three

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LIVIA'S POINT OF VIEW

Passaram-se alguns segundos desde que Alex saiu do elevador, e eu estava pasma.
Estava parada ali tentando processar tudo o que eu acabei de passar durante esses quase 10 minutos.

O elevador quase que fechava de novo, e eu levei um pequeno susto que foi suficiente para cortar meus pensamentos.

Por agora.

Coloquei a mão rapidamente, antes que fechasse de novo, e saí.

Assim que eu saí, os pensamentos voltaram a circular na minha mente.

Eu sinceramente me senti muito feliz com essa descoberta. E... a forma como ele me confortou, era como se soubesse exatamente o que dizer.

Na verdade, Deus sabia.

Ninguém sabia da angústia que eu carregava. Aquelas palavras... fizeram-me sentir paz.

E o abraço dele me passou um conforto que eu não sei nem explicar.

Realmente é verdade: a sensação de abraçar alguém que tem o Espírito de Deus habitando em si é muito diferente. É bom.

Assim que saí, dirigi-me em direção à portaria. Eu precisava comunicar isso ao porteiro. Afinal, o mesmo poderia acontecer com outra pessoa.

Assim que cheguei na portaria, Fausto estava lá sentado, brincando com sua caneta.

— Com licença?— pedi educadamente, enquanto ele levantou os olhos de sua caneta para mim.— Bom..- funguei— eu acabei de ficar presa no elevador.. ele tremeu... piscou...— fechei os olhos e fechei os punhos ao pensar nisso. Respirei fundo.- imagino que seria prudente fazer uma revisão, para que o episódio não se repita com outra pessoa.

— Ah, certo.— ele pegou o telefone, e começou a discar uns números.— vou avisar ao síndico. E as medidas necessárias, ele se encarrega de tomar.— respondeu-me com sua voz um pouco ríspida.

— Ok... agradeço.— dei um sorriso simpático, e ele sorriu sem mostrar os dentes.

O seu sonho era ser dramaturgo. Mas ele se frustrava frequentemente por ninguém reconhecer seu trabalho e o dar um voto de confiança.

Creio que ele seja uma boa pessoa, só... precisa de alguém que acredite nele.

Fui me afastando da portaria e dirigindo-me para o lado de fora.

Ah! Um estalo surgiu na minha cabeça. Téo!

Imediatamente puxei o celular, e passei uma mensagem para meu namorado.

                 Você: Eu estou indo, espere!

Téo❤️: tá...

Ele está bravo. Sinto que está. Minha cabeça anda tão cheia que acabo muitas vezes furando nossos passeios.

Iria tentar me explicar para ele, espero que me ouça.

Corri para a sorveteria, e assim que adentrei, logo meus olhos percorreram as mesas rodeadas de pessoas em busca dele.

Finalmente, meus olhos se fixaram em um garoto de costas, moreno e com os cabelos crespos. Era Téo.

Cheguei timidamente perto dele, e toquei seu ombro. Ele virou-se para mim, um pouco lentamente, expressando um tom ríspido e raivoso.

Mas sua expressão carrancuda logo sumiu quando reparou em meus olhos.

— Livia, andou chorando?— perguntou, esboçando um pouco de preocupação.

— Eu te disse. Estava presa no elevador, foi desesperador! Senti muito medo.— fui sincera, deixando transparecer um pouco de medo. Respirei fundo.— Desculpa por te fazer esperar, minha cabeça estava tão cheia que acabei esquecendo!

— Sempre está...— sussurrou, em um tom que pude ouvir.— Mas, você estava presa sozinha? Não tinha ninguém lá dentro com você? Sei lá, um vizinho...

Engoli em seco. Mas eu não podia mentir para Téo, eu preciso ser verdadeira com ele.

— Não...- hesitei um pouco, mas logo falei- o Alex estava também.

Não demorou muito para uma expressão de raiva tomar conta do seu rosto.

— O QUE? Logo o Alex, Livia?— ele pareceu parar para pensar, mas logo retornou.— Ah, então esse é o motivo de você se atrasar: estava ocupada com ele.

— Como você pode ter coragem de dizer isso?— Falei, incrédula pelo que acabei de ouvir.— Foi por acaso, eu não sabia que era ele no elevador!

— Ele pode ter armado isso para me provocar. Bem o tipo dele.

— Para de ser egocêntrico, Téo! Para de pensar que tudo tem haver com você e tudo gira em torno do seu umbigo. Foi um A-C-I-D-E-N-T-E.— disse, começando a me irritar e dando ênfase na palavra acidente.

— Bom... então ele te provocou? Ele te machucou? Fez algo com você?— sua expressão mudou do nada, e disparou essas perguntas.

— NÃO!- falei quase gritando, mas senti que eu devia me conter.— ele foi gentil, e me tratou bem. E foi usado para me acalmar.

— Agora ele quer te roubar de mim?— ele começou a falar de forma grosseira.

— Não?

— Mas, espera... como assim foi usado?

— Deus usou ele para falar coisas para mim, foi incrível e surreal. Senti-me muito bem.

— Ah, Livia, sério?—falou, meio que com desdém, fazendo-me ficar furiosa.

Sempre detestei a forma como Téo lidava com minha fé. Ele dizia que acreditava, mas as suas ações não demonstravam isso. Ele sempre preferia jogar bola ou inventava alguma coisa sempre que eu chamava ele para os cultos da minha igreja.

Tinha situações que ele debochava e desdenhava. E isso era EXTREMAMENTE frustrante.
Respire fundo.

— Olha Téo, se for para criticar a minha crença, sugiro que paremos por aqui. Isso é cansativo.— disparei, tentando ir embora, mas ele segurou meu pulso.

— Sinto muito, Livia. Não queria te ofender.

— Agindo assim, não é à mim que você entristece.

Soltei meu pulso de sua mão com um pouco de brutalidade, e saí meio que batendo o pé até em casa.

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Não adianta dizer que acredita em Deus, se sua fé não é uma prática.
Por meio das suas ações, e não só pelas suas palavras, que você declara sua fé.
Tiago 2:20 "a fé sem obras é morta".

ELEVATOR- lilex.Onde histórias criam vida. Descubra agora