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A câmara da caverna em que Onyx entrou não passava de um cubículo minúsculo depois de uma curva brusca para a direita e um pequeno declive. Havia uma espécie de buraco no teto da caverna, por onde raios fortes de luz passavam e iluminavam o interior do lugar. O buraco por onde a claridade passava era uma espécie de túnel, já que o topo da montanha ainda ficava à uns bons cinco metros mais acima, embora Onyx não tivesse certeza disso.
No chão do quarto minúsculo ficava uma espécie de buraco de mais ou menos um metro e meio de largura, e uma água cristalina minava lá de dentro. Enquanto tirava as roupas e adentrava na água quente do buraco — Que não deveria ter mais do que uns quarenta centímetros de profundidade —, ele se perguntou como diabos a água subia até alí, mas constatou que deveria ser por algum tipo de superpressão em algum dos lençóis freáticos lá de baixo, fazendo a água subir como se fosse uma espécie de gêiser.
Onyx era esguio e pequeno o suficiente para ficar submerso debaixo da água, embora suas costas roçassem de uma maneira bastante desagradável na superfície áspera do laguinho cristalino. Havia produtos de higiene pessoal na borda do buraco arredondado, então o rapaz pegou um frasco de shampoo e colocou uma boa quantidade em uma das mãos, antes de massagear o cabelo por um bom tempo para se livrar da tinta grudenta que o estava cobrindo. Onyx repetiu o processo duas vezes apenas para ter certeza de que qualquer resquício dela havia sumido.
Depois de mais alguns minutos ele saiu de dentro da água e começou a vestir as roupas que o vampiro o havia dado. Elas ficaram levemente folgadas, mas eram absurdamente confortáveis. Onyx começou a andar para fora daquele "banheiro", tentando ignorar a terra que grudava nos seus pés molhados, pois quando ele secasse completamente os grãos iriam desgrudar da sua pele.
Assim que entrou naquela parte maior e mais espaçosa da caverna, o rapaz percebeu que Atticus estava esparramado na gigantesca cama que ficava em um dos quantos, com as asas pretas abertas e arrastando no chão de tão grande que eram. Onyx percebeu que haviam veias levemente azuladas na parte de dentro delas, atravessando as membranas que interligavam aquelas hastes longas e que terminavam em garras afiadas como se fossem teias de aranha. As veias só podiam ser vistas do lado de dentro, que era levemente mais claro que o preto opaco que ficava na parte externa delas.
— Obrigado pela ajuda, cara. Mas agora eu preciso que você me leve até lá embaixo, prometo nunca entrar no seu caminho novamente e que caso um dia nos encontrarmos de novo, irei poupar sua vida. — Onyx disse, tirando as mechas ruivas e úmidas do rosto e apoiando o peso do corpo em apenas uma das pernas.
— Me poupar? — Atticus ergueu a cabeça e soltou uma risada alta e rouca, que ecoou pela caverna e foi amplificada pelas paredes rochosas.
— Pra começo de conversa, não sei porque você me trouxe pra esse lugar e me ACORRENTOU. Se não vai me matar, me leva logo para onde meu carro está.
— Trouxe você aqui porque se eu te deixasse desacordado lá, baby, você iria virar lanchinho. E eu algemei você porque estava com sono e definitivamente não queria acordar com um maluquinho fofo tentando estraçalhar meu peito com uma adaga. — Respondeu o vampiro, levantando da cama e se espreguiçando. O som de ossos estalando e tendões sendo esticados ecoou pela cabeça, embora Onyx não soubesse se vinham das asas ou de qualquer outra parte do corpo do homem.
— Vai me levar ou não? — Perguntou, cruzando os braços.
— Vou. — Confirmou Atticus, antes de começar a caminhar em direção a saída da caverna, ainda vestindo apenas aquela calça justa e preta. Onyx começou a segui-lo, um pouco nervoso, ainda sem saber como diabos iriam fazer aquilo.
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CAÇADOR DE VAMPIROS
VampirosAos olhos de todos, Onyx West e sua irmã gêmea, Adeline, não passam de inofensivos, gentis e bonitos jovens caipiras, que moram na fazenda dos seus avós numa cidadezinha esquecida na imensidão árida do Texas, mas cuidar de plantações definitivamente...