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Morena_

A porta se fecha e eu me permito desabar e chorar tudo o que estava prendendo, não gosto de chorar na frente dos outros, parece que eu sou fraca.

Mas na frente dele eu não consegui segurar, foi mais forte que eu. É sempre assim, ele consegue quebrar todas as barreiras que eu mesma imponho, e no final eu fico vulnerável.

Eu acho que o amor é isso né, ter uma pessoa que quebra todas as barreiras, que com um simples toque te desmonta, que sempre é seu primeiro pensamento, mas quando ele é impossível dói, nossa como dói, você querer estar junto mas não poder, querer dizer tudo que sente mas não dizer por que seria inútil, não mudaria o fato de que as vezes as pessoa passam em nossas vidas mas nunca ficam, por que estão só de passagem.

Eu tentei o máximo que pude negar que estava começando a amar ele, mas a verdade é que o amor não é medido pelo tempo de convivência e sim por experiências, sentimentos e sensações que você tem por uma certa pessoa. No fundo eu já sabia que não iria dar certo, somos de mundos diferentes, temos planos diferentes e por mais que a gente goste de verdade um do outro, nossas realidades não se encaixam, é impossível por que não consigo aguentar a barra de estar com ele e todas as consequências que vem junto com essa decisão, por isso é melhor ficar longe. Foi bom, mas como tudo que é bom nessa vida, acabou.

Me encolho na cama chorando e depois de algum tempo acabo pegando no sono.

Acordo sentindo alguém mexendo no acesso que está na veia do meu pulso e abro os olhos aos poucos me acostumando com a luz.

Xxx: Bom dia Gabrielly! Eu sou a Luiza, e vou cuidar de você enquanto estiver aqui tá? _ fala me fazendo olhar pra ela vendo uma mulher negra de cabelos pretos lisos, olhos também pretos, corpo escultural em uma roupa completamente branca como de toda enfermeira e um sorriso doce nos lábios, uma mulher nova e muito bonita.

Eu: Bom dia! _ respondo completamente sem ânimo e com a voz rouca sentindo minha garganta seca.

Luiza: Tá sentindo alguma coisa? _ pergunta sem me olhar enquanto injeta alguma coisa no acesso que está em mim.

Eu: Sede _ falo baixo mas ela conseguiu ouvir já que acenou com a cabeça em resposta.

Fecho meus olhos sentindo minha cabeça doer um pouco em resultado de ter dormido chorando, meus olhos devem estar completamente vermelhos e inchados agora pra qualquer um perceber que eu chorei, inclusive a Luiza que parece estar ignorando esse fato e eu agradeço por isso.

Luiza: Aqui _ abro meus olhos me sentando na cama e ela me entrega o copo de água me ajudando a beber devagar _ Vou pedir pra trazerem seu café tá? Mais tarde eu volto.

Eu: Obrigada _ falo me deitando outra vez com dificuldade, meu corpo está destruído, parece que passou um caminhão por cima de mim e ainda deu ré.

A Luiza sai do quarto me deixando sozinha outra vez olhando pro teto branco do quarto. Mas não dura muito por que logo um rapaz entra com uma bandeja que contém algumas comidas que imagino ser meu café da manhã e deixa em cima da mesinha ao meu lado pra pegar a mesinha de refeições e colocar ela em cima de mim pegando a bandeja outra vez e colocando com cuidado em cima. Agradeço e ele sai me deixando sozinha olhando pras coisas na bandeja completamente sem fome.

Fico me perguntando o que leva uma pessoa a fazer o que aquelas vagabundas fizeram comigo. Luxo? Ganância? Amor? Ódio? Inveja? São tantas possibilidades que eu acho impossível saber realmente o que é que se passa na cabeça de pessoas assim. Apesar de estar com muita raiva delas, não desejo que morram, eu acho que a gente colhe o que planta e pode demorar mas um dia elas vão pagar pelas maldades que fizeram. Mas não vou dar uma de santa também né, se foram cobradas ou morreram, não me sinto culpada por que foram elas que procuraram isso com as próprias mãos.

Pego uma torrada e começo a comer de vagar apesar de não estar com fome, quero muito sair daqui logo, odeio hospital. Depois de acabar, apenas me deito outra vez com a mesinha em cima de mim, não tenho como tirar por estar com o pulso enfaixado então só deixo como está e me deito.

O FP teve aqui ontem e foi bom, me fez rir bastante, até me deu comida na boca mesmo eu dizendo que conseguia comer sozinha. Eu desabafei com ele e falei o que estava sentindo em relação ao que aconteceu, ele disse que a opinião dele não valia muito mas que concordava comigo e ia me apoiar independente da minha decisão. A gente conversou bastante e ele me fez ver que o Falcão tem uma vida movimentada demais pra mim, que aconteceram coisas no passado dele que até hoje ainda não deixam ele seguir a vida em paz.

Não entendi mas ele disse que não era da conta dele e que era pra esquecer esse assunto. Depois o Falcão chegou e aí foi tudo por água a baixo, ver o Felipe aqui não deixou ele nem um pouco feliz e eu também não estava muito bem e só piorou tudo.
Mas agora já passou e ficar pensando nisso não vai resolver nada.

Poucos minutos depois o rapaz entrou de novo pra pegar a bandeja e logo atrás estava um homem de jaleco branco com uma prancheta nas mãos, o menino saiu nos deixando sozinhos e ele começou a falar.

Doutor: Olá Gabrielly, como está se sentindo? _ perguntou checando a bolsa de soro.

Eu: Tirando as dores no corpo eu tô bem _ respondi.

Doutor: Isso é normal, os remédios diminuem as dores mas não anulam elas _ concordei _bom eu queria conversar com você sobre uma coisa que eu vi nos seus exames que ficaram prontos hoje, eu deveria ter visto na ultrassom mas como está muito pequeno acabou passando despercebido _ franzi as sobrancelhas olhando assustada para o médico.

Eu: Não enrola Doutor, do que você tá falando? _ pergunto com a voz trêmula.

Doutor: Você está grávida de duas, quase três semanas Gabrielly.

Meu coração disparou e o ar parece que foi embora por que eu não consigo respirar. Ai meu Deus isso não pode tá acontecendo, não, não, não, como que eu vou fazer? Aí meu Deus, Falcão não vai querer ser pai e eu não estou preparada pra ser mãe.

Eu: Isso é impossível Doutor, eu tomo remédio e uso camisinha _ falo com a voz fraca sentindo as lágrimas rolando pelo meu rosto.

Doutor: Nenhum método é 100% e uma criança é uma benção. E essa é um verdadeiro milagre por que tão nova assim e pelo que aconteceu era pra você ter perdido. Essa criança lutou pra ficar viva e espero que você lute por ela também _ fala me olhando nos olhos com uma expressão séria _ Mas apesar de estar bem no momento, a gravidez se tornou de risco então você tem que tomar muito cuidado, vou te indicar uma pediatra pra cuidar do seu pré Natal e vai ficar tudo bem _ fala pegando na minha mão me olhando com carinho.

Acenei com a cabeça totalmente atordoada e ele saiu do quarto me deixando com meus pensamentos.

Eu não sei se vou conseguir, não tenho ideia de como cuidar de una criança e minha mãe não foi lá um grande exemplo né. Mas agora já era, tem um serzinho crescendo dentro de mim e eu tenho que assumir essa responsabilidade.

Como eu vou contar isso pro Falcão? Acabei de terminar com ele e agora tem uma criança que une nos dois.

Seco minhas lágrimas e ponho minha mão encima da barriga totalmente lisa ainda fechando os olhos.

Eu: Vou cuidar de você, eu prometo _ sussurro.

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Até o próximo capítulo 👋🏻
Boa leitura 🥰 📚

Iiiii 😬
Soltei a bomba e sai correndo🤭😱

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