Capítulo 2: Um Contra Tempo

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Ainda no aguardo de uma resposta, eu começo a ficar inquieto com a figura que caminhava em minha direção, grito mais uma vez em busca de retorno, mas nada de resposta. Volto para dentro do chalé e pego um rifle que roubei de uma loja a alguns anos atrás, vou até o lado de fora e miro em direção a silhueta, ela havia desaparecido. Incrédulo, eu me sento na cadeira e coloco a arma deitada sobre minhas pernas, me pergunto se realmente tinha alguém ou se eu só estava imaginado coisas. 

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Estou me aprontado para ir a cidade em busca de um painel solar que possa servir de energia para meu gerador, infelizmente o meu antigo foi arrancado do telhado após um vento forte. Minha mochila esta pronta e o pote de ração de Bob esta cheio, eu pego minha bolsa e coloco nas costas, atravesso a porta e subo na bicicleta, começo a pedalar em direção a cidade com bastante cautela já que o mato tomou conta de parte da estrada, olho ao redor e vejo as casas que já a muito tempo foram abandonadas, tomadas pela vegetação e pelos animais, elas nada mais são do que parte desse novo mundo. Continuo pedalando em direção a cidade, estou passando por cima da ponte quando escuto um trovão no céu, premeditando a chuva que vem por ai, pedalo mais rápido e finalmente chego aonde queria.

Era uma loja chamada "Materiais de construção do Alex", uma loja grande que ainda não tinha sido tomada pelas plantas, ela esta fechada desde 2020, eu vou ser a primeira pessoa a entrar nela em 15 anos. Estaciono a bicicleta na frente da loja, pego um tijolo do chão e então taco na vidraça da porta, o vidro se espatifa com um estrondo, eu caminho ate a porta e passo pelo buraco que eu fiz. A loja esta com um cheiro ruim, uma mistura de mofo com carniça, adentro um pouco mais na loja e começo a olhar os itens espalhados nas prateleiras, tem pregos, barras de ferros e serrotes, nada que eu precise no momento, continuo caminhando ate que chego nas prateleiras do fundo da loja, lá estão os painéis pendurados na parede, me aproximo um pouco mais e olho atentamente para ver se eles estão em boas condições, estavam ótimos, eu pego dois deles e coloco dentro do espaço extra da minha mochila, quando estou prestes a ir embora eu escuto um barulho vindo do corredor a esquerda de eu onde eu estava, gelo um pouco, oque poderia ser? 

Abro a mochila que estava no chão e tiro de dentro de um bolso uma pistola, tiro o pente e verifico se esta cheio, e então coloco de novo dentro usando a palma da mão. São raras as vezes que preciso usar essa arma, mas por meio das duvidas é sempre bom esta preparado, com uma mão eu seguro a arma e com a outra uma lanterna, vou em direção ao corredor verificar oque é, um baque alto vem de uma porta a direita no final do corredor, chegando lá me deparo com uma escadaria que parecia levar para o porão da loja, desço as escadas com cuidado, os degraus vão rangendo a medida que eu desço, aquele cheiro esta mais forte aqui embaixo, chego aos pés da escada e viro lentamente para direita. O porão era extremamente escuro com teias de aranha se espalhando por toda parte, haviam caixas jogadas pelo chão, continuo procurando a origem do barulho e então encontro, tinha um cachorro no chão completamente desnutrido sendo comido pelos vermes e ratos, eu acho que ele veio aqui em busca de comida, mas por onde ele entrou? Eu dou uma olha ao redor com a mão no nariz, e vejo no canto da parede um buraco de quase um metro, muito provavelmente foi por onde ele entrou. 

Não tem muito oque eu fazer pelo cachorro, ele esta praticamente morto, dou mais uma olhada antes de subir e vou em direção a escada.... Escuto um grunhido, olha para trás e vejo que o cachorro já estava morto, então oque foi isso? Ando um pouco em círculos no porão e escuto de novo, parecia vim do buraco na parede, chego perto e escuto de novo. Aponto a lanterna lá dentro e vejo alguns filhotes de cachorro, eles estavam bem nutridos como se estivessem se alimentando com algo, tento chamar eles fazendo sons e balançando a mão mas eles não vem, então eu faço com certeza a escolha mais idiota da minha vida, tiro a minha jaqueta e coloco a arma dentro das calças, e começo a rastejar em direção a eles.

O túnel era muito estreito e cheio de terra, a cachorra morta no chão do porão deve ter cavado ate aqui, mas porque? Como ela morreu exatamente? São perguntas que eu deveria ter feito antes de me meter aqui. Eu devo esta a uns quatro metros deles quando sinto algo molhado na minha costa,  a terra estava deslizando devagar, a chuva deve ter começado lá fora e agora a terra esta cedendo, me desespero, começo a me rastejar rapidamente em direção aos filhotes quando de forma torrencial o solo abaixo de mim começa a afundar, consigo me segurar em umas raízes quando o chão se solta, fico com metade do corpo suspenso no ar e a outra metade por cima da terra. Minhas mãos começam a deslizar pelas raízes e um frio toma conta do meu corpo " Eu vou morrer" é o pensamento que passa pela minha cabeça, e então minha mão escorrega e eu despenco do que parece ser uma queda de 10 metros.

Enquanto despenco eu vejo o teto se afastar de mim, meu corpo esta gelado e eu não sei se vou sobreviver a isso, meu corpo se choca com chão e eu apago.

Solum: IntempérieOnde histórias criam vida. Descubra agora