Olhar

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- Que bundinha linda!

Gritei pulando para o outro lado do prédio vendo a explosão do caminhão e o desespero das pessoas pela rua. Aquilo com toda certeza seria engraçado se meu irmão não estivesse correndo para o outro lado da rua junto a multidão também. Como ele conseguia ser tão idiota?

O homem de fantasia azul e vermelha virou o rosto para cima ao som de minha voz, quase consegui ver a expressão de descontentamento quando viu a bolsa de dinheiro nas minhas costas.

Opa.

Começei a correr para a porta do térreo, a abrindo e descendo escadaria a baixo. Mesmo a aquela altura se conseguia ouvir a segunda explosão do prédio ao lado, do banco ao lado para ser mais específica.

Uma linha vermelha cruzou meu campo de visão se chocando contra a parede, como uma teia.
Olhei para cima vendo no topo das escadas um homem vestindo preto e vermelho.

Era o Homem teia.

Meu Deus.

Sem pensar duas vezes pulei a grade da escada, caindo 4 andares abaixo.
Cai de subido no chão sentindo meus ossos estralarem. Rolei com a bolsa de dinheiro nas costas para frente.

-Droga.

Murmurei já me levantando, e correndo desesperada portaria a frente. As pessoas ao meu redor olhavam horrorizadas para mim. Para a pessoa atrás de mim específicamente.

Senti a pressão do ar mudando quando uma grade da escadaria foi lançada a minha frente, se estatelhando ao chão, me fazendo parar de solavanco e olhar para trás.

Vendo calmante um homem gigante vindo caminhando lentamente até mim. Uma sensação estranha tomou meu corpo.

Joguei os braços para cima e abri um sorriso.

- Olá Homem teia, sinto que ainda não fomos apresentados!

Me curvei rapidamente e ergui a cabeça, encarando os olhos da máscara branca em mim.

- Sou a Snow! Acredito que já saiba meu nome já que fiz questão de deixa-lo bem nítido para você por essa cidade.

A escuta na minha orelha permanecia pendurada pela máscara, a voz do meu irmão parecia um sussuro eletrônico no meu ouvido agora. Precisava ganhar tempo.

- Não preciso saber nomes de ladrazinhas baratas que ficam pichando prédios importantes da cidade.

Ri.

- Então já ouviu falar de mim e do meu trabalho presumo? Que atencioso da sua parte.

Ele parou os passos e olhou para além de mim, e gritou em pleno pulmões com a voz grossa.

- ABAIXEM-SE TODOS!

Uma combi entrou dentro da portaria quebrando o vidro e o espalhando, junto a homens que atiravam para todos os lados.

Um garoto de cabelos brancos e mascara de caveira abriu a porta da combi, os olhos azuis brilhavam em contraste.

- Entre agora!

Corri até ele com a bolsa de dinheiro nas mãos, olhei atrás das costas antes de fecharem a porta, a ponto de ver o Homem aranha abaixado protegendo uma família de três pessoas. Olhando para nossa direção com uma intenção assassina.

Morgan pisou no acelerador nos levando para longe daquele lugar, da explosão das ruas, do caos causado por um vilão de alto escalão após tentar explodir o maior prédio da cidade.

Morgan nos levou até a mais pobre de todas as zona, onde a polícia desistirá a tempos de controlar qualquer coisa naquele fim de mundo, a aparência desolada e suja me deixava mais do que confortável olhando pela janela. Aquele era meu lar. Até o cheiro de poluição de alguma forma acalmou meu coração acelerado.

Tirei a máscara verde e preta do rosto, meus cabelos caindo por meus ombros. Suspirei pesadamente.

Os homens ao meu redor jogavam os maços de dinheiro para cima, comemorando em plenos pulmões a vitória de hoje.

Ninguém parecia ferido pelo menos.

Olhei para o lado vendo o rosto do meu irmão sorridente, mais do que isso parecia brilhante de contentamento.

- Viu rapazes eu lhes disse, esse cara é o cara certo. Dias como o de hoje muitos virão a partir de agora eu-

- Dylan quase fomos pegos, ele estava na minha cola, essa foi a única vez que faltou pouquíssimo para ele nos pegar e nos jogar na prisão pelo resto de nossas vidas!

Os rapazes ao nosso redos nos olharam, não costumávamos brigar, não seriamente pelo menos.

Dylan me olhou no fundo dos olhos.

- Olha, eu sei que você desconfia dele mas o Homem-Aranha não conseguiu nos pegar, isso não é um sinal?

- Sinal os infernos Dylan! Ele só não nos pegou porque não quis! Já vi a velocidade daquele homem, vi o que ele pode fazer com vilões de verdade! E por Deus por que você está confiando tanto naquele homem?!

Dylan suspirou e fitou e olhou o chão, ele era uma copia exata minha. Ele pegou minhas mãos com cuidado e olhou nos meus olhos.

- Sol, estou cansado. Cansado de ver essa gente que rouba de verdade e que nunca leva a culpa, cansado de viver nesse lugar. Ele nos deu uma chance de escapar disso tudo Sol, ele me deu a chance de ser alguma coisa! De sermos alguma coisa, e a única coisa que ele pediu em troca foi seguir as ordens dele.

Abri a boca para contestar mas ele me impediu continuando.

- Por favor me deixa ser alguma coisa só apenas uma vez na vida... Mamãe disse para seguir nossos sonhos, me deixe viver o meu por apenas uma vez...?

O encarei.
Fechei os olhos com força lembrando de cada sonho roubado da nossa infância desesperada, os sacrifícios que tivemos que fazer para termos alguma coisa.

-... Certo.

Murmurei baixinho quase inaudível ao som do motor, mas o suficiente para ele ouvir e me abraçar com força.

- Eu também quero!

Lira pulou para cima de nós me abraçando por trás, os outros dois também se juntaram a gargalhadas me fazendo cair no chão de metal pelo peso.

- Estou me sentindo excluído aqui na frente!

Morgan gritou do volante me fazendo voltar a realidade. Comecei a rosnar e me afastar daquele amontoado de gente.

- Está bem, está bem já chega seu bando de fuleragem. Guardem essa energia para a festinha de hoje a noite.

Todos eles voltaram a comemorar felizes.

Encarei a vista lá fora novamente. Lembrando da intenção assassina do homem aranha a nos ver fugir minutos antes. Lembrando da primeira noite que o ví também.
Um calafrio percorreu a minha espinha.

















Um calafrio percorreu a minha espinha

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Agua e veneno~ Miguel O'haraOnde histórias criam vida. Descubra agora