CAPÍTULO 07

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     Dois dias depois, a situação no casarão estava extremamente desconfortável, com Onyx sequer conseguindo andar livremente pelo lugar sem causar gritos histéricos em Roselyn — As vezes ela simplesmente chiava para ele como um animal selvagem —. O quarto do rapaz ficava no limite da casa. O último na parte dos fundos, para que durante a noite, quando a situação da mãe se agravava ainda mais, não tivesse a chance de Onyx cruzar com ela, o que poderia fazê-la agir de duas formas diferentes: gritar até desmaiar ou ataca-lo e tentar rasgar seu rosto com as unhas, pois com as sombras da noite, ele ficava ainda mais parecido com um vampiro puro sangue.

    Onyx não culpava a mãe por nada daquilo. Ela estava completamente traumatizada, sem conseguir distinguir a realidade das lembranças ou das coisas que ela lia nos livros. Seu autor favorito — Stephen King — Sempre escrevia coisas macabras e cheias de gatilhos, então certa vez os avós de Onyx resolveram parar de comprar livros dele para a filha, mas a situação ficou ainda mais grave. Adeline até havia tido a ideia de colar uma capa de um livro do Stephen King em outro aleatório, mas Roselyn percebeu a diferença após ler a primeira página, mesmo que o livro adulterado também fosse de terror — Um terror mais ameno e sem cenas fortes.

    Onyx simplesmente não sabia o que fazer, ele também sabia que a culpa de tudo aquilo não era sua, mas era inevitável se sentir culpado com toda a situação. Ele passou a maior parte das horas do seu dia vagando pela cidadezinha e ajudando o avô com as entregas de frutas, que eram distribuídas para diferentes mercadinhos espalhados pelo vilarejo.

    Na tarde do terceiro dia sem resolver caçar mais nenhum vampiro ou qualquer coisa do tipo, Onyx pegou seu celular e ligou para o vampiro bonitão do outro dia, mesmo sabendo que era uma péssima ideia. Atticus poderia ser um tremendo gostoso e parecer ter um caráter minimamente descente, mas continuava sendo um vampiro. Um vampiro secular com olhos incrivelmente astutos e uma mente rápida.

   
    Uma onda de arrependimento tomou conta do rapaz cinco segundos após escolher o contato "VAMPIRO SABICHÃO" e apertar no pequeno símbolo de telefone que havia no canto inferior da tela, mas antes que ele fosse rápido o suficiente para desligar a ligação, a chamada foi atendida e o contator de segundos começou a rolar.

    — Olá, Onyx. — A voz rouca do vampiro ecoou do outro lado, fazendo o rapaz arquejar e sentir um calafrio subir pela sua coluna. Ele não sabia como diabos o morto-vivo sabia que o contato era seu, já que não havia nome nem foto do seu número.

    — Será que a gente pode se encontrar? Preciso perguntar uma coisa. — Respondeu, engolindo em seco e tentando ignorar a imagem do vampiro enorme e negro que surgiu na sua mente.

    — aham, Baby. — O vampiro disse, depois de alguns segundos em silêncio. O ronronar rouco fazia Onyx achar que ele estava com um sorrisinho malicioso do outro lado da ligação, e pelos sons agitados de trânsito do outro lado da chamada, Atticus definitivamente não estava no seu "esconderijo secreto", que era absurdamente silencioso.

    — O-onde podemos nos encontrar?

    — Depende. Você quer que seja em um lugar público ou confia em mim o suficiente para conversar em um lugar mais calmo? — Atticus perguntou. Ele falava de um jeito que era como se além de conversar, eles fossem fazer muito mais do que isso, e essa linha de raciocínio deixava Onyx incrivelmente desconcertado, sentindo suas bochechas arderem.

    — Um lugar público parece ótimo. — Respondeu. E mesmo que já tivessem ficado sozinhos no meio do nada por um bom tempo, Onyx definitivamente não iria querer ficar sozinho novamente com um vampiro, UM VAMPIRO, se podesse evitar isso. 

CAÇADOR DE VAMPIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora