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Fiz como Julie havia me aconselhado, troquei as cores da minha coleção e o trabalho parecia estar fluindo mesmo que devagar, eu já tinha alguns bons desenhos para chamar de coleção

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Fiz como Julie havia me aconselhado, troquei as cores da minha coleção e o trabalho parecia estar fluindo mesmo que devagar, eu já tinha alguns bons desenhos para chamar de coleção.
Estava dando os últimos retoques em um vestido quando, sem motivo, meus pensamentos foram para o que Samuel havia me dito no dia anterior.
“Sabe, não faz muito tempo que sou advogado, na verdade há doze anos eu era um investigador pericial, aqueles que são os primeiros a chegar na cena da morte, entende?”
Eu apenas concordei mesmo sem entender onde ele queria chegar, ele soltou uma risada marota e continuou.
“Eu trabalhava em Vancouver, mas fui dispensado três dias depois de ter assumido o caso da sua esposa. Você provavelmente não se lembra, mas eu conversei com você antes de vir pros Estados Unidos”
Eu não queria ter que lembrar da morte de Georgia em um momento tão descontraído como a festa da minha filha, contudo, a curiosidade me fez ir a fundo e por isso respondi que não lembrava da conversa.
“Pois é, mas eu me lembro de tudo perfeitamente, me lembro que você estava bem alterado, como se estivesse em outra dimensão. Bem senhor Daniel, eu fui afastado logo após ter encontrado um frasco de calmante no quarto da sua esposa, eu fiz um exame e acabou que encontramos uma grande quantidade de Fenobarbital na amostra de sangue que coletamos.”
Ele parecia falar sério, ele não teria me chamado para um local longe dos convidados se não fosse para contar algo importante e por isso dei ouvidos a Samuel.
“Mas quando Amber ligou para mim no dia que tudo aconteceu, ela me disse que Georgia tinha pulado da varanda do quarto, eu me lembro que a perícia confirmou tudo na noite seguinte.”
“Sim, confirmaram isso logo depois de eu receber uma carta de afastamento, mas o fato é que os exames confirmaram que a senhora Carter tinha tomado uma grande quantidade de sedativo. A única coisa que não encaixa é que ela não se jogaria da janela sabendo que o remédio faria efeito minutos depois”
“Você quer insinuar que a minha mulher foi assassinada?” me lembro que respondi como um robô, eu já não estava conseguindo processar muito bem as informações naquele momento, um lado meu estava acreditando naquilo e o outro apenas queria chamar a polícia e o retirar dali.
“Eu não posso confirmar nada, mas de uma coisa eu tenho certeza, sua cunhada está envolvida na morte de Georgia porque encontrei o mesmo frasco nos aposentos dela”
Aquela foi sua última frase antes de se afastar de mim e voltar para perto da esposa, enquanto ele sorria para ela eu permanecia imerso em suas palavras, observando cada passo de Amber e pensando no que eu faria.
Despertei de meu transe dentro do escritório, eu tinha ido tão longe nos meus pensamentos que estraguei um de meus croquis com rabiscos aleatórios. Amassei a folha e procurei pelo número de Amber, cliquei apenas uma vez e a chamada logo foi iniciada.
-Alô Daniel, está tudo bem? - sua voz soava cantante como sempre.
-Está sim, eu só gostaria de te encontrar hoje, será que você pode passar aqui mais tarde? -perguntei como se eu não tivesse algum objetivo por trás, como se fosse apenas uma conversa casual.
-Eu estou em um ensaio agora, mas daqui há uns quarenta minutos consigo te ver -ela parecia animada, até uma risadinha foi ouvida.
-Ótimo Amber, até daqui a pouco.
Desliguei o celular sem esperar que ela me desse tchau, eu estava apreensivo, não queria acreditar em um estranho, mas também não podia deixar essa hipótese me torturar calado até que eu enlouquecesse.
Eu descobriria a verdade e começaria por hoje.
Quase uma hora de passou, eu estava terminando de revisar algumas coisas sobre o concurso que faríamos daqui há duas semanas quando Amber finalmente entrou com um sorriso radiante nos lábios.
-Bom dia Daniel, o que está te deixando tão apreensivo hoje? -perguntou sentando-se na cadeira à minha frente como se estivesse em casa.
-Nada demais Amber, só estava recordando um pouco do passado -respondi afastando uma mecha dos meus cabelos, eu não queria rodeios -Estive pensando no dia em que a Georgia morreu, você passou o dia com ela não foi?
Amber endireitou a postura enquanto parecia procurar algo na bolsa.
-Sim, eu passei a última semana com ela -respondeu depois de muito pensar, ela parecia calma e ponderada -Mas porque disso de repente?
-Bobagens, só veio até o meu ouvido o resultado de um exame pericial que nunca se quer foi comentado no passado -soltei uma pequena risada no final como se estivesse comentando sobre algo trivial, ela me olhou de relance e continuou a tirar algumas pastas da bolsa.
-É mesmo? E sobre o que era exatamente? -indagou relaxada, entrei em seu teatro e continuei meu trabalho.
-Me disseram que fizeram um exame de sangue e que o resultado tinha mostrado que a Georgia estava dopada na hora que morreu -peguei algumas das fotos que ela trouxe e fingi analisa-las -Imagina só, como a Georgia pularia da varanda se ela estava dopada? -soltei mais uma leve risada e me levantei.
-Pois é, eu nem sabia que ela tomava esse tipo de coisa -Amber continuou se virando para mim -Mas sei lá, talvez ela tenha misturado o remédio com bebida e teve alguma alucinação, dizem que essa droga é bem pesada -ela tinha mordido a língua ao falar mais do que devia.
-Mas como você sabe o que ela usou se eu nem comentei? -fiquei de frente para ela, seu corpo magro recostado na cadeira enquanto o meu a aprisionava ali -Está escondendo algo Amber? -indaguei inclinando meu corpo ainda mais, fiz questão de mostrar todos os dentes para lhe causar arrepios.
-Claro que não Daniel, isso é loucura sua! -gritou me dando um empurrão que não adiantou para nada -Daniel, eu só estou levantando uma hipótese de que talvez ela tenha usado algo forte entendeu? Se eu soubesse que a Georgia tinha algo daquele tipo eu tinha impedido a morte dela.
Pendi meus braços e saí de cima dela, eu estava indo rápido demais, precisava tirar dúvida por dúvida.
-Amber, eu vou te perguntar algo e espero que responda sinceramente, você tem certeza que não sabia?
Ela me olhou por um momento, levantou-se e juntou algumas coisas da mesa devagar, arrumou o casaco preto que usava e deu um leve tapinha em meu ombro.
-Daniel, eu vou sair por aquela porta e eu espero que quando eu voltar aqui você não me venha com essas paranoias – soltou um leve suspiro antes de virar as costas para mim -Georgia era sua esposa, mas antes disso era minha irmã e o amor de irmão é algo puro e inocente, se estou falando que não sabia disso é porque eu de fato não sabia.

~Ai aí, tem coisa aí.
O que estão achando da história? Espero que estejam gostando muito.
Próxima atualização: sábado
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Julie e DanielOnde histórias criam vida. Descubra agora