Capítulo 5: Um amargo na boca

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"Estou caminhando pelo centro da cidade em uma bela noite estrelada, as pessoas esbarram umas nas outras na calçada e os motoristas buzinam freneticamente nas ilhas de transito. Estou indo me encontrar com uma amiga em uma balada perto daqui, nós vamos comemorar por termos nos formado. Já na frente do local, eu mando mensagem para Mia e pergunto onde ela esta:

Sam: Mia? você já tá na balada?

Mia: Já to aqui, o Omerio também tá aqui, cadê você? 

Sam: To entrando, e quem é esse Omerio?

Mia: É o cara que eu to ficando lembra? Eu te falei sobre ele ontem

Sam: Verdadeee, eu esqueci completamente. Ei onde você tá?

Mia: to aqui perto do bar, to vendo você.

Eu olho ao redor procurando por Mia e a vejo sentada em uma cadeira perto do bar, ela esta acenando alegremente pra mim com o telefone. Vou em direção a ela, chegando perto dela ela se levanta e me abraça dizendo:

Mia: Nossa  como eu estava com saudades de você...

Retribuindo o abraço eu respondo " Digo o mesmo"

A gente se senta e eu me assusto ao olhar pro lado dela e, ver que o ficante dela estava nos olhando com cara de desconfortável. Mia percebe isso e nós apresenta:

Mia: Sam, esse é Omerio e Omerio, esse é Sam. Nos somos melhores amigos.

Eu e Omerio nos cumprimentamos e dizemos um para outro "Tudo bem?".

Mia, Omerio e eu ficamos conversando por um bom tempo, pedimos alguns drinks e colocamos o papo em dia. Omerio era sensacional, ele era muito engraçado e extremamente eclético, eu fiquei um bom tempo conversando com ele, ate que Mia o puxou pra dançar.

Sentado na cadeira perto do bar, eu olhei atentamente tudo ao meu redor. O barman fazendo bebidas, os garçons entregando petiscos nas mesas e as pessoas dançando no meio do salão. Eu não sei se eu já estava bêbado ou não, eu me sentia leve e estava rindo atoa, me esqueci completamente dos problemas que iria enfrentar quando eu entrasse na faculdade.

Num impulso eu me levanto da cadeira e tomo um drink que estava largado  a minha direita, e eu tomo coragem de ir no meio da pista pra dançar.

Estou entrando na pista de dança quando as luzes apagam e logo em seguida luzes azuis e vermelhas acendem, eu me sentia tão leve e bem, começou  a tocar 'Desire' do Bob moses, simplesmente uma das minhas musicas favoritas da vida. No meio da pista eu começo a dançar com Mia e Omerio, as luzes iluminam seus rostos e eles estão tão felizes quanto eu, o local esta muito quente e eu começo a suar. Por um momento, meus olhos viram para Omerio, e ele estava reluzente, luzes pareciam sair da costa dele enquanto ele dançava com os braços para cima, nós fomos nos aproximando um do outro, quando eu dei conta já estávamos abraçados e por um impasse meu eu acabei beijando ele...

Ele retribuiu o beijo e me abraçou forte, eu congelei por instante, eu não sou gay e nunca senti essa atração, mas a bebida me fez querer isso. Mia logo percebeu e deu um empurrão na gente, eu e ele nos olhamos envergonhados e Mia começou-a chorar, ela saiu correndo da balada e nós seguimos ela. Já estávamos do lado de fora quando Mia entrou no carro e foi embora, eu gritei em plenos pulmoes " Mia espera por favor!". Omerio estava me olhando, eu o encarei de volta, não sou capaz de julgar se ele foi culpado ou não, só sei que eu dei as costas e fui embora.

A musica da balada estava ficando longe, eu olho no celular e são 2h34, estou exausto e então me sento na calçada, começo a sentir um chuvisco fino cair na minha pele, pego meu celular e chamo o Uber. Não demorou muito para o carro chegar, eu entro no carro e o motorista diz" Sam, certo?" Eu aceno com a cabeça.  Estou encostado na gela do carro olhando para rua, a chuva esta grossa e os gotas marcam o vidro do carro, as luzes da cidade parecem estrelas através da janela molhada do carro, o motorista ligou a radio e estava tocando "A Taste of Honey",uma melodia muito formidável do Paul Desmond. Paramos no sinal, o motorista olhou pelo retrovisor e disse "Foi uma noite complicada?" e eu respondo " Ate de mais, eu me desconheço", o motorista acenou com a cabeça e o sinal abriu.

Estávamos chegando perto de casa, o motorista estaciona bem na frente da casa e eu agradeço pela corrida, bato a porta do carro e destranco meu portão, meu pais estavam dormindo e eu não queria acorda-los. Fui para meu quarto e fiquei nu, peguei o telefone e fui ate o contato de Mia, ela tinha me bloqueado, largo o telefone na cama e vou direto pro chuveiro. A agua esta quente e meu coração esta apertado, nunca vou me perdoar por isso, daqui alguns anos com certeza vou me lembrar disso."

E aqui estou 20 anos depois, no chuveiro do meu chalé em um mundo vazio coberto pela natureza,  ainda me sentindo culpado por ter destruido uma amizade tão antiga... Pensamentos de chuveiro são realmente uma merda. Mas enfim,  tenho que concertar o gerador mais tarde.


Solum: IntempérieOnde histórias criam vida. Descubra agora