4- A culpa em minha alma

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P.O.V Tom



Acordo com um barulho estranho vindo do quarto do Bill. Olho no meu celular e são 3 horas da manhã.


Me levanto rapidamente e vou até o quarto dele.


-Bill?!- chamo baixinho, batendo na porta.


Consigo ouvir suspiros e um choro bem baixinho e logo abro a porta.


-O que houve?-pergunto me aproximando e me sentando em sua cama.


Ele está deitado de costas para mim e encolhido, está chorando muito e nada consegue dizer.


Me deito e o abraço. A sensação é de que meu coração está dilacerado pelo choro dele e eu não sei o que fazer.


-Quer que eu fique aqui?!-pergunto e ele se vira para mim, se aninhando nos meus braços.-Tudo bem!


Começo a fazer carinho em seu cabelo na tentativa de acalma-lo e, aos poucos, isso vai funcionando.


-Por que fizeram isso comigo?!-ele fala entre soluços.


Sinto meu sangue ferver por dentro das minhas veias, fecho meus olhos e suspiro bem fundo antes de perguntar calmamente:


-O que fizeram com você?


-Eles...eles me forçaram, eu não tive culpa. Eu juro que não tive culpa.-ele volta a chorar.


Sinto arrepios e minha cabeça está fervilhando por pensar no que exatamente fizeram.


-Calma, meu am...-par de falar e dou uma tossida para ele não perceber o que quase sai da minha boca sem querer- Respira, Bill. Me conta o que aconteceu.-começo a ficar sem paciência, não com ele.


-Eles me abusaram...-ele chora compulsivamente.


Aquelas palavras foram como facas afiadas que perfuraram minha alma e pude sentir minha pressão baixando e uma leve sensação de desmaio.


Eu não pude fazer nada para impedir. A culpa me consome.


-Foi horrível, Tommy. Doeu muito. Eu não queria aquilo.-a cada palavra que ele relatava, meu corpo parecia pesar mais.


Eu não conseguia falar nada, apenas apertar ele mais e mais no meu abraço.


Suas mãos que estavam tapando seu rosto, me abraça forte ao ponto de me fazer gemer pela leve dor.


Ele parece estar com muito medo de uma maneira que eu nunca vi.


-Nao me deixa sozinho, Tom...


Puxo o edredom para cima de nós dois e o abraço novamente.


-Meninos?! Tá tudo bem?!-ouço a voz da mamãe na porta do quarto que havia esquecido de fechar.


-Ta sim, mãe. O Bill ficou com medo de um pesadelo e eu vim dormir com ele.-falo olhando para ela.


-Qualquer coisa me chamem.-Ela fala sorridente.-Boa noite.


A escuridão toma conta do quarto novamente após a porta ser fechada.


O choro de Bill foi cessando e seu corpo foi amolecendo, pude perceber que ele está pegando no sono e me ajeito ainda abraçado a ele e, sem dizer uma palavra, adormeci logo após.




***×***



-Bom dia, meninos.-mamae nos recepciona na cozinha com uma mesa linda de café da manhã.-Bill você está com uma cara péssima.


-Nao dormi muito bem, mãe. Mas estou bem.-ele fala sorrindo.


Eu permaneço calado durante todo o café da manhã e espero Bill terminar de comer para podermos ir para a escola.


-Nao precisa ir pra escola hoje. Podemos ir pra outro lugar.-falo quase num sussurro.


-Eu quero ir.-ele fala, meio desanimado.


Concordo com a cabeça e seguimos para a escola sozinhos, Georg e Gustav já devem ter ido.


Ao chegarmos no portão da escola, Bill trava e segura meu braço.


-O que foi?-pergunto olhando rapidamente para ele.


Ele está pálido olhando para um lugar fixo. Acompanho seu olhar e vejo, ao longe, um grupo de meninos conversando e rindo.


-Foram eles?!-pergunto já sentindo meu coração acelerar e meu corpo inteiro ferver.


-Sim, mas eu quero esquecer isso.-ele fala, mas continua apertando meu braço.-Vamos entrar.


Ele adentra a escola e me puxa pela mão.


Acompanho ele até sua sala e não saio até a professora chegar e começar sua aula.


A minha aula seguia normalmente até a diretora vir na minha sala.


-Tom Kaulitz, para a minha sala por favor.-ela me chama e eu pego rapidamente a minha mochila que eu sequer tinha aberto e sigo ela.


-O que aconteceu?-pergunto para ela enquanto a sigo.


-Seu irmão passou mal.


Sinto meu coração acelerar e dou passos mais rápidos que os dela sem me importar. Entro na sala dela e vejo Bill sentado na cadeira e chorando muito com as mãos no rosto e suas pernas trêmulas.


Jogo minha mochila no chão e logo me ajoelho de frente para ele.


-Eu tô aqui agora.-falo calmo e ele se joga sem cima de mim e continua chorando.


-Me leva pra casa.-ele pede aos prantos.


-Agora mesmo.-falo me levantando com dificuldade por conta de seu peso.


Abraço ele de lado e pego nossas mochilas.


-Precisam esperar o responsável chegar.-a diretora fala interrompendo nossa passagem.


-Converso com ela em casa. Meu irmão não está bem e se não sair da frente eu passo por cima.-falo sério


-Menino, posso te dar suspensão por esse seu comportamento.-ela fala irritada e aponta o dedo no meu rosto.


-Aponte esse dedo novamente para mim, que eu mesmo o quebro.-falo e sem esperar resposta, passamos por baixo se seu braço e seguimos para fora.


Bill não estava falando. Só choramingando.


-Eu vou te levar pra casa em segurança.-falo olhando para ele e ele assente.


O caminho foi bem silencioso e Bill só respirava fundo várias vezes. Parece estar tendo uma crise de ansiedade ou coisa do tipo, não sei ao certo.


Chegando em casa, sento ele em sua cama e me abaixo em sua frente.


-Eu sempre estarei aqui para você.-falo olhando em seus olhos e ele apenas assente.


Não posso falar o quanto estou me sentindo culpado, só iria deixar ele pior.


Mas eu estou me sentindo um lixo...ou coisa pior.


The color of hellOnde histórias criam vida. Descubra agora