Julie Jones tem 23 anos, é apenas uma garota do interior que se mudou para Nova York, traída pelo seu namorado ela se mantém em um emprego desgastante apenas para cobrir seu sonho.
Sua vida muda de rota quando ela é convidada para ajudar em um desfi...
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Eu estava nervosa, faltava menos de quinze minutos para as apresentações começarem, Stephanie me disse que estaria aqui para me ajudar a apresentar nossos trabalhos e eu esperava ansiosamente por ela.
-Julie, me desculpe a demora -era ela, seus cabelos longos presos em um coque despenteado, vestia um conjunto de moletom escuro e seu braço ainda enfaixado da mesma maneira de semanas atrás -Como você está? Foi difícil fazer tudo sozinha, eu sinto muito por ter me machucado.
Ela metralhava todas aquelas frases rapidamente, apenas acenei com a mão para que se acalmasse.
-Eu estou bem, tive tempo suficiente para trabalhar e descansar -não queria que ela se sentisse culpada, então era melhor dizer que está tudo certo.
-Eu vi suas fotos, você estava tão linda ao lado do Daniel -ela foi para perto do primeiro manequim o vestindo com a roupa que tinha desenhado -Nem o fato daquela outra mulher usar o mesmo vestido tirou seu brilho.
-Você acha? Eu me senti tão inferior perto dela -me aproximei para ajudá-la a colocar a calça no manequim -Eu tava paranóica pensando que ela tinha feito por gosto, mas foi só uma coincidência né? -Stephanie riu alto com a minha pergunta como se tivesse ouvido algum tipo de piada.
-Julie, obviamente foi por gosto, você nunca ouviu sobre outras ocasiões que ela copiou os trajes de algumas famosas? -Stephanie tinha um sorriso maligno nos lábios.
-Pensando bem, você está certa, me lembro de uma vez que ela copiou o look da Daisy Holiday em uma entrevista e outro evento onde ela foi com o mesmo vestido que a Dakota Collins. Amber com certeza fez por gosto, ela queria que eu me sentisse como uma ratinha perto dela.
-Pois é, mas não deu certo, você uma supermodel -ela ajeitou a gola da minha blusa sorrindo gentilmente.
Eu ri daquele elogio, eu nunca poderia me tornar uma supermodel, não tinha perfil e muito menos jeito para isso. Mas estava feliz com Stephanie tentando me animar
-Eu disse, mas ela não quis escutar -Noah entrou pela porta, um sorriso maroto nos lábios e uma pequena caixa de bombons nas mãos -Trouxe para vocês, pra aliviar a tensão.
Com uma piscadela abriu a caixa e ofereceu os bombons para nós, Stephanie esperou que eu pegasse primeiro para depois escolher o seu.
-Eu não sabia que você viria -mordi o bombom com recheio de morango, era da mesma confeitaria onde Daniel e eu comprávamos.
-Queria fazer uma surpresa -Noah deixou a caixa na mesinha e se aproximou de -Porque não respondeu minha mensagem ainda? -seus olhos brilhavam como os de um cachorrinho abandonado.
Eu tinha esquecido completamente disso, peguei meu celular para ver a importante mensagem.
~Bom dia Julie, pode me ajudar com os botões?
Não entendi de princípio e foi necessário que eu carregasse a imagem abaixo para entender.
Era uma foto de Noah vestindo uma camisa branca desabotoada, o que deixava seu abdômen completamente exposto.
Senti minhas bochechas queimarem, o que em sã consciência ele tinha pensado para me mandar essa tipo de coisa?
Soltei uma leve e rápida risada para não parecer vencida e digite: Hmm acho que não, prefiro ajudar o Daniel.
No mesmo instante o celular de Noah fez barulho e ele o pegou em um só gesto. Quando leu a mensagem foi inevitável ver a decepção escancarada e seu rosto.
-É sério? Eu duvido que aquele velho seja melhor que eu -pisou como uma criança mimada, dei um tapinha em seu ombro para o deixar ainda mais irritado.
-É realmente necessário te responder? – automaticamente ele desviou seu corpo de minha mão e sentou-se emburrado na cadeira a minha frente -Porque o chama dessa maneira se são praticamente da mesma idade?
-É, mas eu tô conservado -explicou apontando para si mesmo, balancei a cabeça e voltei minha atenção para o professor que entrava na sala.
-Bom dia pessoal -seus passos eram rápidos para o meio da sala, quando deu por conta que Noah estava ali soltou um sorriso -Senhor Noah, como está? Matando aula mais uma vez?
-É por um bom motivo, vim apoiar uma amiga -seus olhos âmbar se voltando para mim, o professor então balançou a cabeça discordando.
-Não quero saber de namoro na minha sala, chispa daqui – o mais velho balançou os dedos no ar pedindo que Noah fosse embora, ele apenas puxou uma cadeira para perto da mesa do professor.
-Deixa eu ficar, você pode fingir que faço parte da mobília, óh -sentou-se reto na cadeira como se fosse um boneco sorridente, nosso professor apenas assentiu.
-Certo certo, vamos começar as apresentações – virou-se para mim e Stephanie com olhos brilhantes -O que acham de serem as primeiras?
Nós entreolhamos, sabíamos que aquilo não era uma pergunta e sim um “podem começar” então apenas concordamos e iniciamos a apresentação.
-Foi um trabalho difícil porém muito divertido, uma viajem no tempo enquanto procurávamos inspiração para os figurinos -Stephanie iniciou como tínhamos combinado -Eu escolhi os anos 80 pois na minha opinião foi a época mais colorida da moda, tínhamos grandes nomes deixando sua marca como a Madonna e o Michael Jackson. Eu escolhi esse verde neon vibrante para a blusa, acho que combinou muito com o caimento que quis criar para ela e para calça escolhi um tecido legging que reflete a luz dando a impressão de estar brilhando. Temos também polainas em outro tom de verde mais escuro porém neon e esse cinto que faz a calça ficar com uma cintura mais alta.
-Certo, só duas coisas Stephanie, não fale tanto “eu acho” isso nos faz entender que está nervosa e um estilista nunca pode transparecer nervosismo, é uma brecha para que comentários sejam feitos -ele escreveu algo no caderno antes de continuar, provavelmente a nota para o design -E outra coisa, a manga Flare plissada foi muito usada nos anos 70, no movimento hippie e não nos anos oitenta, se você tivesse escolhido uma mais justa ou uma manga bufaste teria ficado muito melhor.
Stephanie ouviu sem parecer se abalar com a opinião dele, apenas concordou com os concelhos e passou a vez para mim.
-Eu fiquei com os anos 90 e 2000 -falei enquanto caminhava para o meio dos manequins -Para os anos noventa escolhi algo simples, uma macacão jeans que vai até dois palmos acima do joelho e uma blusa listrada de várias cores, ela tem as mangas soltas o que dá mais conforto para a peça e de acessórios algo simples com um sinto preto e coturnos escuros.
Fui rápida e direta, minhas roupas não tinham tantos detalhes como o look que Stephanie tinha criado, eram mais simples e confortáveis.
-Eu gostei, acho que escolheu bem e entendeu a lição -o professor anotou mais algo no caderno -Mas você me disse que ficou com dois designs? Que divisão injusta é essa?
-É que a Stephanie teve muito trabalho pra encontrar os tecidos dela e fez muita pesquisa por nós duas então decidi que seria bom eu ficar com dois projetos para não sobrecarrega-la e além do mais, ela sofreu um acidente e não pode costurar então eu...
-Então você ficou com a maior parte do trabalho? -ele me cortou arqueando a sobrancelha, apenas permaneci em silêncio -Bem, sobre o acidente foi algo inevitável mesmo, mas ela deveria ter te ajudado mais na criação, o terceiro look deveria ter sido desenhado pelas duas.
-Mas eu ajudei, Julie se expressou mal – Stephanie rebateu rápido me olhando de lado, concordei sorrindo -Eu a ajudei a desenhar o último, fizemos uma mini saia jeans plissada e escolhemos um tecido de oncinha para o cropped, um tênis casual e pulseiras coloridas como acessórios.
O que Stephanie estava dizendo era uma completa mentira, ela não tinha me ajudado a desenhar nada, a única coisa em que ela me ajudou foi me emprestando seu tênis e algumas pulseiras. Eu deveria abrir a boca, contudo, deixei passar porque, afinal de contas, ela era minha única amiga ali e não teve culpa de se machucar.
-Está certo meninas, eu gostei muito de tudo que fizeram, principalmente você Julie -o professor me lançou um sorriso fino, senti meu coração aquecer orgulhosa de mim mesma – Eu não gosto de falar da vida particular dos meus alunos, mas como você é casada com uma figura pública é quase impossível de não comentar sobre -ele de ajeitou na cadeira, sua fala criando cochichos por toda a sala.
Olhei de relance para meus outros colegas, todos estavam conversando entre si e quando foram pegos por mim pararam no mesmo instante. Eu sabia que estavam me chamando de oportunista, diziam que apenas me casei com Daniel para ficar famosa e que esses casamento não ia durar muito tempo.
Eu tentava não dar bola para esses comentários, sabia que tudo aquilo não passava de inveja e ciúmes, porém é difícil aguentar calada.
- Tenho certeza que seu marido ficará orgulhoso quando você se formar e tenho mais certeza ainda que você vai ser tão grande quanto ele no futuro -meu professor cortou o assunto de todos pelo meio e estendeu a mão para que eu apertasse -Vou me sentir realizado de te ver no topo.
Aquilo acalmou meu coração, eu estava sendo elogiada pelo nosso professor mais severo e estava sendo demais ver a cara dos meus colegas incrédulos do que tinha acontecido.
Endireitei a postura e retribuí o elogio com um sorriso confiante e que passasse certa arrogância, por um momento me senti próxima de Daniel e um pensamento me surgiu:
Então é isso que significa ser superior?
