capítulo 22

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Dia Seguinte

Decidi tomar café da manhã antes de começar o dia, mas a sensação de ansiedade me acompanhava. A conversa com Noah sobre sua ligação misteriosa ainda martelava na minha mente. Fiz um esforço consciente para me concentrar no trabalho, mas a inquietação persistia.

Ao longo do dia, a sensação de que algo estava errado cresceu, como um eco em minha cabeça. Prometi a mim mesma que, mais tarde, abordaria o assunto em um momento tranquilo, pois não podia ignorar aquilo por mais tempo.

À noite, nos reunimos novamente, e a atmosfera era pesada. Estávamos sentados na sala, no andar de cima, o silêncio entre nós quase ensurdecedor.

— Noah, sobre aquela ligação ontem à noite... há algo que você não está me contando? — perguntei, a voz trêmula, mas determinada.

Ele estava mexendo no notebook, mas parou para me olhar, hesitando por um momento.

— Não é nada importante, apenas assuntos de trabalho e um favor que fiz para um amigo, como eu disse antes.

Encarei-o, tentando ler suas expressões.

— Noah, confiança é fundamental para nós. Sei que não estamos em um relacionamento, mas se algo estiver incomodando você, eu gostaria de saber.

Ele suspirou, revelando um vislumbre de vulnerabilidade que me fez sentir um frio na barriga.

— Está tudo bem, Maya, a ligação foi porque...

Justo quando Noah estava prestes a me explicar, ouvimos barulhos de carros rondando o condomínio. Meu coração disparou. Alguns carros conseguiram entrar, enquanto outros ficaram do lado de fora, suas luzes cortando a escuridão.

— O que está acontecendo? — perguntei, levantando-me e indo para a sacada. Mas Noah segurou meu braço, seu olhar sério.

— Fica aqui... — Ele foi até o quarto, e eu o segui, sentindo a adrenalina percorrer meu corpo. Então, Noah mexeu na bolsa que trouxe e tirou uma arma de lá.

— Por que você tem uma arma? — perguntei, o medo começando a tomar conta de mim.

Tiros foram ouvidos próximos à nossa casa. Noah se agachou, e eu fiz o mesmo, um nó se formando em meu estômago. Assim que os tiros cessaram, nós dois ficamos de pé, a tensão no ar palpável.

— Fica aqui, vou ver se já foram embora — ele disse, descendo as escadas.

— Não vou deixar você ir sozinho. Pode ser perigoso. — Minha voz era firme, mas a verdade é que estava apavorada.

— Fique aqui — ele insistiu, abrindo a porta. — Por favor, não saia daqui. Vou ver se eles já foram.

Esperei, sentada no sofá, apreensiva, até que Noah voltou, seu rosto mais pálido do que o normal.

— Vamos. — Ele pegou meu braço. — Vamos para a casa dos meus pais.

Segui Noah, observando com horror que a casa dele estava marcada por vários tiros, e a porta estava aberta, como se tivessem entrado à força. Assim que entramos na casa dos pais dele, Dona Lúcia o abraçou, sua expressão um misto de alívio e preocupação.

— Você se machucou? Está ferido? Como eles te encontraram? — ela perguntou, ansiosa.

— Estou bem, mãe, eu estava com a Maya.

— Graças a Deus. E você, Maya, está bem? — Ela se aproximou de mim, seu olhar maternal cheio de preocupação.

— Estou bem... confusa, mas estou bem — respondi, sentando no sofá, o choque começando a me atingir.

— Vocês podem dormir aqui esta noite. Vou preparar o quarto de vocês — ela disse, subindo as escadas.

— Poxa, quem diria que ele viria até aqui e faria isso — Miguel comentou, sentando-se ao lado de Noah, sua expressão uma mistura de espanto e irritação.

— Vou ver o que posso fazer... amanhã teremos uma conversa, Noah — disse John, o pai de Noah, enquanto saía da sala e ia para o escritório.

A atmosfera na casa dos pais de Noah era tensa, todos tentando processar o que havia acabado de acontecer. Percebi que a vizinhança estava reforçada com mais seguranças, a sensação de alerta pairando no ar.

— O que está acontecendo, Noah? Quem eram essas pessoas? — perguntei, sentindo a necessidade de entender a gravidade da situação.

— São questões antigas, Maya. Coisas que eu preferia manter longe de você, mas parece que vou ter que dar um jeito nisso — Noah respondeu, com um olhar sério, como se estivesse ponderando o peso de suas palavras.

— Mas por que estão atrás de você? No que você está envolvido? Eu só quero respostas.

— Não é o momento certo para falar sobre isso. Precisamos estar atentos — Miguel interveio, sua expressão carregada de preocupação.

Dona Lúcia retornou, indicando que o quarto estava pronto.

Sentei-me na ponta da cama, tentando raciocinar sobre o que havia acabado de acontecer, a confusão e o medo misturando-se em meu coração.

— Tá tudo bem? — Noah perguntou, ajoelhando-se diante de mim, sua preocupação visível.

— Não, não está nada bem — respondi, levantando-me e caminhando pelo quarto, a inquietação crescendo em mim.

— Vai ficar tudo bem, Maya — ele disse, levantando-se e sentando-se na cama, me observando, mas sua calma parecia distante.

— Vai ficar tudo bem? — falei, irritada, minha voz subindo um pouco.

— Você está surtando à toa. Se acalma — ele disse, tentando manter a calma, mas isso só me deixava mais frustrada.

— Primeiro, você esconde as coisas de mim — comecei, contando nos dedos. — Segundo, aparecem uns caras e metralham a sua casa, e você me diz que vai ficar tudo bem?

— Olha...

— Não me interrompa, Noah. Terceiro, você tem uma arma, que eu nem sabia que existia. Ela é legalizada? Por que você tem uma arma? E por que tentaram te matar? — disse, quase chorando, a raiva e o medo transbordando. — Eles poderiam ter te matado, Noah.

— Ei, calma — ele me abraçou, e eu me deixei levar por aquele gesto de carinho. — Amanhã, eu prometo te contar tudo... mas agora, vamos descansar, por favor — ele disse, dando um beijo na minha testa, o toque suave que sempre acalmava meu coração.

Fui até a cama e me deitei, ainda vestindo o pijama que havia colocado antes de tudo isso acontecer. Noah deitou-se ao meu lado, me envolvendo em seus braços, e por um breve momento, me senti segura.

— Me desculpe por te meter nisso tudo — ele murmurou, sua voz baixa e cheia de remorso.

— Eu só vou te desculpar quando você parar de mentir e me contar o que está acontecendo — respondi, fechando os olhos e tentando dormir, mas as perguntas ecoavam em minha mente. Depois de um tempo, acabei adormecendo, com o peso da incerteza ainda pairando entre nós.

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