O dia dos cartões

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  Era fevereiro, já fazia um mês que haviam voltado a Hogwarts e o tempo passava muito rápido; ainda estava frio, mas a última semana com certeza estava muito quente, principalmente para alunos mais velhos, que se encontravam dando amassos por todos os cantos. Felizmente, esse não era o caso de Lily, uma pequena primeiranista que agora se encontrava traumatizada, sempre se esquivando e tampando os olhos por onde quer que passasse, não estava livre nem mesmo na biblioteca. Os casais amorosos estavam por todo lugar.

  - Feliz dia de São Valentim!- disse Alice, uma das colegas de quarto de Lily, quando acordou estranhamente cedo no dia 14 de fevereiro.

  - Nos deixe dormir Fortescue.- resmungou Marlene em uma voz abafada, abrindo a cortina de sua cama, e enfiando a cabeça no travesseiro logo após- São Valentim não vai fazer um milagre pra você só porquê acordou cedo.- e voltou a fechar as cortinas pesadas da cama, fingindo roncar.

  - Ah não seja maldosa Lene! Tenho certeza de que o garoto... Quem é ele mesmo Lice?- Mary acordou; ela sempre acordava impecável, com seus cabelos crespos presos por tranças boxeadoras, Lily apenas observava tudo por uma fresta aberta das cortinas de sua cama.

  - Frank Longbottom, do segundo ano!- Alice Fortescue respondeu suspirando, quase como se estivesse cantando, ela tinha uma voz angelical

  - Isso mesmo. Tenho certeza de que Frank Longbottom reparou em Alice, e ela não precisa de nenhum milagre pra isso! Talvez Marlene esteja com inveja, já que não recebeu nenhum bilhetinho durante a semana toda!- provocou a menina, ainda se espreguiçando.

  Lily acordou. Ela bocejou, se espreguiçou e abriu as cortinas com um pouco de esforço. Seus cabelos estavam espatifados, mas nem tanto quanto os de Marlene, e ela tinha pomada seca em alguns pontos da testa, onde surgiam sempre as malditas espinhas, ela desejara que sumissem com mágica, mas isso infelizmente não aconteceu. Seu pijama velho estava amassado, cheio de bolinhas de lã que se soltaram do cobertor e tinha um pouco de baba em seu travesseiro; Lily nunca acordava bonita como Mary e Alice, ou até mesmo descolada como Marlene; ela apenas acordava, todos os dias, e só isso.

  - Vejam só, Lily acordou! Vamos ver o que ela acha disso!- disse Mary, fazendo Lene abrir as cortinas; a loira agora se encontrava meio deitada-meio sentada com o cotovelo apoiado em seu travesseiro e a mão entre os cabelos emaranhados. Seu pijama laranja gigantesco a fazia parecer ter pelo menos uns quatro anos a mais de idade.

  - Bom... Eu acho que... Vou tomar banho.- disse a ruiva cheirando seu pijama. As amigas fizeram beicinho de decepção, mas isso não a comoveu nem um pouco; ela se levantou, colocou as pantufas e seguiu em direção ao banheiro, de onde continuou ouvindo os planos infalíveis de conquista de Fortescue para passar o almoço ao lado de seu amado Longbottom. Lily fingia não ligar para o dia de São Valentim, mas na verdade, ela ligava muito; naquele dia, a menina juntou todos os seus esforços para pentear muito bem seu cabelo, com um pouco do creme de Mary, ela não iria nem notar; usou também um pouco do perfume de Alice, ela tinha muitos frascos de essências diferentes, uma verdadeira coleção; por fim, Lily prendeu a frente de seu cabelo com uma trança, enfeitada com alguns dos grampos coloridos de Marlene, e deixou o restante solto, livre, com ondinhas cor de fogo batendo em seu quadril. Quando saiu do banheiro, já pronta para o dia que viria a seguir, as três meninas já haviam formado uma pequena fila na porta do banheiro.

  - Desculpem meninas- Lily pegou suas coisas e desceu rapidamente, deixando as três para trás com muitas perguntas

  - Para onde vai tão arrumada? Você tem uma companhia para o café da manhã?- perguntou Mary. Ela parecia realmente interessada.

  - Esse é um dos meus perfumes?!- indagou Alice em um tom alto, cheirando o ar

  - LILY! Pegou também meus grampos?! Sua salafrária!- por fim berrou Marlene. A ruiva não teve tempo de responder, já havia fechado a porta.

Mexeu com uma, mexeu com todas! (Juro solenemente não fazer nada de bom)Onde histórias criam vida. Descubra agora