CAPÍTULO 02

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    — O que você vai querer? — Resmungou o barman assim que Onyx sentou em um dos bancos altos de frente para o balcão largo e madeira polida. O rapaz não vestia mais do que uma cueca Boxer preta, era humano, aparentava ter mais ou menos a mesma idade que ele (cerca de vinte anos) e definitivamente não estava hipnotizado por algum vampiro. O olhar de tédio e superioridade no rosto do barman fez Onyx constatar que ele era um dos que estavam alí por conta própria, se prostituindo, servindo bebidas e sendo bebido pelos vampiros para que dali um tempo também se tornasse um deles.

    — Uma dose de gin. — Onyx disse, também sem qualquer educação na voz. Ele perguntou a si mesmo se aquele rapaz iria realmente se tornar um vampiro dalí algum tempo, e se fosse o caso, talvez também cairia na mira dele, que ficaria mais do que satisfeito em matá-lo assim que seu último resquício de humanidade fosse pelo ralo. Onyx também sabia que vampiros eram cuidadosos em relação à quem transformam para evitar uma super lotação de seres imortais, o que poderia ameaçar o segredo da sua existência. Pequenas populações de sanguessugas passavam despercebidas entre os mortais, mas um grande grupo com vampiros recém-transformados e incontroláveis poderia ser um problema gigantesco.

     Vampiros eram seres tão asquerosos que apesar de um dia já terem sido humanos, desprezavam os mortais e não o viam mais do que como comida. Além disso, eles também procuravam humanos para transar, desejando um buraco quente para enfiarem seus paus, ou um pau pulsante e quente para foder suas bocetas gélidas, porquê além de não terem calor próprio, também não tinham batimentos cardíacos.

    Onyx não sabia ao certo como funcionava a fisionomia dos vampiros, mas sabia que os mais velhos e poderosos deles possuíam certos... Poderes. Dons sombrios que iam muito além da capacidade de hipnotizar as pessoas. Ele próprio já havia encontrado com um que conseguia fazer pequenas coisas levitarem.

     — Com ou sem sangue? — O barman perguntou, colocando o copo de vidro cheio até a metade com um líquido amarelado, já erguendo o pulso esquerdo, onde havia dois cortes na pele feitos por presas e por onde filetes de sangue escorriam.

     — Sem. — Onyx puxou o corpo antes que uma gota de sangue pingasse dentro da bebida, tentando se controlar para não fazer uma careta de nojo. O barman deu de ombros e caminhou para longe de onde Onyx estava, deixando-o sozinho alí.

     O rapaz encarou as gotas escarlates que haviam caído sobre o balcão de madeira. Ele era apenas meio vampiro, então não sentia vontade alguma de provar sangue. Onyx odiava com todas as forças ser quem era. Ser O QUE era.

    Sua mãe havia sido apenas mais uma jovem que nasceu naquelas cidadezinhas esquecidas. Mesmo em um lugar como aqueles, ela poderia ter tido uma vida normal e feliz caso não tivesse tido a má sorte de acabar caindo diretamente nas garras de um vampiro asqueroso, que a hipnotizou e fez o que quisesse com ela. Roselyn jamais ficou sã novamente depois disso, e nove meses depois, Onyx e Adeline nasceram.

     Por muito tempo, Roselyn sequer conseguia olhar para os filhos sem conseguir lembrar do que havia acontecido. Sem conseguir lembrar do vampiro que tinha feito aquilo com ela. O pais deles.

    Onyx só descobriu que não era inteiramente humano aos dezesseis anos, depois de acordar de um pesadelo com presas afiadas rasgando as suas gengivas e perfurando os seus lábios, enquanto seu coração batia à mil por hora e os seus sentidos ficaram absurdamente aguçados. Onyx jamais havia ouvido a mãe gritar tanto, completamente imersa em puro terror como fez ao vê-lo naquele estado, gritando sem parar que ele era idêntico ao monstro que um dia tinha conhecido.

CAÇADOR DE VAMPIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora