Batidas suaves e persistentes pareciam vibrar por todo o meu corpo, minha orelha esquerda esta latejando e minha cabeça dói. Levanto minha cabeça de leve e me dou conta de que estou pendurado de cabeça para baixo, o sinto de segurança me segura, eu começo a tentar desprende-lo apertando o botão da trava, e com um click ele se solta e eu caio de cara no teto do carro, meu rosto esta sangrando por causa dos cortes causados pelo vidro.
Me levanto devagar e começo a me arrastar pela janela destruída do carro, minhas mãos são perfuradas por pequenos cacos de vidros largados pelo chão, isso me causa uma dor excruciante e eu dou um suspiro de dor.
Já fora do carro eu me levanto lentamente e me escoro na roda do veiculo, até que me dou conta de que eu estava viajando com Bob. Começo a procura-lo no banco de trás e ao redor do carro, e é ai que eu o vejo, deitado a uns 2 metros do carro, totalmente ensanguentado e com a língua para fora. Minhas lagrimas se perderam na chuva enquanto eu lamentava a morte do meu amigo, eu estava abraçando ele fortemente pela ultima vez.
Me levanto com Bob no colo e me afasto de forma considerável do carro, a chuva ainda estava forte mas os trovoes haviam parado. Numa área cheia de pedras pequenas e areia molhada, eu começo a cavar um buraco com as minhas mãos, areia entra pelos cortes da minha mão, mas nenhuma dor se compara a de ter perdido meu "filho". Coloco Bob cuidadosamente dentro do buraco, dou uma ultima olhada nele e então enterro.
Eu fiquei sentado esperando algo acontecer, algo que eu não fazia do que era.
Fui ate o carro e catei minha mochila de dentro dele, e então escutei Valentine me chamar pelo rádio:
-Sam? Você ta ai Sam? Fala comigo por favor...
Desacoplei o radio que estava travado no cinzeiro, e disse:
- Estou aqui...
-Nossa ainda bem, pensei que voce tivesse morrido cara.
- Não... Eu não.- Falei em tom triste
- O que aconteceu?
-O carro perdeu o controle e capotou, me machuquei um pouco mas estou bem. E infelizmente o meu gato morreu.
- Sinto muito Sam...
- A única coisa boa dessa situação toda é que estamos perto da fronteira
Comecei a caminhar pela estrada em direção da fronteira, com a mochila e o rádio na mão. Valentine ficou me consolando pela uma parte do caminho, mas pelo resto todo ele ficou em silencio.
Não sei dizer por quanto tempo andei até a fronteira, só sei que quando cheguei já estava de noite e a chuva tinha parado. Cheguei em "Campeche", uma cidade muito simples que parecia ter sido muito bonita a alguns anos atrás, hoje em dia ela esta tomada pela vegetação.
Enquanto eu andava pelas ruas da cidade, chamei Valentine e disse:
- Estou no México, oque eu faço agora?
Ele demorou um pouco para me responder:
- Em qual cidade voce esta?
- O letreiro na fronteira dizia "Campeche".
- Campeche? Você ainda ta longe de mim. Eu estou em "La Esperanza"
- E onde é isso?
- Na Colômbia...
- NA COLOMBIA? VOCE DISSE QUE EU IA TE ECONTRAR NO MÉXICO!
Furioso, eu dei um chute numa lata de lixo que estava em uma calçada. Valentine disse:
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Solum: Intempérie
Mystery / ThrillerSolum conta a história de Sam, um homem que caminha sozinho pela terra desde o dia da " Grande tempestade" que aconteceu em 2020. Essa história é narrada em primeira pessoa de forma intimista, os assuntos tratados aqui são parte da opinião popular.