CAPÍTULO 4

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ANY GABRIELLYNew York

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ANY GABRIELLY
New York

Revirei na cama mais uma vez. Essa deve ser a décima, senão vigésima, vez que eu rolo pela cama de uma lado para o outro tentando encontrar uma posição que me deixe confortável o suficiente para que eu apague. Já se passa das duas da manhã, segundo o relógio digital na minha mesa de cabeceira, e eu ainda não preguei os olhos desde que me deitei após chegar da festa de Bailey.

A realidade era que o que não me deixa dormir é o diálogo curto que tive com Josh durante nossa dança.

Eu não posso fingir algo pra você que eu não sinto.

Suas palavras perambulam pela minha cabeça sem cessar e com isso formulo questões e mais questões sobre a sua falta de sentimentos. Tudo me leva crer é que existe uma história terrível por trás da sua resistência a proximidade e sentimentos, levando em conta o que Anna já me falou sobre ele ter sofrido muito e por esse motivo as pessoas não o entende.

Eu não quero ser mais uma dessas pessoas. Quero entender o porquê dele ser assim. Quero chegar na profundidade de sua alma e tirar tudo de ruim que possa tê-lo tornado assim. Tudo aquilo que impede dele se entregar a mim.

Porque é isso o que eu anseio e desejo. Que Josh Beauchamp seja meu, corpo e alma. Pois não sei se posso levar esse casamento por um longo tempo sem qualquer reciprocidade.

Eu não posso suportar isso por cinco anos. Não importa o quão julgada eu possa ser, esses são os meus limites. Eu sou uma mulher jovem e tenho tanto para aproveitar dos sentimentos e emoções, sei que não tenho a maturidade suficiente para sustentar uma relação sozinha.

Joguei o edredom para o lado e pulei para fora da cama. Fui para o primeiro andar e liguei as luzes da sala de estar, no canto avistei um enorme piano preto. Sem pensar demais fui até o instrumento e me sentei no banquinho à frente.

Faz mais de um ano que eu não tocava, deixei esse costume para trás quando decidi focar nos meus estudos depois do incidente que me ocorreu alguns meses antes. Toquei levemente as teclas, sem ainda soar qualquer barulho.

Memórias preenchem o espaço da minha mente. Memórias de quando tinha finalmente aprendido a tocar uma música de Beethoven inteira sem precisar que minha mãe me auxiliasse. Lembro do meu pai me aplaudindo e minha mãe trazendo uma taça com meu sorvete preferido como uma recompensa depois das semanas tentando.

Eles sempre me incentivaram a descobrir hobbies e tocar é um dos mais especiais para mim. Foi pelo investimento e paciência deles que fui capaz de entrar para uma orquestra depois de muitas aulas de violino. Me apresentei algumas vezes e foi inesquecível.

Mas tudo o que me levava ao clássico eu bani da minha vida. Com a morte dos meus pais eu enterrei completamente a vontade de retornar as velhas práticas.

Contudo, esta noite, devido aos sentimentos nublados e pensamentos conturnados, eu me deixei levar. Comecei a cavar e puxar uma velha prática para fora da terra. Meus dedos suavemente se afundaram nas teclas e eu comecei a tocar algo tranquilo que começou a se tornar um pouco sombrio.

𝗨𝗠 𝗢𝗖𝗘𝗔𝗡𝗢 𝗘𝗡𝗧𝗥𝗘 𝗡𝗢́𝗦 | BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora