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LIVIA'S POINT OF VIEW

Ficou um silêncio pairando sobre o ambiente. Tentei olhar de canto de olho para Alex para ver como ele estava: parecia estar com um olhar longe e aparentemente pensativo.

Olhava para frente, sem falar uma única palavra. Acho que ele estava respeitando meu momento de falar.

Tudo bem. Eu realmente ia fazer isso? Nem Téo sabe ao certo disso tudo.

Acho que só Deus sabe e conhece os meus sofrimentos.

Não entendia a razão pela qual eu queria tanto conversar e dizer isso a ele.

Venho observado ultimamente nesses meses que comecei a morar aqui um pouco do seu comportamento. Não que eu devesse, mas, de certa forma isso despertou uma curiosidade em mim.

Ele parecia ser muito próximo de sua família e ter um relacionamento saudável com eles. E, não sei explicar, mas observei nele um certo zelo e cuidado grande com Ian.

Alex não é de expressar isso quando está fora, mas aqui... ele se preocupa muito com seu irmão para tudo o que ele faz.

Além do que, tenho visto ultimamente ele sentado num banco da praça do prédio com uma senhora de idade. Não sei quem é, parece ser uma parente.

Mas seja lá quem for, o respeito que ele tem por ela é algo notável e admirável.

Fora o desejo dele de proteger e ajudar seus amigos a todo custo. Já ouvi muitas vezes Karen dizer a forma como ele defendeu Nando do bullying, dos conselhos que ele sabia dar...

Agora eu parei para observar esse comportamento dele aqui, nessa situação: eu era a namorada de um dos seus maiores rivais no esporte, mas ele está aqui disposto a me ouvir. Pensar nisso me chocou um pouco.

Respirei fundo.

— Eu tinha 8 anos...— comecei. No instante em que pronunciei essas palavras, seus olhos voltaram-se atentamente para mim.— eu e Karen voltávamos de um passeio com nosso pai.— dei uma risada nostálgica.— ele estava no volante, enquanto nós duas conversávamos e ríamos dos acontecimentos do dia. Além de contarmos uma para a outra piadas sem graça e fazer aquelas brincadeiras de estrada, sabe?— funguei. Nessa época, Karen era muito próxima de mim, minha confidente. Eu confiava nela para tudo e ela em mim.

FLASHBACK ON (parte de conteúdo sensível, no final faço um resumo do que aconteceu para vocês não se perderem).

Cantarolávamos músicas com nosso pai, e sorríamos atoa. Definitivamente eu estava feliz. Nossa mãe ficou em casa com Ellen, pois ela era muito pequena e tinha uma saúde muito frágil. Qualquer coisa ela ficava doente!

— Meninas, façam um pouco de silêncio para o papai se concentrar.— Interrompeu meu pai, calmamente.— estamos entrando em uma rua meio perigosa, preciso ficar atento.

Nós assentimos em uníssono e nos entreolhamos. Logo em seguida, o carro deu uma curva para uma rua meio deserta. Pelo visto, não passava muita gente por aqui. Era tudo muito calmo... demais. A pista não era dupla e estava toda esburacada.

Comecei a ficar meio inquieta. Não existe coisa mais difícil do que pedir para uma criança tagarela de 8 anos ficar calada por muito tempo. Para mim isso era uma tortura!

Olhei para Karen tentando prender o riso, que colocou a mão nos lábios para segurar também.

Nosso pai estava concentrado no trânsito. De repente, vimos um farol de um carro grande, parecia ser um caminhão, vindo em nossa direção.

ELEVATOR- lilex.Onde histórias criam vida. Descubra agora