15- Por essa eu não esperava

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P.O.V Narradora

Talvez se não fosse esse céu, talvez se não fosse as nuvens... Talvez se não fosse a vida.

Tom encontra-se em uma grande guerra dele consigo mesmo.

Bill está nesse momento, fazendo um exame específico que ele já não lembra mais o nome.

Acabou ficando no quarto enquanto espera seu irmão.

Ele observava a rua pela janela: os carros passando e as pessoas andando.

Talvez se não tivesse desenvolvido sentimentos que não precisavam ser sentidos, pelo menos não por essa pessoa, a vida seria mais fácil.

Seu amor com certeza é sincero, só não tem certeza se é o tipo de amor puro...tá mais pra profano.

***×***

Seu olhar ia longe no horizonte, suas mãos tremiam e seu corpo parecia flutuar.

O beijo que acabou de receber no rosto parece ter aberto um buraco gigante dentro de si.

Bill encarava Tom enquanto essa lembrança passava lentamente pela sua cabeça.

-Por que está me encarando assim?-Tom indaga meio envergonhado.

Bill sorri e nega com a cabeça.

-Nao é nada demais.-ele diz.

O mais velho estranha a resposta, mas deixa pra lá.

-E como chegaram nessa conclusão de Lupus?-Tom pergunta enquanto puxa uma cadeira e se senta próximo da cama.

-Ainda não concluíram, mas suspeitam.

-E você como está com isso?-Tom pega em sua mão e ele olha rapidamente para a mesma.

Seus olhos podem estar brilhando ou suas pupilas podem estar dilatadas mas ele não tem certeza disso.

-E...eu-Bill tosse e volta a olhar para os olhos de seu irmão que, ao seu ver, estava muito confuso.-Eu vou ficar bem.

Bill retira rapidamente a mão de baixo da mão do outro.

-O que aconteceu?-Tom pergunta se aproximando mais da cama, curvando seu corpo.

-Nada. Por que me pergunta isso?-Bill sorri amarelo.

-Porque eu te conheço melhor do que ninguém.-Tom cerra os olhos.

-Querido, eu só achei sopa.-sua mãe entra pela porta e Bill finalmente respira, percebendo agora que estava prendendo o fôlego esse tempo inteiro.

-Mamae, ele disse que quer comer hambúrguer e só vai comer se for isso.-Tom interrompe Bill antes que ele falasse algo que fizesse ela ficar no quarto.

-Eu vou ver o que consigo.-ela sai novamente e Tom olha para o seu irmão.

-Fala agora!-ele o confronta.

-Tommy, não é nada.

-Se não falar eu volto pra casa e não falo mais com você.

-Por mais que eu saiba que você não faria isso. Eu falo, tá?!

-Pois comece agora.

-Eu fiquei com medo de morrer...

-Isso eu também fiquei.

-Nao foi só isso...-Bill pausa e o outro faz um sinal com a mão para ele prosseguir.-Eu fiquei com medo de morrer e ficar sem você. Ficar sem poder falar que o que voce sente é...-ele respira fundo-reciproco.

O ar pareceu faltar para Tom que apenas abriu a boca e não conseguiu falar nada.

Sua mãe entra pela porta e ele simplesmente sai do quarto sem ter o que dizer.

-O que aconteceu?-Tom pôde ouvir sua mãe perguntando antes de sumir pelo corredor.

A vontade de vomitar traz a tona a realidade.

Seus olhos rodam pelo hospital e ele encontra uma sacada e vai para a mesma.

Tudo que sempre quis agora é realidade, mas é estranho.

Enquanto os sentimentos eram só seus parecia ser mais fácil de lidar, mas agora seus sentimentos também pertencem ao outro.

Um nó foi dado em sua cabeça e sua visão fica turva como se estivesse perto de desmaiar, mas não passa de uma sensação.

E agora o que vai fazer?!

***×***

O dia foi cheio de exames infinitos em Bill e não tinham tido tempo a sós... Até agora.

-Entao... Qual é a chance de você estar completamente drogado com remédios pra ter dito aquilo?-Tom indaga, quebrando o silêncio absurdo que estava naquele quarto.

O mais novo sorri fraco e olha para o outro.

-Eu não diria algo tão forte se não fosse verdade, você sabe que não brinco com coisa séria.

-Eu esperei tanto por isso que agora não parece real...

Tom se mexe nervosamente na cadeira enquanto apertava as mãos.

Parecia estar prestes a fazer uma coisa impulsiva e realmente fez...

Rapidamente se jogou sobre ele e deu um selinho.

Foi um selinho bem rápido que fez Bill ficar extremamente vermelho e completamente sem graça, mas com um sorriso fofo no rosto.

Tom se mantinha perto do rosto do seu irmão e agora o olhava nos olhos.

-E...eu. Me desculpe.-o mais velho pede.

Ele teve uma tentativa frustrada de afastar seu rosto pois Bill puxou novamente e deu um beijo mais profundo que o anterior.

Durou alguns segundos apenas pois Tom se afastou antes que alguém entrasse quarto a dentro.

-E...eu vou ali fora... Preciso...-Tom coça a cabeça.

-Voce não pode sair e me deixar sozinho.-Bill ri da situação.

-Tem razão, então eu vou...-ele olha ao seu redor e vê um livro em cima de uma estante.-Eu vou ler sobre...-ele vai até o livro e o pega na mão.-Amamentação.

A risada de Bill ecoa pelo quarto e isso faz o mais velho revirar os olhos e olhar para ele.

-Isso não tem graça.-Tom reclama

-Claro que tem. Você não imagina o quanto.-ele termina de rir mas mantém um sorriso divertido.

Tom apenas sorri, sem fazer a mínima ideia do que vai fazer com a mistura de sentimentos que estão dentro de si.

The color of hellOnde histórias criam vida. Descubra agora