CAPÍTULO 08

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     — Hahaha. Muito engraçado. Agora solta senão a próxima coisa que você vai ver é um punhal direto no seu olho. — Onyx blefou, mesmo que não estivesse levando nenhuma arma consigo. Atticus riu e tirou as mãos da cintura dele, erguendo-as em sinal de rendição. O vampiro dobrou a asa esquerda sobre o próprio corpo, usando ela como uma espécie de cobertor.

     — Tão bruto... Com quem aprendeu a ser assim? — provocou, abrindo um sorriso largo e expondo suas presas. Nyx revirou os olhos e puxou as pernas até o peito novamente, enviando elas debaixo da camisa como sempre gostava de fazer quando era criança e estava com frio.

     — Minha mãe. — O jovem deu de ombros, embora seu tom deixasse claro que ele não queria falar sobre isso. O vampiro confirmou com um aceno curto e resolveu não fazer mais perguntas sobre isso, percebendo que o assunto que envolvia a mãe de Onyx era sempre delicado.

    — Quer jogar? Uma pergunta por uma pergunta. — Atticus esticou a outra asa e a colocou por cima dos ombros de Onyx, que soltou um suspiro ao perceber o quão quente e macia ela era, e o calor definitivamente não era por ela ter ficado no fogo por alguns segundos, pois era uniforme por toda sua extensão.

    — Comece. — Nyx respondeu, dando de ombros. Aquilo era melhor do que ficar entediado o resto da noite.

    — Como matou o primeiro vampiro? — Atticus perguntou enquanto fazia a fogueira se mover um pouco para mais perto, embora o fogo tenha diminuído um pouquinho de tamanho e tenha ficado mais uniforme, como se ao invés de labaredas dançantes agora fosse a chama de um fogão.

     — Tinha dezoito anos. Não sabia nada sobre vampiros, então tentei fazer com uma estaca de madeira. No fim, ele morreu mesmo assim quando eu enfiei a estaca no olho dele. — o rapaz murmurou, lembrando do primeiro vampiro com quem encontrou. Aquele dia foi o primeiro e único em que ele havia sido mordido por um dos sanguessugas. A sensação foi absurdamente esquisita, fazendo seu corpo responder por vontade própria de uma forma desconcertante. Além disso, ele passou os dias seguintes completamente desesperado, pois as feridas no seu pulso não curavam de jeito nenhum.

     — Bom. Pelo olho você não encontraria nenhuma resistência do crânio. — Atticus confirmou, como se estivesse tentando imaginar a cena.

    — Como e quem transformou você? — O meio-humano perguntou, usando a sua vez de questionar. O olhar no rosto de Atticus ficou sombrio por alguns instantes, como se lembrar fosse um certo incômodo.

    — As coisas eram um pouco difíceis para pessoas negras naquela época. Não só para nós, na verdade, mas sim para a maioria da população. Os pretos que não eram escravos, eram excluídos da sociedade, pobres, sem ter onde ficar. A maioria das pessoas tinham dificuldades até para encontrar o que comer. — Começou ele, soltando um longo suspiro. Onyx sentiu uma pontada de culpa por ter perguntado aquilo, pois não deveria ter coisas que valiam à pena serem lembradas de 1740. — Eu tinha... Tinha uma pessoa que eu gostava, mas as circunstâncias não eram muito favoráveis para a gente. Ele era lindo, adorável, delicado, mas também era ambicioso e um tanto egoísta. Ambicioso o suficiente para dar sua vida em troca da imortalidade e egoísta o suficiente para me colocar no mesmo barco.

    — E-entāo não você queria? — Nyx gaguejou, tentando imaginar a dor desde tipo de traição. Ser morto por a pessoa que você um dia havia amado...

    — Não. Mas não era como se eu tivesse tido escolha. — Atticus riu da própria desgraça. O rapaz sempre achou a voz rouca dele maliciosa e provocante, mas naquele momento, só havia aspereza nela. — Eu podia ser forte, ainda sou, mas não tinha a menor chance contra um vampiro descontrolado. Quando acordei... Bom, você sabe, já estava desse jeito. E apesar de mortinho da Silva, continuei com a minha personalidade de sempre. Pelos séculos seguintes resolvi andar por aí e explorar o mundo, foder com quem quisesse e acumular riquezas.

CAÇADOR DE VAMPIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora