Certo e errado

697 82 22
                                    

Olhei para o volante, os dedos das mãos de O'hara estavam brancos com a força que ele estava fazendo.

- Então...

Falei, desviando o olhar dele.

- Eu acho que Lira tem um vestido de festa para me emprestar...

Um silêncio prevaleceu no carro, até eu me voltar e perceber Miguel O'hara me encarando.

- E quem disse que você vai a essa festa?

Respondeu ele, levantando uma de suas sobrancelhas.

- Mas o que?! Não eramos parceiros? Onde eu vou ficar então?

Ele voltou a se concentrar no trânsito.

- Você ficara em casa, sobre os cuidados da minha assistente virtual.

Mas o que... Eu estava tão animada para ir, não que fosse a festa em si mas a comida que ia ter lá já ia ser de um nivel muito mais elevado que o meu. Eu ia ter a condição de tomar champanhe uma vez na vida. E eu precisava beber, precisava afogar minhas magoas em alguma coisa. Se eu ficar sozinha hoje a noite... Acho que corro o risco de enlouquecer.

Cruzei os braços a frente da barriga e me deitei no banco acolchoado.

- Não, eu vou com você.

Senti o olhar dele sobre mim novamente.

- Não se atreva a me contrair...

- Por que? Por que não posso ir com você?!

- Porque você é uma vilã! E se você não lembra até ontem você estava roubando um banco e....

- E o que? Tem medo que eu roube alguma coisa daqueles nobres fedidos? Acha que eu teria essa atitude?!

Ele murmurou baixinho.

- Eu não duvido muito...

Já chega.

Bati a palma da mão contra sua cocha.

Os olhos dele se voltaram para mim, alarmados.

- Somos parceiros! Eu prometi cooperar nisso!

O carro fez um solavanco quando ele freiou, olhei para o vidro e vi que a sinaleira estava vermelha.

Miguel tirou o sinto e virou-se para mim, uma veia saltando do seu pescoço. Ele abriu a boca para falar...

Mas nada saiu. Ele ficou balbuciando em silêncio até um suspiro profundo saiu de seus lábios.

A sinaleira abriu.

Ele colocou o cinto e acelerou. Dobrando em uma curva. Fora da rota.

- Aonde estamos indo?

Pedi com uma curiosidade amedrontada.

- Já vi que não adianta discutir com você. Mas será tudo a partir das minhas regras nessas próximas horas, entendido?!

Abri um sorriso.

- Certo.






...

- Outro, pegue aquele da cor branca.

Suspirei pesadamente.

Mais outro vestido.

Peguei o vestido branco que O'hara havia indicado para funcionaria. Fulminei Miguel com o olhar, ele parecia muito bem estar se divertindo com a situação, parecia que até um sorriso se formava em seu lábios.

Entrei dentro do provador e fechei a cortina, tirando o vestido verde que havia colocado.

A primeira regra que ele implantou em seu governo de algumas horas foi: Nada de vestidos emprestados, você vestirá o que eu comprar.

Agua e veneno~ Miguel O'haraOnde histórias criam vida. Descubra agora