Tero me observou por um momento depois da resposta que eu lhe dei, ele se aproximou de mim e disse:
- O que foi?
Eu encarei ele nos olhos e disse
- Nada... Me da o livro, deixa eu guardar ele pra voce. - Peguei o livro da mão dele e coloquei na mochila
- Ta bom então, aonde nós vamos agora? - ele me perguntou enquanto ia ate a porta
Eu fui indo em direção a janela e escutei de longe barulhos de trovões, o céu esta escuro e com nuvens carregadas.
- Estamos um pouco longe do prédio que eu queria amostrar a voce e, a chuva vai começar.- eu disse olhando pela janela
- Tá bom, então o que voce quer fazer?
Parei de olhar para janela e me virei pra ele
- Vamos ficar aqui mais um pouco - Quando eu terminei a frase uma chuva forte começou a cair por toda a cidade.
- Ou ate a chuva acabar né? - Tero disse e então se sentou em uma mesa perto da janela
Me juntei a ele na mesa, ficamos de frente um para o outro, ele esta olhando para a janela e eu estou olhando para o rosto dele. Sua testa não esta mas com as cicatrizes, é como se elas tivessem desaparecido do nada.
- O que aconteceu com as suas cicatrizes? - Tero virou o rosto pra mim
- Que cicatrizes?
- A da sua cabeça, eu vi elas quando nos vimos da primeira vez...
Ele fitou seus olhos nos meus, e disse em tom preocupado
- Sam... Do que voce esta falando? Eu não tenho cicatrizes nenhuma.
Me desesperei, meu coração começou acelerar como se tambores rufassem no meu peito, eu estava com medo e com raiva. Medo de que eu estivesse ficando louco e com raiva de pensar na possibilidade de ele esta mentindo pra mim
- Escuta aqui, eu não sei qual sua, eu vi as cicatrizes na sua cabeça e vi voce tossi, não sei se voce esta brincando comigo ou coisa parec- Tero me interrompeu
- Eu não tenho motivos para esta pregando uma peça, cara. Não sou infantil a esse ponto, não quero que a única pessoa que eu conheci em quinze anos esteja ficando louca. - Ele estava me olhando seriamente.
Pelo o olhar dele eu começo a acreditar que estou alucinando ou coisa parecida, e então resolvo amenizar a situação
- Ok.... Ok.... Eu devo estar imaginando coisas, tenho estado muito cansado esses últimos anos, me desculpa. - Olhei para janela e comecei a apreciar a chuva, Tero ainda me encarava.
- Eu sei que é complicado, estou sozinho no mundo o mesmo tempo que voce, mas temos que ver pelo lado bom, o mundo é nossa caixa de areia e nós temos que aproveitar ela. Porque ela vai acabar em algum momento.
Virei meu olhar para Tero, ele ainda estava me olhando.
- Eu nuca sai daqui Tero, to aqui nessa cidade desde o dia em que eu nasci. E eu estou ficando velho....
- Voce é idiota? - ele me olhou serio e eu o encarei incrédulo - Voce é idiota Sam?
- Eu... Não.
- Porque parece, voce tem o que 40 anos? Ainda ta novo e da pra fazer bastante coisa, voce só não saiu dessa cidade porque não quis
- E como que eu iria sair daqui? Porque não sei se voce percebeu mas não tem carro nenhum que funcione.
- Claro que tem, o pessoal desapareceu em 2020, já tinham carros elétricos naquela época e hoje em dia eles ainda funcionam.
- Eu realmente não tinha pensado nisso, mas mesmo assim, aqui na cidade não tem
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Solum: Intempérie
Mystery / ThrillerSolum conta a história de Sam, um homem que caminha sozinho pela terra desde o dia da " Grande tempestade" que aconteceu em 2020. Essa história é narrada em primeira pessoa de forma intimista, os assuntos tratados aqui são parte da opinião popular.