Capítulo 9: Espetaculo Natural

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Tero me observou por um momento depois da resposta que eu lhe dei, ele se aproximou de mim e disse:

- O que foi?

Eu encarei ele nos olhos e disse

- Nada... Me da o livro, deixa eu guardar ele pra voce. - Peguei o livro da mão dele e coloquei na mochila

- Ta bom então, aonde nós vamos agora? - ele me perguntou enquanto ia ate a porta

Eu fui indo em direção a janela e escutei de longe barulhos de trovões, o céu esta escuro e com nuvens carregadas.

- Estamos um pouco longe do prédio que eu queria amostrar a voce e, a chuva vai começar.- eu disse olhando pela janela

- Tá bom, então o que voce quer fazer?

Parei de olhar para janela e me virei pra ele

- Vamos ficar aqui mais um pouco - Quando eu terminei a frase uma chuva forte começou a cair por toda a cidade.

- Ou ate a chuva acabar né? - Tero disse e então se sentou em uma mesa perto da janela

Me juntei a ele na mesa, ficamos de frente um para o outro, ele esta olhando para a janela e eu estou olhando para o rosto dele. Sua testa não esta mas com as cicatrizes, é como se elas tivessem desaparecido do nada.

- O que aconteceu com as suas cicatrizes? - Tero virou o rosto pra mim 

- Que cicatrizes?

- A da sua cabeça, eu vi elas quando nos vimos da primeira vez...

Ele fitou seus olhos nos meus, e disse em tom preocupado

- Sam... Do que voce esta falando? Eu não tenho cicatrizes nenhuma.

Me desesperei, meu coração começou acelerar como se tambores rufassem no meu peito, eu estava com medo e com raiva. Medo de que eu estivesse ficando louco e com raiva de pensar na possibilidade de ele esta mentindo pra mim

- Escuta aqui, eu não sei qual sua, eu vi as cicatrizes na sua cabeça e vi voce tossi, não sei se voce esta brincando comigo ou coisa parec-  Tero me interrompeu 

- Eu não tenho motivos para esta pregando uma peça, cara. Não sou infantil a esse ponto, não quero que a única pessoa que eu conheci em quinze anos esteja ficando louca. - Ele estava me olhando seriamente.

Pelo o olhar dele eu começo a acreditar que estou alucinando ou coisa parecida, e então resolvo amenizar a situação

- Ok.... Ok.... Eu devo estar imaginando coisas, tenho estado muito cansado esses últimos anos, me desculpa. - Olhei para janela e comecei a apreciar a chuva, Tero ainda me encarava.

- Eu sei que é complicado, estou sozinho no mundo o mesmo tempo que voce, mas  temos que ver pelo lado bom, o mundo é nossa caixa de areia e nós temos que aproveitar ela. Porque ela vai acabar em algum momento.

Virei meu olhar para Tero, ele ainda estava me olhando. 

- Eu nuca sai daqui Tero, to aqui nessa cidade desde o dia em que eu nasci. E eu estou ficando velho....

- Voce é idiota? -  ele me olhou serio e eu o encarei incrédulo - Voce é idiota Sam?

- Eu... Não.

- Porque parece, voce tem o que 40 anos? Ainda ta novo e da pra fazer bastante coisa, voce só não saiu dessa cidade porque não quis

- E como que eu iria sair daqui? Porque não sei se voce percebeu mas não tem carro nenhum que funcione.

- Claro que tem, o pessoal desapareceu em 2020, já tinham carros elétricos naquela época e hoje em dia eles ainda funcionam.

- Eu realmente não tinha pensado nisso, mas mesmo assim, aqui na cidade não tem

Solum: IntempérieOnde histórias criam vida. Descubra agora