capítulo 9

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No dia seguinte, acordo com o som insistente do celular. Quando o pego, sou bombardeada por notificações de notícias sobre o desfile. Sites de moda e estilo, até mesmo páginas de fofoca, estão cheios de elogios à coleção. A marca está crescendo, e novas oportunidades começam a aparecer.

É sábado, dia de folga, e a empresa está tranquila. Faço minha rotina matinal e, enquanto preparo o café, a campainha toca. Vou atender e encontro Noah e Miguel na porta.

- Oi, pessoal, tudo bem? - pergunto, surpresa pela visita inesperada.

- Minha mãe está chamando você para almoçar lá em casa com a família - diz Miguel, casualmente.

- Está bem, mais tarde eu passo lá. - Tento manter o tom leve.

- Ótimo, até mais então - Noah diz, lançando um olhar.

- Tchau, pessoal - digo, fechando a porta.

A manhã passa rápida enquanto lavo a louça e arrumo a casa, tentando não pensar muito em Noah. Subo para me arrumar e, ao final, sigo para o almoço na casa dos Sullivans.

Ao chegar, toco a campainha e Alan abre a porta, com um sorriso irritante.

- Claro que minha mãe ia convidar você - ele diz, a voz impregnada de cinismo. - Espero que não fique chateada por eu ter convidado a Helena também.

Sinto o estômago revirar, mas mantenho a calma.

- Acho que quem deveria ficar chateada é sua noiva. Se eu fosse ela, ficaria de olho na amante que você está mantendo por perto - retruco com um sorriso afiado.

Passo por ele, ignorando o olhar gélido, e vou cumprimentar o resto da família. Abraço calorosamente Dona Lúcia e o Senhor John, dou um sorriso para Noah e Miguel, mas deliberadamente ignoro Helena. A tensão no ar é palpável.

- Obrigada por vir, minha querida - diz Dona Lúcia, me abraçando com carinho.

- Eu que agradeço o convite, Dona Lúcia.

De repente, Helena, com sua típica atitude venenosa, lança uma provocação.

- Oi, Maya. Seus pais não ensinaram você a cumprimentar todo mundo? Falta de respeito não é algo bonito - ela diz, sua voz melosa com um tom disfarçado de superioridade.

Dou uma risada curta e seca.

- Ah, desculpa, Helena, nem percebi que você estava aqui. Para ser sincera, você não é alguém com quem eu me preocuparia em perder tempo cumprimentando. Afinal, quem passa a vida tentando destruir relacionamentos merece, no máximo, indiferença. - Meus olhos encontram os dela com um brilho desafiador. - Sabe qual nota eu daria para o seu comportamento? Dó.

O silêncio na sala é imediato, e o sarcasmo no ar só aumenta a tensão. Todos na mesa percebem o clima.

Helena, irritada, responde

- Muito engraçado, Maya. Acho que você ainda não superou o passado. Que pena, né? - diz ela, tentando disfarçar o nervosismo.

Antes que a situação possa escalar, o Senhor John intervém, claramente desconfortável com o rumo da conversa.

- Pessoal, vamos almoçar. A comida já está na mesa.

Nos sentamos na área externa, ao redor da piscina, e tento me concentrar na comida. Noah se senta ao meu lado, mas o incômodo com a presença de Helena é evidente. A cada comentário dela, percebo Noah se mexer inquieto.

Durante o almoço, Charlotte, sempre direta, observa a tensão e resolve provocar

- Nossa, Helena, você parece ser do tipo que fica bem confortável perto de homens comprometidos, não é? - A voz dela é carregada de ironia, e os olhos dela brilham com diversão. - Não acha, Alan?

Alan tenta sorrir, mas a frase o pega de surpresa.

- Charlotte, não começa... - ele murmura, visivelmente desconcertado.

De repente, Noah solta algo que não estava no script do almoço.

- Charlotte tem razão. Eu vi você beijando a Helena ontem à noite, Alan. Perto do condomínio - ele diz, sua voz firme, enquanto lança um olhar mortal para o irmão.

O tempo parece parar por um segundo, antes de explodir em caos. Charlotte se levanta, incrédula.

- Como é que é?! - sua voz treme, entre choque e raiva.

Alan começa a se explicar de forma desajeitada, mas é interrompido por Helena, que, tentando controlar a situação, lança uma provocação para Noah.

- Isso é ciúmes, Noah? Que fofo... - ela diz com um sorriso venenoso.

Não aguento mais e começo a rir, um riso cheio de desprezo.

- Ciúmes de você? Querida, Noah pode ser muitas coisas, mas ele não iria se rebaixar a esse ponto. - Eu me levanto. - Sabe, Helena, você está me dando nos nervos desde que entrei aqui. Se você continuar, eu juro que vou... - Não consigo nem terminar a frase, porque de repente ela avança, puxando meu cabelo.

O mundo vira caos em questão de segundos. Puxo o cabelo dela de volta, e estamos brigando, literalmente, no meio da sala. Todos gritam, tentando nos separar. Noah, Miguel e o Senhor John conseguem finalmente nos afastar. Ambas ficamos descabeladas, as roupas amassadas, e a tensão na sala atinge o ápice.

- Você é descontrolada, Maya - Helena diz, tentando se recompor.

- Eu sou descontrolada? - digo, rindo sarcasticamente. - Querida, você começou essa briga. Eu só me defendi.

Dona Lúcia, visivelmente exausta da situação, se levanta.

- Já chega. Helena, não quero mais você na minha casa. Charlotte, lamento, mas você também não parece adequada para a nossa família. E Maya... querida, talvez seja hora de você ir e esfriar a cabeça.

Sinto a irritação borbulhando dentro de mim, mas sei que ela está certa. Despeço-me rapidamente e vou para casa, acompanhada por Noah, que insiste em me acompanhar.

- Você está bem? - ele pergunta, me observando de perto.

- Estou, só irritada - respondo com um suspiro, sem vontade de falar sobre a briga.

- Maya, eu sei que você não está bem.

Reviro os olhos.

- Então, para que perguntar?

- Porque me importo - ele diz, com uma sinceridade que me desarma por um momento.

Entramos em casa, e eu, sem pensar muito, abro uma garrafa de vinho, entregando uma taça a Noah.

- Aqui. Vamos beber - digo, tentando relaxar.

A noite segue, com conversas aleatórias e pequenos silêncios confortáveis. Mas, no fundo, ambos sabemos que o beijo ainda está pendente entre nós, uma questão não resolvida.

Quando vejo que Kiara está atrasada, envio uma mensagem rápida, e ela responde que está a caminho. Noah insiste em ficar até ela chegar.

- Eu fico aqui mais um tempo - ele diz, indo até a cozinha de repente.

Sigo atrás dele, desconfiada.

- O que você está fazendo? - pergunto, encostada no batente da porta.

- Lavando a louça. Achei que podia ser útil. Não quer ficar de papo furado, né? - ele responde, tentando esconder um sorriso.

- Noah, você nunca lava a louça.

Ele dá de ombros, tentando disfarçar a tensão.

- Talvez eu esteja tentando mudar. Quem sabe?

Dou um sorriso cansado, sem paciência para discutir, e decido subir para o meu quarto. O peso de tudo o que aconteceu durante o dia me atinge enquanto subo os degraus, e tudo o que quero é um momento de paz.

Meu Antigo Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora