O gigante e o menino

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   Os dias passavam rápido e os dois amigos cada dia mais ansiosos com o que estava por vir; em setembro, ao invés de irem a sua escola habitual, embarcariam em um trem para Hogwarts, uma escola diferente, com gente diferente; gente como eles, enfim Lily e Snape se encaixariam em algum lugar e para a garota, isso era uma ideia animadora, mas ao mesmo tempo, assustadora.

   Agora, o pai da pequena já havia voltado a rotina de trabalho na fábrica e, com isso, sua irmã Petúnia voltou a acordar tarde, por não ter o pai lhe chamando de inútil e dizendo o tempo todo o que fazer e o que não fazer; de certa forma, dadas as circunstâncias, isso era algo bom. Todos os dias a Evans mais nova e sua mãe saiam em busca dos estranhos materiais da lista, de bicicleta, já que o carro era do pai da família.

  Era o último dia de julho, por ser muito cedo, mesmo sendo verão, a cidade tinha um clima fresco e neblina densa; a não-tão-grande cidade de Cokeworth fazia divisa com uma cidade maior, que coincidentemente era próxima a capital, Londres, oque facilitava as coisas para a mãe e filha, e nesse dia, o amigo Severus. Após muita busca em todas as lojas possíveis, ambos os três estavam cansados, as crianças principalmente. Lily estava tão vermelha quanto seus cabelos, se sentia quente debaixo de sua jardineira jeans, se arrependendo da escolha, a garota abaixava a raiz do cabelo incessantemente, esse era um dos motivos de Evans não gostar de esportes, eles a transformavam em um verdadeiro leão! Snape não estava nenhum pouco melhor, sua pele branca, pálida, tom-de-oliva, agora era uma mistura estranha de verde, amarelo e vermelho; seu cabelo pingando tocava os ombros, ainda mais oleoso e o suor escorria de sua testa para seu enorme nariz, onde se formava uma cachoeira. O garoto tirou sua jaqueta de moletom surrada e a amarrou na cintura. Depois de muitas buscas sem sucesso e olhares atravessados na estação King Kross após perguntarem sobre uma suposta "plataforma 9¾", os três pedalaram mais um pouco e desistiram. Famintos, pararam no pub mais próximo que encontraram, poderia não ser o sinônimo de limpeza ou de conforto e confiança, mas parecia barato e isso já era de bom tamanho.

  - Caldeirão Furado? Tia Dorô, isso parece bar de bêbado! Não, eu me recuso, não vou entrar!- passar perto de bares era uma das únicas coisas que parecia deixar Snape atordoado, tudo que ele menos queria era ser igual a todos os homens de sua família, ele tinha nojo, repulsa de qualquer tipo de bebida ou fumo. Lily admirava isso, e achava seguro, já que essas coisas faziam mal a saúde mental e física, mas ela estava muito faminta e cansada.

   - Ah Sev, só uma passadinha! Fala sério, você também está com fome, e não tem perigo, mamãe está conosco, eu prometo que nada de ruim vai acontecer!- a menina olha para o amigo e logo em seguida para sua mãe, que responde gentil:

   - Exatamente! Não precisa ter medo querido, estarei com vocês, o tempo todo.- disse a Sra. Evans, para Lily, "mamãe", para os poucos amigos, "Dorothea", e para Snape "Tia Dorô".

   - Tudo bem. Eu vou, mas só porque Lils insisti tanto.- responde o garoto mais mal humorado que o normal.

   Os três prenderam as bicicletas no suporte em frente ao pub e entraram. Lá dentro, Lily agarrou nos braços de sua mãe e começou a olhar em volta: o que de fora parecia minúsculo, por dentro era enorme, como... como mágica! E as pessoas também não eram diferentes, todas elas pareciam ter algo em comum com Lily, algo que ela nunca havia sentido com outras pessoas em sua cidade, a não ser com Snape; algum tipo de conexão, uma ligação, mesmo que a garota nunca tivesse visto nenhuma daquelas carrancas estranhas. Eles se sentaram no balcão e se preparavam para pedir algo, quando de repente sentiram o chão tremer; o sino da porta tocou e num instante, todos os presentes olhavam para a mesma. Por ela, entrava um homem enorme, gigante, ele deveria ter facilmente três metros ou mais; abaixou a cabeça para passar pela pequena porta, mas incrivelmente, cabia perfeitamente dentro do bar; algumas pessoas olhavam torto para ele, até mesmo murmuravam xingamentos e ofenças horríveis, Lily sentiu dó dele por isso, mas, ao mesmo tempo, outras pessoas ali presentes o recebiam calorosamente com abraços e tapinhas nas mãos e pulsos, já que não alcançavam as costas do grande homem.
  
   - Hagrid, meu jovem! Quanto tempo! Estou vendo que trouxe amigos hoje, não é mesmo?- disse o senhor do balcão, enquanto olhava para a família que entrava logo em seguida de Hagrid. Os outros no pub pararam de olhar, nada parecia tão interessante quanto um homem enorme, certo? Mas Lily continuava muito interessada em saber quem eram aquelas pessoas, ou até mais, se eram mágicas como ela!

Mexeu com uma, mexeu com todas! (Juro solenemente não fazer nada de bom)Onde histórias criam vida. Descubra agora