Meu riso ficou preso na garganta quando vi quem me aguardava do outro lado da rua. A piada contada por Liam, agora esquecida, pendia no ar, apenas pela presença dele.
O que ele estava fazendo ali?
Caminhei decidida até ele e nem ao menos avisei a Liam onde iria.
- O que está fazendo aqui, Louis? - perguntei irritada ao parar a sua frente e ele tirou os óculos de sol para me analisar.
- Vim conversar com você, meu amor - ele disse com um sorriso afetado e revirei os olhos.
- Não me chame assim, não temos mais nada! - declarei irritada e ele pegou minha mão.
- Não fala assim, (S/A) - ele pediu e bufei.
Louis era meu ex-namorado e eu pretendia que continuasse assim, afinal quem quer estar ao lado de uma pessoa insana e ciumenta que não te deixa nem respirar?
- O que você quer? - perguntei novamente e ele sorriu de lado.
- Só conversar - ele respondeu por fim.
- Já conversamos.
- Por favor, princesa - ele pediu acariciando minha mão e me esquivei de seu toque.
Se eu não aceitasse ele me perseguiria até conseguir o que pretendia.
- Tudo bem.
- Ótimo - ele respondeu animado e abriu a porta do passageiro - Vamos dar uma volta.
O olhei de olhos cerrados, mas apenas adentrei o carro luxuoso do mesmo.
Esperei alguns segundos e quando finalmente Louis entrou no carro e senti o clima pesado que pairava sobre nós, vi como aquilo parecia errado. Era uma má ideia.
Ele ligou o carro e o ronco baixo do motor me assustou quando o mesmo pisou fundo. Olhei pelo espelho retrovisor e vi o prédio da minha escola ficando para trás enquanto Liam diminuía ao fundo. Eu devia te-lo avisado.
- Pra onde vamos? - perguntei mantendo minha voz normal e ele me olhou de relance antes de responder com aquele mesmo sorriso afetado.
- É uma surpresa.
Senti meu corpo se arrepiando pela resposta, mas tentei afastar o medo irracional que gelava meus ossos. Afinal ele não faria nada de mal comigo, faria? Ele era aquele que ainda dizia me amar, então nada de ruim poderia acontecer, certo? Certo.
Ficamos em silencio depois daquilo e percebi que conforme os minutos passavam nós nos afastávamos mais e mais da cidade, então resolvi mandar uma mensagem para Liam.
Peguei meu celular com as mãos tremulas e vi que estava sem sinal.
- Algum problema? - Louis perguntou de repente e me sobressaltei.
- Nenhum - respondi rápido e guardei meu celular.
Ele me lançou um olhar desconfiado e depois simplesmente ligou o rádio e começou a cantar auto junto com a música que preenchia o ambiente.
- Eu adoro essa música - ele gritou e lhe lancei um sorriso fraco.
Tudo bem, eu estava começando a sentir medo.
Olhei em volta e me surpreendi quando ele acelerou em direção a uma estrada de terra que ficava ao lado da pista principal.
- Onde estamos indo? - perguntei mais uma vez.
- Você já vai ver - ele respondeu.
- Pensei que só fossemos conversar - declarei percebendo o quão vulnerável minha voz se mostrava e engoli em seco.
- E vamos - ele respondeu - Mas vai ser uma conversa bem longa - ele declarou e em seguida continuou a cantar de forma exagerada.
A cada minuto que se passava entravamos mais pelo desconhecido e quando ele finalmente estacionou próximo a uma cabana de madeira e desceu decidido do carro senti que minhas pernas tremiam.
Peguei novamente meu celular e digitei uma mensagem rápida para Liam. Mesmo que não houvesse sinal em algum momento eu tinha esperança de que aquela mensagem fosse entregue.
- Vem - Louis disse ao abrir a porta de forma brusca para me puxar pelo braço.
- Eu sei andar! - declarei nervosa e ele riu.
- Tudo bem.
Sua mão deixou meu braço e passou para minha cintura onde ele a manteve para me conduzir.
- Isso vai ser ótimo - ele sussurrou e fingi não ouvir.
Caminhei até a entrada da cabana e ele somente parou de me tocar quando precisou usar as mãos para abrir a porta, que parecia ter mil fechos.
Acho que naquele momento minha ficha caiu, afinal porque eu estava ali? Por que eu entraria naquela cabana sinistra?
- Entra - ele pediu quando viu que eu não o faria.
Minhas pernas tremiam e meu corpo suava de nervoso.
- Quero ir embora - gaguejei e ele sorriu.
- Ainda não.
- Quero ir agora - falei mais firme dessa vez e ele gargalhou.
- E eu disse que ainda não!
O medo que eu sentia antes nem se comparava ao que me dominava agora. Eu estava ferrada!
- Então vamos conversar aqui fora - pedi e ele colocou a mão no queixo para pensar, ou apenas para fingir.
- Acho que não - ele declarou após uma longa pausa e recuei um passo.
- Vou embora - disse lhe dando as costas enquanto abraçava meu corpo e o senti me seguindo.
Meu coração batia a mil dentro do peito e a adrenalina corria por minhas veias.
Comecei a correr. Corri o mais rápido que pude em direção a estrada de terra pela qual havíamos vindo e o ouvi rindo.
- Você nunca vai escapar, (S/N)!
Me virei para fita-lo e me arrependi logo em seguida. Ele me alcançou e devido a proximidade nossos corpos se chocaram e caímos no chão.
- Que fuga patética - ele disse enquanto prendia meus braços acima da minha cabeça, já que estava por cima e me debati.
- Me solta - gritei em pânico e ele riu - Me deixe ir - pedi e ele comprimiu os lábios.
- Não vou te deixar ir, (S/A). Já fui idiota um vez, mas não vou ser de novo - ele disse pressionando seu quadril contra o meu e se remexendo para me se segurar apenas com uma mão - Se não for por bem vai ser por mal - ele continuou agora com o rosto praticamente colado ao meu, de forma que seu hálito quente batia contra minha boca - Mas você vai ser minha.
Senti uma picada no pescoço e olhei para o lado a tempo de vê-lo descartando uma seringa.
Onde diabos ele havia conseguido aquilo?
Meu grito de desespero se perdeu enquanto sentia meu corpo relaxando contra o chão sujo e rígido e a ultima coisa que ouvi antes de ser envolvida pela escuridão foi a voz psicótica de Louis bem próxima ao meu ouvido
- Minha...
Continua...