é que nesses momentos eu via Grace. Ela falava comigo e isso me deixava feliz. Uma falsa felicidade, estava aprisionado. Chegou um momento que eu não fazia nada além de trabalhar muito e usar muito ópio. Charles estava sendo muito negligenciado, eu vivia absorto em devaneios. Em coisas que não eram reais. Eu quase cometi suicídio, eu vi Grace no canal e ela me chamava. Quase eu fui!

Arabela costuma dizer que eu sou o anjo da guarda dela, mas a grande verdade é que ela é o meu anjo. Meu doce anjo. Hoje eu tenho vivido de maneira saudável e até alegre, Polly diz que Arabela veio pra ficar. Que ela é minha predestinada, um anjo enviado por Deus em meu socorro.

Não duvido do que Polly diz, mas não abraço essa ideia. Ela é muito jovem e cheia de vida, não quero atrapalhar sua vida. Não quero corromper sua inocência que é tão linda.

O problema é que ela não sai da minha mente, não resisti e a beijei um tempo atrás. Foi mais forte do que eu, desde então eu tenho sonhado com ela e desejado estar com ela. De fazê-la minha! Tenho lutado contra esse desejo, já dormi com outras mulheres numa tentativa falha de esquecer a jovem dos cabelos dourados e olhos esverdeados. Falhei miseravelmente. 

Deito em minha cama e fico ali por algumas horas me virando de um lado para o outro. Fico observando a chuva cair pela janela grande do quarto. Fico pensativo, quando disse que ela seria uma boa mãe ela congelou. Será que falei algo de errado?

– Ah!!!

Levanto num sobressalto, o grito é de Arabela. Rapidamente pego o revólver na gaveta ao lado. E corro em direção a seu quarto pensando que alguém pode ter invadido a casa.

Não consigo imaginar alguém fazendo mal a ela por minha causa. Eu não suportaria, Grace levou uma bala que era pra mim. Não vou permitir que algo assim aconteça com Arabela.

Entro no quarto e tudo que vejo é Arabela encolhida na cama, ela parece nervosa. Ela chora muito e eu fico preocupado.

– Pesadelo amor? – Sento em sua cama e acaricio suas costas com a mão espalmada. Suspiro aliviado por não ter ninguém além de nós aqui.

– Não encosta em mim, por favor não encosta! – Ela diz gesticulando de forma desesperada, se afastando do meu toque.

– Desculpe Arabela, está tudo bem. Foi só um pesadelo. – Digo tentando acalma-la. – Sou eu, Tommy.

Ela me olha pela primeira vez e vejo que ela está bem assustada, seus olhos transmitem medo e pavor.

– Tommy? Eu tive um pesadelo terrível. – Ela diz chorando ainda mais.

– Shhh, não precisa falar nada. Venha querida, está tudo bem! – Digo oferecendo meu abraço e ela rapidamente me agarra.

E assim minha noite termina, Arabela chora baixinho no meu peito. E adormece assim, não muito depois eu também adormeço com ela em meus braços.

O que será que houve com ela? Eu vou descobrir! ou não me chamo Thomas Shelby.

1086 Palavras.

Climão👀

O que estão achando? O que acham que aconteceu com a nossa mocinha adorada? Não esqueçam de votar e deixar um comentário. Até breve❤️

𝓜𝔂 𝓼𝔀𝓮𝓮𝓽 𝓪𝓷𝓰𝓮𝓵 :: 𝐓𝐨𝐦𝐦𝐲 𝐒𝐡𝐞𝐥𝐛𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora