CAPÍTULO 01

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      O deserto de Chihuahua, no oeste do Texas, era uma imensidão semi-árida e que parecia estar estagnada no tempo. As cidadezinhas que ainda existiam na região não passavam de pequenos vilarejos que se agarravam arduamente aos pequenos pontos onde haviam córregos, lagos ou rios subterrâneos, de onde tiravam toda a água para o seu sustento.

    As interestaduais que cruzavam o deserto não passavam próximas à nenhuma cidade e as únicas construções que poderiam ser ocasionalmente vistas ao lado das ruas asfaltadas, quebradiças e desgastadas devido ao sol escaldante e a ação do tempo eram velhos postos de gasolina. Caso alguém fosse tolo o suficiente para querer sair de uma cidade grande e se aventurar pela região, precisaria enfrentar estradas de terra para chegar até aos pequenos vilarejos.

     A maioria das pessoas iam embora assim que tivessem a primeira oportunidade, mas como ainda haviam alguns milagres de habitantes na região, era um sinal de que haviam aqueles que queriam ficar — Ou simplesmente não tinham escolha.

     Os desertos eram absurdamente frios durante a noite, e quando Onyx West parou a sua velha caminhonete bruscamente no meio de uma sinuosa estrada de terra, o frio da madrugada pareceu entranhar no carro, como se fosse tentáculos invisíveis e congelantes, fazendo os pêlos da nuca do rapaz se eriçarem, embora ele tenha ignorado totalmente isso e apertado o volante da caminhonete de forma distraída, enterrando as unhas no revestimento de couro sintético que o revestia. O material frágil e meio borrachudo já estava cheio de outras marcas de cortes, não que Onyx se importasse com isso o suficiente para trocá-lo — Ou tivesse dinheiro suficiente para gastar com coisas bobas como aquilo.

    O rapaz apertou levemente os olhos e focou no gigantesco celeiro de madeira que havia à cerca de cinquenta metros de onde a sua caminhonete estava estacionada. Construções como aquela não eram muito difíceis de serem vistas pela região, mas um celeiro que parecia ter sido construído do dia para a noite, no meio do nada e longe de qualquer casa ou fazenda? Isso sim era definitivamente estranho.

    A visão sobrehumana de Onyx fez com que ele conseguisse ver que haviam dois homens — Ou melhor: duas coisas parecidas com homens. — em pé ao lado do que só podia ser a porta do celeiro. O lado de fora da construção de madeira era completamente escura, mas Onyx conseguia ver o brilho forte de luzes Neon brilhando através das pequenas frestas que haviam entre as tábuas do teto, e além disso, a música absurdamente alta que saia lá de dentro poderia ser ouvida a quilômetros de distância, e como não haviam nenhum vilarejo ou fazenda povoada à quilômetros, a festa maluca estava isolada do mundo externo, e quando a manhã chegasse, não haveria sequer um indício de que ela havia acontecido, e os organizadores daquela Rave esquisita sabiam muito bem disso.

     Soltando um rápido suspiro, Onyx desgrudou os olhos do celeiro e olhou ao redor, percebendo que haviam carros lustrosos e caros estacionados à alguns metros de distância dele. Carros que definitivamente ninguém da região conseguiria comprar, já que os poucos que conseguiam ter um automóvel algum dia precisariam se contentar com caminhonetes e picapes de segunda mão, praticamente caindo aos pedaços.

    Pessoas que passassem por perto e vissem toda aquela movimentação poderiam achar que era só mais uma festa, que poderia ser até comum pela região, mas Onyx sabia muito bem o que era aquilo e o tipo de criaturas que eram atraídas pela vastidão esquecida do deserto de Chihuahua para fazerem o que quisessem sem se preocuparem em esconder sua verdadeira natureza:

     Vampiros. Demônios da noite. Seres sem alma e chupadores de sangue sociopatas e completamente sanguinários, que sentiam prazer em destroçar da forma mais lenta e dolorosa possível um humano.

CAÇADOR DE VAMPIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora