capítulo 28

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No dia seguinte

Na manhã seguinte, acordo com uma sensação de inquietude. Tomo um banho rápido, visto roupas confortáveis e desço para preparar o café da manhã. Meus pensamentos continuam girando em torno da conversa com Noah e da possibilidade perturbadora de estar grávida.

Sem conseguir suportar mais a incerteza, pego as chaves e saio de casa, dirigindo até a farmácia mais próxima. Escolho três testes de gravidez e vou direto ao caixa, minhas mãos tremendo levemente. A volta para casa parece mais longa do que o normal, o coração batendo acelerado em antecipação. Assim que chego, subo correndo para o banheiro do meu quarto, fecho a porta e, sentada no vaso, sigo as instruções dos testes. Os minutos de espera se arrastam como se fossem horas.

— Maya? Você tá bem? — Kiara bate suavemente na porta do banheiro, a preocupação perceptível em sua voz.

— Sim, tá tudo bem. — Respondo mecanicamente, abrindo a porta apenas o suficiente para que ela veja os testes.

— Ah... você comprou. E aí? Alguma novidade? — Ela pergunta, cautelosa.

— Ainda não. — Suspiro, tentando esconder a ansiedade que me corrói por dentro.

— E se... Se tiver um baby aí? Vai contar pro Noah? — Ela pergunta, mordendo o lábio inferior, como quem já sabe a resposta.

— Claro que vou, mas não vamos criar cenários antes de saber a verdade. — Tento soar resoluta, mas minha voz vacila.

Os minutos finalmente passam, e olho para os resultados. Apenas uma linha. Negativo.

— Não, eu não estou grávida. — Digo, soltando um suspiro de alívio misturado com algo que não consigo identificar. Alívio ou decepção?

Kiara olha para mim com um semblante confuso, como se estivesse tentando entender o que se passa na minha cabeça.

— Você parece... triste. Tá tudo bem? — Ela insiste, não convencida. — O teste às vezes dá errado, sabia? Podemos passar na farmácia e comprar outro...

— Não, Kiara. Eu não estou grávida. — Repito, agora com firmeza. — Preciso de um tempo pra mim. Tenho que me arrumar pro trabalho.

— Maya... — Ela começa, mas eu a corto.

— Por favor, Kiara, eu só... preciso ficar sozinha agora, tá bem? — Minha voz sai mais dura do que o planejado.

Ela hesita, mas finalmente cede, me lançando um olhar compreensivo antes de sair do quarto. Assim que a porta se fecha, me permito desmoronar por um momento. Sento na cama e passo as mãos pelo rosto, tentando afastar a confusão. Não estar grávida deveria ser um alívio. Mas por que me sinto assim... vazia?

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Depois de me arrumar, desço as escadas, onde Kiara está terminando de preparar o café da manhã.

— Como você tá? — Ela pergunta, me observando atentamente.

— Ei, eu estou bem. — Tento sorrir, mas a expressão preocupada dela permanece. — Relaxa, não faz bem pro bebê ficar se preocupando tanto.

Kiara tenta rir, mas é forçado. Eu tomo meu café, mas minha mente está em Noah. Ele deveria saber sobre o teste? O que ele diria? Talvez devesse esperar mais um pouco. Talvez...

No trabalho, tento me concentrar, mas minha cabeça está em outro lugar. Quando o relógio marca a hora do almoço, decido que não posso mais adiar. Mando uma mensagem para Noah pedindo para nos encontrarmos em um restaurante próximo.

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Nos sentamos em uma mesa mais isolada, e eu suspiro, tentando organizar meus pensamentos. Noah me observa em silêncio, como se soubesse que algo importante está por vir.

— Noah, eu preciso te contar algo. — Começo, tentando parecer calma.

— o que foi? — Ele pergunta, a preocupação evidente em sua voz.

— Esta manhã... eu fiz um teste de gravidez. — As palavras parecem pesar em meus lábios. — Achei que talvez... eu estivesse grávida.

O silêncio entre nós parece eterno, até que ele respira fundo, processando o que acabei de dizer.

— E o resultado? — Ele pergunta, finalmente.

— Negativo. — Minha voz sai mais suave do que eu pretendia. — Não estou grávida.

Eu espero que ele relaxe, que fique aliviado, mas ao invés disso, vejo uma sombra de decepção passar por seu rosto.

— Noah? Você parece... desapontado. — Minha voz soa incerta.

Ele baixa os olhos por um momento, evitando o meu olhar. Quando finalmente fala, é com um tom suave e reflexivo.

— Eu só... — Ele pausa, como se estivesse escolhendo as palavras certas. — Eu me preparei para a possibilidade de sermos pais. — Ele finalmente me encara. — Talvez seja cedo, mas a ideia de construir algo real, uma família, com você não me parece tão assustadora.

Fico sem palavras. Noah? Falando sobre família, sobre algo mais profundo do que eu jamais imaginei?

— Eu não sabia que você estava pensando assim... — Murmuro, ainda atordoada. — Eu também tenho pensado sobre isso, ma eu ainda não sei como me sinto.

Ele aperta minha mão sobre a mesa, seus olhos sinceros.

— Não precisamos decidir nada agora, Maya. Só quero que você saiba que estou aqui, independentemente de qualquer coisa. — Um sorriso suave se forma em seus lábios.

De repente, me sinto emocionada. De alguma forma, isso se tornou mais sério do que eu esperava, mas ao mesmo tempo, reconfortante. Apesar de tudo, Noah está ao meu lado.

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O restante do dia passa em um borrão. Depois do trabalho, volto para casa, onde Kiara está radiante de felicidade.

— Olha quem chegou! — Ela exclama com um sorriso brilhante.

— O que aconteceu? — Pergunto, surpresa.

Ela puxa um passaporte da bolsa.

— Eu vou viajar para o Brasil!

A revelação me pega de surpresa, e não consigo deixar de rir com a animação dela.

— Com quem você vai? — Pergunto, curiosa.

— Com um grupo de mães solteiras. Achei que seria bom para mim e pro bebê. — Ela responde, enquanto seus olhos brilham de excitação.

— Fico feliz por você. — Digo, genuinamente. — Mas eu vou ficar sozinha por aqui. — Brinco, fazendo uma cara dramática.

— Ah, claro, sozinha com Noah por perto. — Ela provoca, piscando para mim.

Eu rio, balançando a cabeça. Talvez, só talvez, as coisas estejam começando a se acertar. Mesmo com todas as incertezas, há algo reconfortante em saber que não estou sozinha, seja qual for o caminho que eu escolha seguir.

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